quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NARCOTRÁFICO - DESMANTELADA UMA DAS PRINCIPAIS QUADRILHAS QUE AGIRA NO BRASIL

PF diz ter desmantelado uma das principais quadrilhas de narcotraficantes que agia no país - o globo, 27/10/2011 às 16h27m; Leonardo Guandeline.

SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) diz ter desmantelado nesta quinta-feira uma das principais quadrilhas de tráfico de drogas internacionais que agia no país. O grupo era chefiado por dois narcotraficantes de São Paulo. Além deles, 34 pessoas, entre elas um estrangeiro, foram presas nesta quinta-feira em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Pará e Rondônia.

Batizada "Semilla", uma referência à semente em espanhol, como era chamada a cocaína pelos integrantes do grupo, a operação da PF cumpriu, ainda 59 mandados de busca e apreensão em várias cidades do país. Entre o material apreendido estão 15 veículos de luxo, a maioria de propriedade dos dois chefes do bando, uma aeronave e R$ 80 mil, além de armas.

As investigações sobre o bando tiveram início em julho do ano passado. Desde então foram apreendidos 4.327 kg de cocaína e 5.210 kg de maconha, além de uma aeronave e 48 veículos usados no transporte da droga. Até esta quinta-feira, 70 pessoas acusadas de integrar o bando haviam sido presas, entre elas um italiano acusado de ligação com a Sacra Corona Unita, organização criminosa que atua na região de Puglia, no Sul italiano.

De acordo com o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, um dos coordenadores da operação e chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF em São Paulo, o grupo - tido como um dos principais atuantes no Brasil - perdeu força desde o início das investigações e das apreensões.

- Posso garantir que muito pouca coisa passou. Começamos com apreensões de 673 kg de cocaína. Ao fim apreendemos carregamentos de 30 kg. A quadrilha já não tinha o mesmo potencial - garante o delegado, acrescentando:

- Podemos dizer que o bando era um dos principais em relação ao narcotráfico que agia no país.

Segundo a PF, faziam parte do bando bolivianos, colombianos, brasileiros, paraguaios, africanos e europeus. Eles traziam cocaína da Bolívia por via aérea e terrestre e maconha do Paraguai. Do Brasil, a cocaína era enviada para a Europa e África via mulas ou de navio. Parte da droga, no entanto, era distribuída no país, a exemplo de toda a maconha paraguaia.

Dos 54 mandados de prisão expedidos pela 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo, 36 foram cumpridos. Sete dos acusados são considerados foragidos e 11 foram encaminhados para a Interpol, para integrar a difusão vermelha, por se tratar de traficantes que estão fora do país.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

MONITORAMENTO DE CRIMINOSOS REFUGIADOS NO PARAGUAI

Polícia monitora pelo menos 30 criminosos refugiados no Paraguai - MS TV 2 EDIÇÃO CAMPO GRANDE, REDE GLOBO, Segunda-feira, 24/10/2011

A polícia monitora a rotina de pelo menos 30 criminosos brasileiros que teriam se refugiado no Paraguai. A prisão do traficante 'Polegar', revela que os foragidos, encontram no país vizinho, "tranquilidade" para continuar atuando no crime organizado.

CONTRABANDO - 300 CARRETAS COM CIGARROS

Polícia já apreendeu este ano mais de 300 carretas com contrabando de cigarros em MS - BOM DIA MS, REDE GLOBO, Terça-feira, 25/10/2011

Mais de 300 carretas com cigarro contrabandeado já foram apreendidas esse ano nas estradas que passam por Mato Grosso do Sul, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

sábado, 22 de outubro de 2011

TRÁFICO DE PESSOAS



Dados do Ministério Público e da Polícia Federal revelam que o número de brasileiros levados para o Exterior por traficantes já soma 70 mil. ISTOÉ mostra como funciona e quais são as principais rotas do esquema. Izabelle Torres e Flávio Costa - REVISTA ISTO É, N° Edição: 2189, 22.Out.11 - 23:36

Em Brasília, um bar que é ponto de prostituição serve de hotel para meninas à espera de passaportes e documentos para embarcar para o Exterior. O local é conhecido como “Toca das Gatas”. Duas viaturas policiais circulam fazendo a ronda, mas nenhum policial desce do carro. A única abordagem feita na noite em que a reportagem de ISTOÉ visitou o local teve como alvo justamente a equipe de reportagem, considerada intrusa pelos cafetões. Uma das garotas apresentou-se como “Cintia” e confirmou que estava aguardando a chegada de documentos a fim de embarcar para a Europa. Seu destino é Portugal. Mas, para pagar a viagem – documentos, passagens e hospedagens – , ela e outras meninas devem trabalhar pelo menos seis meses como prostitutas e repassar aos “chefes” 60% do que receberem. O esquema que aliciou “Cintia” no interior de Goiás se dissemina por diversos pontos do País e é mais amplo. De acordo com o Ministério Público, conta até com a participação de policiais e servidores. “Isso ocorre por dinheiro ou pela troca de favores com os bandidos. Muitas vezes, o pagamento pela facilitação vem em forma de favores sexuais”, diz a PhD em pesquisa de criminologia, a promotora do MP do Distrito Federal, Andrea Sacco.

Não é novidade que, atraídos pelo discurso do dinheiro fácil, pessoas sejam tiradas das periferias do Brasil e levadas para a Europa e os EUA e lá sejam submetidas à prostituição, trabalho escravo ou até mesmo transformadas em fornecedoras de órgãos para transplantes. Nos últimos meses, porém, o Brasil por meio de instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal começou a reagir de forma a tentar desbaratar essas quadrilhas. O primeiro passo para isso foi um amplo levantamento sobre a forma de atuar desses traficantes e as rotas que eles estabelecem. Hoje, sabe-se que as ações dos criminosos estão concentradas em pelo menos 520 municípios brasileiros. Nessas cidades, pessoas são aliciadas e ficam em hotéis, pequenos abrigos ou pontos de prostituição, como ilustra o caso de Brasília, até receber seus passaportes, não raro, falsos, e ser mandadas para sete Estados que servem de escala para o Exterior. São eles os seguintes Estados: Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo. Segundo o MP, além de Portugal, os destinos mais frequentes são Espanha, Itália e Venezuela. No total, o número de pessoas levadas para o Exterior por traficantes já soma 70 mil. De acordo com a PF, as quadrilhas que comandam o tráfico de pessoas só perdem em lucratividade para as de tráfico de drogas e de armas. A ONU estima que a máfia de pessoas movimenta por ano mais de US$ 30 bilhões. Cerca de 10% desse dinheiro passa pelo Brasil. A principal dificuldade do poder público para enfrentar essas quadrilhas é a falta de um órgão dedicado exclusivamente ao tema. Outro problema, até mais grave, é o alto grau de corrupção que envolve essa modalidade de crime. “O tráfico é diretamente dependente da corrupção. No caso do Brasil, esbarramos também na falta de informações oficiais. Um país sem controle e sem números sobre um crime é um país sem ordem”, diz Sacco.

