sexta-feira, 30 de março de 2012

TRÁFICO NA FRONTEIRA ERA COMANDADO POR FAMÍLIAS


Operação Navalha. Tráfico em São Borja era comandado por famílias. Polícia Civil gaúcha capturou 77 suspeitos, de 95 procurados -José Luís Costa, zero hora online, 30/03/2012 | 13h45


A maior operação da história da Polícia Civil gaúcha, desencadeada nesta madrugada na Fronteira Oeste, nocauteou o crime que mais atormentava São Borja e mandou para prisão dezenas de famílias que fizeram do tráfico de drogas o modo de vida.

Espalhadas pela cidade de 61,6 mil habitantes, as 124 bocas de fumo identificadas pela polícia eram administradas por gente de diferentes padrões sociais, em sua maioria de classe média e moradores de vilas pobres.

— Desde o pai, a mãe, os filhos, até crianças estavam envolvidas com a venda de drogas — afirma o delegado Gerri Adriani Mendes, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de São Borja, coordenador da Operação Navalha, que envolveu mais de 600 agentes e delegados.

As famílias estariam divididas em 13 grupos e seriam responsáveis por venda de drogas para São Borja e cidades vizinhas. Até o meio-dia, a soma de capturas chegava a 77 de um total de 95 pessoas procuradas a partir de mandados de prisões temporárias com validade de 30 dias, possíveis de renovação pelo mesmo período, por se tratar de crime hediondo.

Os nomes dos presos são mantidos em sigilo pela polícia sob alegação de que a investigação prossegue. Entre os pontos de venda de crack, cocaína e maconha fechados pela polícia está uma revenda de carros usados. O dono foi preso e a loja lacrada com cerca de 15 veículos apreendidos em seu interior. Advogados são investigados e pelo menos um deles teve a casa revistada por ordem da Justiça.

O delegado Mendes evitou revelar detalhes da investigação e da quantidade de drogas aprendida durante os dois anos de investigação. Vinda do Paraguai, a droga entrava na cidade por meio de barcos que atravessavam o Rio Uruguai, que separa o Brasil da Argentina.

A ofensiva policial foi batizada de Operação Navalha porque entre os traficantes haviam apelidos como Barba, Barbicha e Bigode.

— Também escolhemos esse nome porque foi um corte no tráfico na cidade — explicou o delegado.

O chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Junior, presente na operação, enfatizou que a operação foi um sucesso e que "pessoas nas ruas aplaudiram os policiais".

Empresário está entre os presos de operação na Fronteira, afirma chefe da Polícia Civil gaúcha. Com a investigação, a polícia chegou a 13 quadrilhas ligadas ao tráfico internacional de drogas na região - 30/03/2012 | 10h36


Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta manhã, o delegado Ranolfo Vieira Júnior, chefe da Polícia Civil do Estado, afirmou que pelo menos um empresário de São Borja teria sido preso durante a Operação Navalha.

A informação inicial era de que um advogado estaria entre os presos, mas a polícia retifica que ele está entre os identificados.

A investigação que deflagrou na cidade da Fronteira a maior operação da Polícia Civil gaúcha começou há dois anos. Com o trabalho, a polícia chegou a 13 quadrilhas ligadas ao tráfico internacional de drogas na região da Fronteira Oeste. Os líderes destas facções criminosas também teriam sido presos nesta manhã.

De acordo com Vieira Júnior, os entorpecentes vinham da Argentina.

— É um marco histórico em termos de Polícia Civil no Rio Grande do Sul — disse o delegado.

Até as 8h20min, 77 suspeitos haviam sido presos nas zonas urbana e rural da cidade sem o registro de incidentes. Para o chefe da Polícia Civil Gaúcha, a Operação Navalha aponta o cumprimento da diretriz proposta pelo governo:

— Estamos deixando de atuar no varejo da droga para atuar no atacado e desmantelar estas inúmeras organizações criminosas. O tráfico movimenta todo o crime e, em Porto Alegre e Região Metropolitana, é o grande motivador dos crimes de homicídios.

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