O bailarino e empresário cultural, Paulo Franco, de 28 anos, foi uma das vítimas do tráfico para trabalho escravo. Depois de ser contratado pela empresa de entretenimento turca Sunu Sahne para apresentações de ritmos brasileiros em hotéis da costa asiática da Turquia, ele e o grupo do qual fazia parte foram alojados num hotel em péssimas condições. O pagamento antecipado não foi feito, e os vistos de trabalho prometidos não chegaram. Apesar disso, os shows foram realizados durante 40 dias. Investigações preliminares da diplomacia brasileira constataram que o grupo caiu numa rede de tráfico de pessoas. “Quando conseguimos voltar, tivemos uma recepção fria por parte da PF. A delegada que pegou meu depoimento tratou-me como se eu fosse autor do crime do qual fui vítima”, lamenta Franco.

As dificuldades de brasileiros que caíram nas mãos da máfia do tráfico de seres humanos estão sendo relatadas em pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o Ministério da Saúde. O pesquisador Mário Ângelo da Silva percorreu alguns dos países europeus considerados os principais destinos de brasileiros vítimas do tráfico para fins de exploração sexual. Em Portugal, para onde são dirigidas quase a metade das pessoas aliciadas, o pesquisador encontrou um quadro alarmante de isolamento e doenças. “Essas pessoas vão de forma clandestina e vivem em condições degradantes. A maior parte está com tuberculose por conta do confinamento em quartos”, constata. No documento que vai encaminhar ao Ministério da Saúde, a equipe do professor Ângelo reproduz depoimentos de algumas mulheres que vivem no Exterior. “Elas contaram que apanham frequentemente e que são obrigadas a consumir drogas”, afirma Ângelo. Vítima do esquema, Rosenilda Barbosa Alves conta que teve duas filhas traficadas para ser adotadas ilegalmente em Portugal. “Há seis anos, travo uma batalha na Justiça para reaver a guarda delas”, afirma.

Jovens de baixa escolaridade, a maioria entre 16 e 25 anos, viajam por vontade própria atraídas pela promessa de trabalhar, receber em euro e regressar quando quiser. “Fui incentivada por uma amiga. Muita gente diz que não faz programa e que pode trabalhar de vendedora em shoppings. Mas não é assim. Tem casos de colegas obrigadas a ficar nas casas que eles indicam e que são submetidas até a agressões físicas”, conta “Amanda”, uma garota que conseguiu comprar dos traficantes a viagem de volta para Roraima. Na mesma cidade, a equipe de pesquisadores encontrou “Sueli”, à espera de documentos a fim de seguir viagem para a Europa. “Espero que eu seja uma das que vai ter sucesso lá e que eu consiga juntar dinheiro para dar uma vida melhor para meus filhos”, planeja ela, no depoimento gravado pelos pesquisadores.

O sonho de ganhar dinheiro, a vergonha das meninas que precisam se prostituir e o medo dos chefes das quadrilhas são os principais obstáculos à formulação de estatísticas oficiais. Quem vai perde o contato com as famílias. Quando conseguem voltar, não querem denunciar por vergonha e também por medo de sofrer represálias dos integrantes do esquema no Brasil. O caso mais lembrado pelas vítimas é o de Letícia Peres, assassinada a tiros em Brasília depois de contar para a polícia detalhes do esquema de tráfico de pessoas na Espanha. “A ausência dos registros é normal. Elas temem aparecer como vítima ou como prostituta. Por isso, preferem o silêncio. Diante disso, o poder público, que já enfrenta inúmeras dificuldades, tem mais um obstáculo”, diz Ângelo. “O problema é que sem cooperação entre as autoridades policiais e o Executivo dos países da América do Sul é impossível desarticular essas quadrilhas de traficantes”, completa Bo Mathiessen, diretor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) para Brasil e Cone Sul.

No Congresso, uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado tenta dar um norte para as políticas de combate ao tráfico de pessoas. A tarefa é difícil. Até agora, as audiências e as investigações dos senadores se limitaram a concluir que existem esquemas milionários com tentáculos no Brasil, que a legislação nacional contribui para o aumento dos casos e que há falhas graves dos agentes públicos. “As investigações mostraram que São Paulo, o maior centro financeiro do País, ostenta o indigno título de maior polo receptor de tráfico para exploração sexual do País, principalmente quando se trata de vítimas homossexuais ou transexuais. Entretanto, apenas dez inquéritos foram abertos no Estado no ano passado”, ressalta a presidente da CPI, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Na verdade, o baixo número de inquéritos em São Paulo para investigar as quadrilhas é uma realidade espalhada por todos os Estados. Em Roraima, por exemplo, uma das principais rotas, apenas 27 investigações foram concluídas nos últimos dez anos. No início do mês, o Ministério Público pediu a prisão de três integrantes de um esquema de aliciamento que agia naquela região. O temor dos promotores é de que os bandidos fujam antes de ser presos. As dificuldades do País em colocar atrás das grades os traficantes de seres humanos são conhecidas no âmbito internacional. Em junho de 2010, um relatório divulgado pelo Departamento de Estado americano afirmou que o governo brasileiro ainda não cumpre totalmente os padrões mínimos para enfrentar o problema.

Contrário às críticas, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, discorda da avaliação de que nada foi feito pelas autoridades federais. Segundo ele, entre 2007 e 2010, o Ministério da Justiça repassou R$ 3,275 milhões para a criação ou instalação de 13 núcleos de enfrentamento ao tráfico nos seguintes Estados: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. “O primeiro plano teve foco no acolhimento das vítimas e na estruturação de uma rede mínima de enfrentamento. No segundo plano, nós vamos ampliar a rede existente. Todas as cidades-sedes da Copa do Mundo deverão ter núcleos e postos voltados para o combate ao tráfico de pessoas”, adianta Abrão. O problema é que, entre as boas intenções e o efetivo combate ao crime, ainda há um longo caminho a percorrer.

FORNECEDOR DE DROGAS DOMINA 70% DO PLANTIO DE MACONHA NO PARAGUAI

CONEXÃO. Fornecedor de maconha do Complexo do Alemão domina 70% do plantio da droga no Paraguai - O GLOBO, 06/12/2010 às 00h24m; Sérgio Ramalho - Enviado especial

CIUDAD DEL ESTE, Paraguai - Comparada a uma partida de xadrez, a ocupação dos complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro deixou em xeque a maior facção criminosa do Rio. Porém, o movimento que pode levar a um xeque-mate depende do governo federal e deve ser feito a 1.614 quilômetros do estado, na fronteira com o Paraguai. No país vizinho, um consórcio de traficantes cariocas e paulistas domina 70% das áreas de plantio de maconha em Capitán Bado e Pedro Juan Caballero, cidades na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Um negócio milionário que tem à frente o traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói.

O domínio das áreas de plantio garante lucros astronômicos às duas facções criminosas. Para se ter uma ideia das cifras, um quilo da droga no Paraguai é comprado por valores que variam de R$ 15 a R$ 30. Vale lembrar que R$ 1 equivale a 2.700 guaranis, a moeda paraguaia. No Rio, o quilo da droga varia entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, garantindo uma margem de lucro superior a 3.000%. A promotora Jiskia Trentin, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Mato Grosso do Sul, estima em US$ 20 milhões (R$ 34 milhões) as cifras movimentadas mensalmente pelo tráfico de maconha na fronteira.

As áreas de plantio da droga no país ocupam seis mil hectares, aproximadamente 64,8 mil metros quadrados ou seis mil campos de futebol. O número consta do relatório mundial sobre drogas 2010 da ONU e foi estimado em 2008 pela Secretaría Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai. Juntas, as facções carioca e paulista dominam as regiões, onde estão concentrados 4,2 mil hectares - 48,6 mil metros quadrados - de terras usadas no cultivo da Cannabis sativa. A cidade paraguaia de Capitán Bado figura como o principal reduto do bando.

O domínio da região por traficantes brasileiros começou em 2001, após os assassinatos de Ramón e Mauro, filhos de João Morel, então considerado o rei da maconha. Investigações da Senad e de promotores da Fiscalía de Amambay - estado onde estão localizadas as cidades de Pedro Juan Caballero e Capitán Bado - apontam Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, como mandante dos crimes. A partir das execuções dos chefes da família Morel, a facção de Beira-Mar ampliou o domínio territorial de Capitán Bado a Pedro Juan Caballero. Investigações conjuntas da Polícia Federal e da Senad indicam que com a prisão de Beira-Mar, hoje na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), Marcelinho Niterói passou a comandar os "negócios" da quadrilha na fronteira.

Aliado antigo de Beira-Mar, que o trata como "filho louro", Marcelinho Niterói é de uma família de classe média de Icaraí. Além do plantio, ele também coordena as rotas de transporte da droga para abastecer os pontos de venda da facção no Rio.

Dados da PF mostram que 80% da maconha apreendida do Rio têm como procedência o Paraguai. Os demais 20% saem de plantações na Bolívia, país que apresentou aumento nas áreas de cultivo da droga, segundo relatório da ONU.

10 BANDIDOS DO RIO ESTARIAM NO PARAGUAI

Entre eles, traficantes do Alemão e da Penha. O GLOBO, 21/10/2011 às 23h52m; Antônio Werneck e Sérgio Ramalho.

RIO - Procurados desde que militares tomaram os complexos do Alemão e da Penha, no ano passado, os traficantes Fabiano Atanásio da Silva, o FB, e Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, podem estar escondidos no Paraguai, informaram policiais federais do Rio. A exemplo de Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que chegou na sexta-feira ao Rio depois de ser preso em Pedro Juan Caballero, no Paraguai , investigações da PF e das autoridades daquele país indicam que pelo menos dez bandidos do Rio estão escondidos em cidades paraguaias que fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul.

Polegar, 37 anos, preso na última terça-feira , desembarcou na tarde de sexta-feira na pista de pouso do 3º Comando Militar Aéreo (Comar), no Aeroporto Santos Dumont, sob um forte aparato de segurança da Polícia Federal. Usando colete à prova de balas, ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde se submeteu a exame de corpo de delito, e, em seguida, foi encaminhado à sede da PF, na Praça Mauá. Depois de ser identificado e fotografado, ele seguiu para o presídio de segurança máxima Bangu 1.

A permanência do bandido na unidade deve ser curta. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, solicitou à justiça que Polegar seja levado a uma penitenciária federal fora do estado. A assessoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) informou que aguarda decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio para definir o destino do traficante, que deve ser levado à penitenciária de Porto Velho, em Rondônia. Durante visita, ontem, à instalação da futura sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Mangueira, Beltrame reiterou esperar que a justiça decida o mais rápido possível sobre o pedido de transferência do bandido, que chefiava a venda de drogas na Favela da Mangueira.

- Esperamos a decisão para o mais rápido possível. Ainda não sabemos qual o presídio, mas o que temos certeza é que queremos Polegar bem longe do Rio. Gostaria que fosse transferido hoje mesmo, mas é o Judiciário que decide - afirmou o secretário.

Polegar passa mal na viagem e é medicado

Muito tenso e reclamando de muitas dores na barriga durante o voo para o Rio, o traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, teve que ser medicado pelos policiais federais que faziam sua escolta. Nervoso, pediu água e tomou cloridrato de ranitidina, medicamento receitado a pacientes com crises de gastrite ou úlcera. Polegar começou a passar mal quando chegou em Ponta-Porã, cidade do Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai.

- É o primeiro contato dele, Polegar, com a Polícia Federal. É natural o nervosismo.

Ele sabe que o nosso trabalho é sério. Isso pode ter agravado os sintomas da sua doença, a gastrite. Compramos remédios, e ele melhorou - disse o delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF.

Traficante estava usando relógio de R$ 4 mil

O delegado Victor Poubel, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Dcor), disse que a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar as atividades de Polegar no Paraguai.

- A partir de agora vamos fazer uma ampla investigação, abrindo inquérito, para sabermos o que ele fazia no Paraguai - disse Poubel.

No dia de sua prisão, Polegar, segundo Poubel, comprava um carro de luxo de R$ 150 mil com dinheiro vivo. No Paraguai, vivia numa casa grande, de classe média alta, com piscina.

- Ele tinha um padrão muito superior aos vizinhos - contou Poubel.

O delegado Fábio lembrou que a viagem até o Rio durou cerca de 4h30m e que Polegar falou muito pouco. Numa dessas raras vezes, informou que estava no Paraguai desde sua fuga, em 2009, quando saiu para trabalhar e não voltou para a cadeia. O delegado, entretanto, não deixou de reparar num único bem material que o traficante carregava: um relógio Mido, cujo valor de alguns modelos pode ultrapassar R$ 4 mil.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PROTESTO DA PF NAS FRONTEIRAS POR MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

PROTESTO NAS FRONTEIRAS - Policiais federais fazem manifestações - ZERO HORA 21/10/2011

Policiais federais que atuam em áreas de fronteiras realizaram manifestações, ontem, por melhores condições de trabalho.

Em Uruguaiana, serviços como emissão de passaporte, registro de arma, controle e vistoria de produtos deixaram de ser feitos.

Em Santo Ângelo, a paralisação durou duas horas, das 10h ao meio-dia e, nas aduanas de Porto Xavier e Porto Mauá, foi realizada operação padrão pela manhã.

No Chuí, oito policiais da base no município e de Santa Vitória do Palmar pararam entre as 10h e o meio-dia.

Também houve manifestações em Jaguarão, onde os policiais montaram barreira na cabeceira da Ponte Mauá.

Em Bagé, faixas foram colocadas em frente ao prédio da Polícia Federal.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Nada que este blog não tenha apontado nas matérias publicadas sobre a insegurança e inoperância policial nas fronteiras do Brasil. O sentimento dos policiais federais é o mesmo que motiva o criador deste blog.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

DROGAS ALÉM DA FRONTEIRA

Presença de traficantes brasileiros em países vizinhos gera conflitos com grupos locais - O GLOBO, 20/10/2011 às 09h58m; Sergio Ramalho

RIO - As duas principais facções criminosas que atuam no eixo Rio-São Paulo estenderam suas atividades às áreas de plantio de maconha, no Paraguai, e de folhas de coca, na Bolívia e no Peru. Na terça-feira, um dos traficantes mais procurados do Rio, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, foi preso no Paraguai . Mas a movimentação dos criminosos cariocas e paulistas nesses países vem gerando conflitos com grupos locais. No fim de março deste ano, a disputa territorial resultou em três assassinatos de brasileiros ligados ao tráfico nas cidades paraguaias de Capitán Bado e Ciudad del Este, onde o corpo de Luiz Claudio da Rocha Mero, o Berola, foi encontrado dentro de um carro. Um dos chefes da facção carioca, ele teve a identificação confirmada na ocasião pelo Instituto Médico Legal (IML) do Rio.

Cônsul da Bolívia em Corumbá (MS), Juan Carlos Merida manifestou preocupação com a crescente presença de narcotraficantes brasileiros nas áreas de plantio de folhas de coca em seu país. Segundo ele, o vínculo entre traficantes das facções do eixo Rio-São Paulo com plantadores locais é relatado em investigações da polícia boliviana. A migração de traficantes brasileiros para o país é definida pelo cônsul como efeito da globalização do crime organizado. Juan Merida acrescenta que em 2009 houve aumento de 30% no número de prisões de estrangeiros no país, mas não soube precisar o percentual de brasileiros nesse universo.

As ramificações de integrantes das duas facções nos três países vêm sendo monitoradas pelos adidos da Polícia Federal nas embaixadas brasileiras. Os dados de inteligência produzidos pela PF vêm sendo usados para nortear ações conjuntas com as policiais dos países vizinhos, sobretudo Paraguai e Bolívia. A situação mais alarmante, contudo, vem sendo constatada na fronteira com o Paraguai. Em abril, por exemplo, cinco integrantes da facção paulista foram presos por agentes da Secretaria Nacional Anti-Drogas (Senad) do Paraguai em Pedro Juan Caballero. Wellington Carlos de Oliveira, Luciano Alves Alcântara, Tiago de Souza, Clever da Silva Rodrigues e Gustavo Fernandes de Oliveira são apontados em investigações de agentes da PF, em Ponta Porã (MS), como contadores da quadrilha.

Os cinco foram surpreendidos numa casa no bairro de Bernardino Caballero, em Pedro Juan Caballero. No local, os agentes da Senad encontraram cadernos com anotações referentes ao plantio e às remessas de maconha para aliados no Rio e em São Paulo. Entre os escritos ainda são ressaltados depósitos em dinheiro e pagamentos de integrantes da quadrilha. Todos usavam documentos falsos e tiveram as identidades verdadeiras descobertas com auxílio da PF de Ponta Porã. Berola também usava uma carteira falsa, em nome de José Pereira da Silva. A Senad enviou fotos e as impressões digitais do corpo à PF em Foz do Iguaçu. O material foi repassado à Secretaria de Segurança Pública do Rio e, na semana passada, o IML confirmou que o corpo é de fato do traficante carioca.

Para o chefe do setor de comunicação da PF, em Brasília, delegado Humberto Prisco Neto, "o crime adota um padrão internacional de ação não importando os países de origem e destino. O caso Abadia (Juan Carlos, traficante colombiano preso em São Paulo) é exemplo de que a movimentação de criminosos não é fenômeno isolado, e sim reflexo da globalização da economia, do aumento da movimentação de pessoas. Para combater esse fenômeno, a PF tem apostado em parcerias com outros países, no fortalecimento e aumento do número de Adidâncias, bem como no incremento de operações conjuntas", conclui o delegado.

As ações conjuntas com a polícia paraguaia resultaram na apreensão de 2,9 toneladas de maconha, que seria enviada para abastecer aliados das facções no Rio e em São Paulo. O delegacia da PF de Ponta Porã também foi responsável pela descoberta, em março passado, de uma rota para envio de pasta de coca, vinda da Bolívia, para o Rio e São Paulo.

Segundo a PF, a cocaína era transportada em pequenos aviões de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e arremessada numa região entre os municípios de Porto Murtinho e Bonito (MS). De lá, era carregada pela quadrilha até uma chácara e distribuída posteriormente. Na ação, foram apreendidos 262 quilos de pasta base. A droga estava escondida em um fundo falso de um caminhão e dentro de tonéis enterrados próximo à mata.

Em dezembro passado, O GLOBO revelou a existência do consórcio de traficantes cariocas e paulistas responsável pelo domínio de 70% das áreas de plantio de maconha em Capitán Bado e Pedro Juan Caballero, cidades na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Um negócio milionário que tem à frente o traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, que já foi alvo de operações conjuntas na fronteira entre os dois países. Na ocasião, promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Mato Grosso do Sul, estimou em US$ 20 milhões (R$ 34 milhões) as cifras movimentadas mensalmente pelo consórcio.

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi um dos primeiros integrantes da facção carioca a estender suas atividades às fronteiras com o Paraguai e Colômbia, onde recebeu proteção de Tomás Medina Caracas, o Negro Acácio, chefe da Frente 16 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em troca do fornecimento de armas. Antes de buscar refúgio na Colômbia, Beira-Mar se aliou a João Morel, então conhecido como o rei da maconha no Paraguai. O traficante carioca, contudo, passou a controlar as áreas de plantio após determinar os assassinatos de João e de seus dois filhos, Ramon e Mauro, em janeiro de 2001.

Em 21 de abril do mesmo ano, Beira-Mar acabou sendo preso por militares colombianos em Villavicencio, a 110 quilômetros de Bogotá. Transferido para o país, Beira-Mar já passou por 12 prisões, quatro delas consideradas de segurança máxima. As mudanças de carceragem foram precedidas por denúncias de que Beira-Mar, mesmo preso, continuava a articular as atividades de sua quadrilha.

PARAGUAI - BEIRA-MAR OFERECE REFÚGIO A BANDIDOS DO RIO


Investigação da PF. Traficante Fernandinho Beira-Mar oferece refúgio a bandidos do Rio no Paraguai - O GLOBO, 19/10/2011 às 23h24m; Antônio Werneck. COLABOROU Rafaela dos Santos

RIO - Traficantes de drogas do Rio que fugiram durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro passado, estariam migrando para a região da fronteira do Brasil com o Paraguai. Os bandidos buscaram refúgio e proteção na estrutura mantida na região pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que está num presídio federal de segurança máxima. Uma fazenda de Beira-Mar, na cidade de Capitán Bado, no Paraguai, na fronteira com Mato Grosso do Sul, seria a base de operações dos bandidos.

Apesar de acompanhar a movimentação de traficantes dos complexos do Alemão e Penha, os policiais federais caçam na região pelo menos dez bandidos que antes comandavam o crime em favelas como Mangueira e Jacarezinho. O assunto está sendo investigado por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal. Os agentes também investigam a presença cada vez maior de bandidos da principal facção criminosa de São Paulo no Rio. Eles teriam se associado aos traficantes da facção que controlava o Alemão e a Penha.

- Estamos sufocando o tráfico no Rio, investigando praticamente bandidos em todas as favelas, sem dar espaço e trégua. Atuamos na prisão de Polegar e vamos chegar a outros alvos - disse o delegado Victor Poubel, da coordenação de Combate ao Crime Organizado (Dcor) da PF do Rio.

A fuga de traficantes do Rio para o Paraguai aumentou com a expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A fazenda de Beira-Mar na fronteira é usada como refúgio. Ela foi descoberta pela PF em 2007, durante a deflagração da Operação Fênix, que atacou a estrutura financeira da quadrilha de Beira-Mar. Além da fazenda, a PF identificou uma rede de doleiros e casas de câmbio em Rio, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai, por onde o bandido, mesmo preso, fez, em um ano, remessas de até US$ 2 milhões para Colômbia, Venezuela e Bolívia.

Na fazenda, com pista de pouso, bois, vacas e peixes

Parte do dinheiro foi usado para pagar dívidas com fornecedores de cocaína, maconha e armas, segundo documentos apreendidos pela PF. Numa só remessa, feita de uma casa de câmbio em São Paulo, pouco antes da deflagração da Operação Fênix - que levou à prisão 12 pessoas -, Beira-Mar usou dois "laranjas" de sua quadrilha e mandou US$ 500 mil para o Paraguai. Segundo policiais federais, ele também investiu dinheiro comprando terras, gado, casas e carros fora do Brasil. E essa estrutura montada pelo traficante no Paraguai para lavar dinheiro agora estaria sendo usada pelos traficantes cariocas.

Nas análises dos documentos apreendidos pela PF, Beira-Mar também passou a destinar parte de sua fortuna para engordar boi e criar cavalos de raça na fazenda Estância Campanai, de sua propriedade no Paraguai. Na época da Operação Fênix, a PF pediu o sequestro da propriedade à Justiça do Paraguai, mas até hoje a fazenda continua sendo usada por integrantes de sua quadrilha. A fazenda, por exemplo, tem três milhões de hectares e uma pista de pouso maior que a do Aeroporto Santos Dumont. Segundo os dados obtidos pelos policiais federais, naquela época o traficante tinha 1.891 vacas selecionadas, sendo 105 prontas para reprodução; 542 bois para engorda; e 18 mil tilápias.

Quando os federais chegaram à fazenda e identificaram toda sua estrutura econômica, Beira-Mar cumpria pena na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), considerada de segurança máxima. Era da cadeia que ele controlava seus negócios, passando recados para membros de sua quadrilha, parentes, amigos e advogados.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TRAFICANTE POLEGAR É PRESO NO PARAGUAI


Traficante Polegar é preso pela PF - O DIA ONLINE, 19/10/2011


Rio - O traficante Alexander Mendes da Silva, conhecido como Polegar, foi preso por policiais federais, nesta quarta-feira, no Paraguai. O ex-chefe do tráfico de drogas na Mangueira tem 15 anotações criminais, com três condenações pela Justiça, entre elas a de 22 anos por tráfico e associação para o tráfico. As informações foram confirmadas pelo delegado da Polícia Federal e adido na embaixada brasileira em Assunção, Antônio Celso dos Santos, ao RJTV.

As primeiras informações dão conta que Polegar teria sido identificado por policiais paraguaios no momento em que comprava um carro de luxo em Pedro Juan Caballero, cidade de divisa com o Brasil. No momento da prisão, ele apresentou um documento de identificação paraguaio em nome de José Targino da Silva Junior. O Disque-Denúncia oferecia R$ 2 mil de recompensa por informações que ajudassem a prender Polegar.


O traficante foi capturado por policiais na cidade de Pedro Juan Caballero

Histórico de crimes

Ex-chefe do tráfico do morro da Mangueira, Polegar foi preso em Fortaleza – CE, em 3 de janeiro de 2002, pela extinta Delegacia de Repressão a Entorpecentes – DRE, como um dos traficantes mais perigosos do Rio, que era procurado pela polícia por ter comedido ações ousadas, entre elas, no ano de 2001, um ataque à Polinter, resultando na fuga de quatorze detentos.

Condenado a dezesseis anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico, Polegar conseguiu a transferência para regime semiaberto, em agosto de 2009, graças ao benefício concedido pela 1ª Câmara Criminal, e no dia 12 de agosto de 2009, foi transferido para a Casa do Albergado Crispim Ventino, em Benfica.

Às 5h05, do dia 14 de agosto de 2009, ele deixou o local acompanhado de seus advogados e seguiu para a Favela do Arará, tendo que retornar até às 22h para dormir, porém não mais retornou ao sistema prisional, tornando-se um foragido da Justiça.

Após a fuga, ele se refugiou no Complexo do Alemão, onde recebeu do traficante Pezão, vários pontos de drogas para comandar, onde o lucro seria revertido para si mesmo. Recentemente, Polegar e outros sete laranjas foram denunciados pelo Ministério Público, onde responderão à ação penal na 2ª Vara Criminal de Santa Cruz pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

A denúncia relata a forma com que Polegar agiu, a partir de 2003, para ocultar da Justiça o lucro obtido por ele na condição de chefe do tráfico no Morro da Mangueira. Condenado a prisão por quatro varas criminais por crimes cometidos entre 1994 e 2002, o criminoso.

A Justiça decretou a indisponibilidade de cinco imóveis do traficante, inclusive o tríplex na cidade de Cabo Frio. Corretores da região avaliaram o imóvel, que tem três suítes decoradas e salão, em cerca de R$ 400 mil. Os outros imóveis do traficante foram localizados no Leblon, na Barra da Tijuca, em Jacarepaguá e em Niterói.

O traficante fugiu após o Complexo ter sido ocupado pela polícia, em novembro de 2010.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

CIRCULAÇÃO ILEGAL DE DINHEIRO

Rodrigo Pimentel fala sobre circulação ilegal de dinheiro na fronteira do Brasil - BOM DIA BRASIL, REDE GLOBO, Terça-feira, 18/10/2011

Segundo Rodrigo Pimentel, a operação do Exército é pontual e específica. As Forças Armadas emprestaram 7 mil homens para combater o aumento da criminalidade na região sul do Brasil, e está sendo eficiente.




Exército flagra circulação ilegal de dinheiro na fronteira do Brasil com o Paraguai - BOM DIA BRASIL, REDE GLOBO, Terça-feira, 18/10/2011

Quem sai do país com mais de R$ 10 mil, ou o equivalente em outras moedas, sem declarar à Receita Federal, comete o crime de evasão de divisas. Em 15 dias, foram encontrados quase R$ 1 milhão.

NEM PADRE ESCAPA DE ASSALTO NA FRONTEIRA

LIVRAMENTO - VIOLÊNCIA NA FRONTEIRA. Padre é baleado durante assalto em Livramento. Religioso levou tiro no ombro depois de dizer a jovens que o abordaram que não tinha dinheiro - MARINA LOPES

Nem padre escapa de assalto na fronteira. Esse era o comentário nas esquinas de Santana do Livramento, ontem, durante o dia, quando veio à tona que um dos padres mais queridos da cidade, Felipe de Oliveira Perez, 34 anos, responsável pela paróquia Nossa Senhora do Rosário, havia sido assaltado e levado um tiro no ombro no início da madrugada.

Anotícia mobilizou a cidade. Fiéis e frequentadores da igreja localizada no centro da cidade congestionaram as linhas do Centro Hospitalar Santanense para saber notícias do pároco, que lota suas missas diariamente às 18h. O assalto ocorreu quando o padre voltava de um jantar na casa de fiéis, por volta da 0h15min de ontem, em frente ao Parque Internacional, que separa Brasil do Uruguai.

Faltando apenas cem metros para chegar à casa paroquial, localizada junto à igreja, Perez foi abordado por dois jovens, que lhe pediram dinheiro. O padre informou que não estava carregando nenhuma quantia, e um dos rapazes disparou um tiro, que acertou o ombro, a apenas um milímetro de distância da artéria aorta. A dupla atingiu o padre e saiu correndo.

Como o religioso não chegou a ver nitidamente o rosto dos assaltantes, o delegado Othelo Caiaffo, que atendeu à ocorrência, comentou que vai ser difícil identificar e prender os responsáveis. Caiffo acrescenta que o local em que ocorreu o assalto já é perigoso de dia. À noite, mais ainda.

– É um local vulnerável, porque eles assaltam e correm para o outro país, sem que a gente tenha o que fazer. Por mais que haja policiamento, deve-se evitar o local à noite – diz.

Perez, nascido em Santana do Livramento, mas naturalizado uruguaio, deve ter alta entre hoje e amanhã. Ele atua como padre na cidade há quatro anos.

– Ele é um homem muito bom, por isso Deus salvou. Ficamos chocados com a notícia – diz uma das ministras da igreja e acompanhante do pároco no hospital, Deusi Mari Vieira.


ENTREVISTA. “Houve um milagre, podia ter morrido”. Felipe de Oliveira Perez, padre

Padre Felipe de Oliveira Perez conversou com Zero Hora por telefone ontem enquanto se recuperava do susto. Veja trechos da entrevista:

Zero Hora – Como foi o assalto?

Felipe Perez – Um grande susto. Tudo muito rápido. Não me pareceram uruguaios. Eram dois jovens. Perguntaram se eu tinha dinheiro. Disse que não e na mesma hora dispararam. Saí nervoso, cheguei em casa, vi que sangrava, peguei o carro e fui sozinho até o hospital.

ZH – O senhor acredita que os assaltantes sabiam que se tratava de um padre? O que o senhor espera que aconteça com eles?

Perez – Creio que não sabiam. Espero que Deus tenha misericórdia. Não tenho rancor algum. Como diz na Bíblia, eles não sabem o que fizeram. Espero que se convertam.

ZH – Que lição o senhor tirou do ocorrido?

Perez – Foi uma experiência de dor, força e vitória. Mas a vida continua. Houve um milagre, podia ter morrido, mas nasci de novo.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Realmente é difícil o policiamento nas fronteiras com o Uruguai em Livramento, apesar da ótima integração que existe entre a Brigada Militar, Polícia Civil e a Polícia Nacional de Rivera, esta última com o dobro de efetivos em relação as duas polícias do Brasil.

Quando comandei o policiamento em Livramento mantinha duas equipes de policiamento comunitário 24 horas no Parque Internacional, uma dupla montada e uma guarnição motorizada. Além disto, tinha uma equipe de resposta rápida, outra de contenção realizada pelo Pelotão Especial e uma Patrulha Rural que conhecia todos os pontos de risco da extensa fronteira. Todas com relações aproximadas com as comunidades locais e com as equipes e rondas da Polícia Nacional do Uruguai em Rivera. Apesar do pouco tempo, fizemos milagre lá. Sem falsa modéstia. Foi um dos melhores programas de policiamento comunitário que realizei na minha carreira, pois encontrei comprometimento dos brigadianos do 2 RPMon, apoio da comunidade e mídia de Santana do Livramento, solidariedade da PC, PF e do Exército, e colaboração e amizade dos policiais uruguaios sediados em Rivera.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

BM E POLÍCIA NACIONAL DE RIVERA SURPREENDEM TRAFICANTES E FORAGIDOS

Ação na fronteira contra o tráfico - CORREIO DO POVO, 12/10/2011

Uma operação coordenada pela divisão de narcóticos da Chefatura de Polícia de Rivera, com apoio da Brigada Militar (BM), surpreendeu um grupo de traficantes e foragidos penais que há anos agem sobre a linha divisória que separa as cidades de Santana do Livramento e Rivera.

Quatro homens foram presos.

O Pelotão de Operações Especiais (POE) da BM fechou os acessos de Rivera a Livramento com o objetivo de evitar a fuga dos envolvidos para o lado brasileiro.

IMPORTAÇÕES ILEGAIS

Receita Federal e PF investigam importações ilegais - PEDRO MOREIRA, zero hora 12/10/2011

Empresas suspeitas de utilizar doleiros para enviar recursos ao Exterior para o pagamento de importações são o alvo de uma operação deflagrada ontem. A ação se deu no Estado, em Santa Catarina e em São Paulo.

APolícia Federal (PF) e a Receita Federal cumpriram mandados de busca e apreensão nas sedes de 19 clientes de casas de câmbio, 15 deles gaúchos, que atuam no comércio internacional. A estimativa é de que tenha sido omitida do sistema financeiro a movimentação de US$ 20 milhões (R$ 35,2 milhões) desde 2007.

Iniciada em fevereiro, a investigação teve origem em outra ação da PF que desarticulou, em 2009, quadrilhas que utilizavam casas de câmbio para oferecer a empresas importadoras estrutura para envio de recursos ao Exterior sem o controle do governo. A partir da análise de informações no banco de dados de um dos doleiros, o foco se voltou aos clientes.

O suposto esquema permitiria que parte do pagamento de mercadorias importadas fosse feito “por fora”, ou seja, se a compra custasse US$ 10 mil, era registrado um valor abaixo do real. A diferença era remetida ilegalmente pelas casas de câmbio para o Exterior.

– O objetivo principal da operação era coletar provas complementares para acrescentar aos inquéritos – explicou o delegado federal Sérgio Busato.

Os inquéritos foram instaurados para apurar crimes contra o sistema financeiro, descaminho e contrabando e lavagem de dinheiro. Entre os ramos de atuação das empresas investigadas e cujos nomes não foram divulgados estão comércio de brinquedo, paisagismo e peças de informática e para veículos.

Houve ações em Porto Alegre, Cachoeirinha, Lajeado, Novo Hamburgo, Sapiranga, Canela, São Francisco do Sul (SC), em São Paulo e São Caetano do Sul (SP). Participaram 150 policiais federais e 80 auditores e analistas.

HERÁCLIDAS (MITOLOGIA) - A operação deflagrada ontem pela Polícia Federal e pela Receita Federal leva o nome de Heráclidas por ser um desdobramento de uma operação anterior, batizada de Hércules. Heráclidas era o termo utilizado, na língua grega, como referência aos descendentes de Hércules, herói maior da mitologia grega, filho de Zeus e da mortal
Alcmena.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ROTAS DO NARCOTRÁFICO SE VOLTAM PARA OS PORTOS

Rotas do narcotráfico internacional estão se voltando para portos no Brasil. Edson Luiz e Juliana Braga -CORREIO BRAZILIENSE, 10/10/2011 07:27

Uma investigação de vários meses feita pela Polícia Federal (PF) colocou fim a um esquema de tráfico de drogas para a África, que tinha como rota o Porto de Suape, em Pernambuco. Lá, a PF e a Receita Federal apreenderam, até agora, 530kg de cocaína, no fim de semana. O volume de droga pode ser maior, já que ainda faltam ser vistoriados quase 3,5 mil sacos de gesso — carga utilizada para camuflar o entorpecente e que seguiria em cinco contêineres para a África. O navio já estava sendo monitorado pelas autoridades brasileiras, mas ainda não se sabe a origem do pó, que pode ter vindo da Bolívia ou da Colômbia. Nos últimos três anos, a PF reteve mais de 10 toneladas da droga em portos brasileiros.

A apreensão feita no fim de semana confirma uma tese da Polícia Federal, de que as rotas do narcotráfico internacional estão se voltando cada vez mais para os portos brasileiros. Este ano, pelo menos 400kg de cocaína pura foram apreendidos em Santos — em operações separadas — quando seriam embarcadas para a África e a Europa. No Porto de Paranaguá, no Paraná, em 2009, a Polícia Federal apreendeu, pelo menos, cinco toneladas que seriam embarcadas para a Romênia. No ano passado, também em Santos, fiscais da Receita Federal descobriram 1,7 tonelada do pó em uma carga de maçãs.

Segundo a Polícia Federal, a cocaína retida no Porto de Suape, o mais movimentado do Nordeste, estava em cinco contêineres onde havia carregamentos de gesso. A droga, que foi descoberta por um cão farejador da PF, foi espalhada em pequenas quantidades — de até um quilo cada — entre sacos nos quais estavam o produto. A PF não informou a origem da droga, mas pela rota é provável que tenha embarcado na Colômbia — normalmente o país que mais exporta para a Europa —, passado pelo Caribe e do Porto de Suape seguiria para o continente africano. A informação inicial da PF é que a última parada da carga antes de chegar a Pernambuco tenha sido em Manaus.

Até o início da noite de ontem, a PF havia aberto 3,5 mil sacos de gesso, onde foram encontrados os 530kg de cocaína, mas ainda faltam 3.470 embalagens a serem vistoriadas e a própria Polícia Federal acredita que o volume da apreensão deve aumentar. A corporação e a Receita já identificaram a empresa responsável pela carga e irá chamar seus proprietários para avaliar o grau de participação de cada um no tráfico internacional.

Fiscalização frágil

De acordo com a lei brasileira, a responsabilidade sobre a droga que chegou ao porto é da empresa exportadora. Todas as transações comerciais precisam ser registradas no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), no qual a empresa grava as informações como Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço, e telefones, além de dados sobre o material exportado. O registro é feito pela Receita Federal.

Rastrear a empresa, entretanto, pode não ser tão simples. “Certamente, é uma companhia de fachada. Deve ter registrado nome, local e informações falsas”, avalia o advogado especializado em Comércio Exterior Aldo Renato Soares. “O cadastro é feito partindo do pressuposto que a empresa age de boa-fé. Esse sistema foi pensado com o objetivo de agilizar a burocracia do exportador”, explica o advogado.

Soares destaca que pouco muda na legislação referente à exportação em outros países. A diferença é a estrutura de fiscalização. “A área de comércio é muito regulamentada no mundo todo, mas onde há o fator humano, pode haver falhas”, explica. No Brasil, os carregamentos são checados de forma aleatória, por amostragem, ou quando há suspeitas ou denúncias.

O advogado alerta para a importância de fortalecer a fiscalização. “Se a droga consegue sair do país e é apreendida lá fora, isso pode criar um problema. Começa a criar uma desconfiança nos países com os quais o Brasil tem relações comerciais de que aqui não existe fiscalização”, observa Soares.

Droga disfarçada

Nos últimos três anos, a Polícia Federal apreendeu quase 10 toneladas de cocaína em vários portos, principalmente no de Santos, em São Paulo, e no de Paranaguá, no Paraná. As principais investigações da PF que deram resultados positivos foram as seguintes:

Baterias

Uma tonelada de cocaína foi apreendida em um sítio em Itatiba, no interior de São Paulo, em março de 2008, quando estava sendo embalada em baterias de carros. A droga seguiria para o Porto de Santos e em seguida para a Holanda e a Polônia. Dois surinameses e um brasileiro foram presos na operação.

Madeira

Os traficantes usaram uma carga de madeira para tentar transportar pelo Porto de Paranaguá, em fevereiro de 2009, quatro toneladas de cocaína para a Romênia. A descoberta da quadrilha aconteceu depois que as autoridades europeias apreenderam 1,7 tonelada do pó que pertenciam ao mesmo grupo e que havia saído do mesmo porto.

Maçãs
Em junho do ano passado, a Polícia Federal apreendeu no Porto de Santos, 1,7 tonelada de cocaína em um carregamento de maçãs vinda da Argentina. A droga seria enviada para a Espanha, um dos principais destino do pó que sai do Cone Sul, cuja origem pode ser da Colômbia.

Joias

Em maio deste ano, a PF localizou 180 quilos da droga em meio a uma carga de pedras preciosas que seguiria para o Reino Unido. A pedido das autoridades britânicas, a PF vinha monitorando o transporte — que foi feito de caminhão — do Rio Grande do Sul até o Porto de Santos, onde foi embarcada em contêineres.

Portas

A exportação de 250 portas do Porto de Santos para a África chamou a atenção da Polícia Federal. Cerca de 140 quilos de cocaína estava prensado na portas. Uma empresa de fachada localizada em Sorocaba (SP) era usada pelos traficantes. Outra parte do pó seria também enviada para o continente africano em geladeiras.

PATRULHAMENTO DAS FRONTEIRAS É MENOR DO QUE A SEGURANÇA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Justiça. Segurança dos tribunais superiores tem mais homens que o patrulhamento das fronteiras do país - O GLOBO, 08/10/2011 às 17h36m- Roberto Maltchik


BRASÍLIA - A mais alta esfera do Poder Judiciário, representada por cinco tribunais superiores, tem em Brasília mais seguranças e vigilantes que a Polícia Federal consegue manter nas fronteiras do país. Nos 15,7 mil quilômetros limítrofes, a PF tenta combater a passagem de armas e drogas, além de frear o contrabando, com um grupo que varia entre 900 e mil agentes.

Nos tribunais, um batalhão de 1.211 vigilantes e seguranças cumpre uma missão bem menos engenhosa: garantir a proteção de 93 ministros e o controle do entra-e-sai nos prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Superior Tribunal Militar (STM).

São 13,2 guardas para cada um dos brasileiros que alcançaram o topo da pirâmide da magistratura. Quadro avesso ao do Fórum de São Gonçalo, onde trabalhava a juíza Patrícia Aciolly, executada com 21 tiros sem que ao menos um guarda estivesse ao seu lado. Número que supera até mesmo a tropa de 969 vigilantes contratados para cuidar do cofre do Tesouro: as nove diretorias e a sede do Banco Central na capital federal.

A elite do Judiciário ainda conta com um batalhão de 386 recepcionistas, 287 motoristas e 271 copeiros e garçons. Há também casos peculiares, como os 14 lavadores de carros do STJ e o grupo de cinco contratados para limpar as áreas envidraçadas do TST.

Em quase 100% dos casos, são contratos de terceirização firmados com empresas especializadas em destinar pessoal à administração pública no Distrito Federal. Grupos que acumulam lucros para cada funcionário cedido.

E, de acordo com um alto servidor do Judiciário, servem de catapulta para que parentes de servidores ou amigos de operadores do Direito abocanhem uma vaga junto ao poder.


STJ diz que estrutura demanda segurança extra - O GLOBO, 08/10/2011 às 17h41m

BRASÍLIA - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) informa que o quadro de seguranças e vigilantes é necessário em razão do tamanho da estrutura, com três prédios anexos, e da relevância dos processos que tramitam na Corte, principalmente na esfera criminal.

O secretário de Administração e Finanças, Silvio Ferreira, também dá destaque à contratação de deficientes. Como exemplo, explica que o STJ decidiu contratar 278 surdos, que atuam na digitalização de processos. Ele ainda diz que o STJ controla nos detalhes os contratos terceirizados e reaproveita pessoal, quando novas vagas são abertas.

- Abriu uma vaga de copeira, a gente promove alguém da limpeza. A gente não sai pegando pessoas. O pessoal pede para pôr alguém, mas eu sou muito chato com isso. Eu não indico um terceirizado. E não admito que venha me pedir vaga para terceirizado - afirmou Ferreira.