domingo, 31 de julho de 2011

CRIMES SEM FRONTEIRAS

A história da prisão do traficante de Santa Catarina que desafiava o Paraguai. O DC conta como o criminoso se tornou chefe de gangue e assaltante de banco no país vizinho. Diogo Vargas - DIÁRIO CATARINENSE, 30/07/2011 | 19h50min

Clóvis Cândido, o Cabelo, 29 anos, é o mais recente bandido de Santa Catarina a ser capturado no Paraguai. O ex-morador de Florianópolis tem 14 anos de prisão a cumprir no Estado. Rumou para o país vizinho para comandar o tráfico de drogas, armas e também um milionário assalto a banco.

No noticiário policial catarinense, as suas aparições são raras e sem destaque. Nada comparado ao histórico de envolvimentos em crimes em terras paraguaias, onde passou a figurar em primeiras páginas. Isso porque as autoridades daquele país afirmam que, no território hermano, ele seria o cérebro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que age de dentro e fora das prisões de São Paulo.

A história de Cabelo revela a fragilidade das autoridades brasileiras em prender foragidos da Justiça, a ineficiência da fiscalização das fronteiras, a conexão entre o conhecido mundo do crime instalado no Paraguai e bandoleiros brasileiros. É de lá que chega a grande maioria da droga consumida em Santa Catarina, depois de passar pelo corredor dos entorpecentes, pelo Mato Grosso do Sul (Ponta Porã) e Paraná.

Na capital catarinense, em 2005, o paranaense Clóvis se envolveu com o tráfico de drogas no Bairro Rio Vermelho, Norte da Ilha. Agia também na Favela do Siri, nos Ingleses, com familiares vindos de Coronel Vivida (PR). Destemido, arrumava confusões, não se separava de armas e tentava impor medo aos moradores. Preso, cumpriu um ano e 10 meses de cadeia e voltou para as ruas, até ser preso definitivamente, em junho deste ano, no Paraguai.

No dia 12 de outubro de 2006, três dias após ganhar a liberdade condicional, Cabelo armou uma tocaia para matar Paulo Júnior Ferreira, o Rambinho, devedor de drogas de uma boca que Cabelo e seus familiares controlavam na Favela do Siri. Rambinho foi atraído para um suposto chamado num telefone público da rua. Quando apareceu, foi baleado. Mesmo ferido, conseguiu escapar dos traficantes e sobreviver.

Clóvis foi identificado pela polícia como um dos responsáveis pela tentativa de homicídio. No ano passado, foi condenado a 11 anos e quatro meses de prisão pelo crime. Há um mandado de prisão decretado contra ele pelo juiz Luiz Cesar Schweitzer, da Vara do Tribunal do Júri da Capital. A outra condenação é por tráfico: três anos de prisão. A ascensão no comando do tráfico do Norte da Ilha o fez ser caçado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Buscas sem sucesso na Capital, em 2007

Em 2007, numa das ruas do Bairro Rio Vermelho, um suposto “mula” (transportador de drogas) seu foi preso e a polícia apreendeu maconha. A Deic o indiciou por tráfico. Moradores da Rua das Orquídeas, lembram quando, há dois anos, equipes da Deic chegaram fortemente armadas cumprindo mandados de busca e apreensão em casas na tentativa de prendê-lo, mas sem sucesso.

Com o cerco se fechando, Cabelo partiu para o Paraguai. Montou sua base na cidade de Salto del Guairá, que faz fronteira com a brasileira Guaíra (PR) e é conhecida pelo centro de compras. Entrou com identidade falsa do Paraná usando o nome de Adrian Alex. Lá, a sua primeira missão foi comprar por R$ 5 mil uma identidade paraguaia com dados falsos brasileiros. Essa prática é comum por criminosos brasileiros fugitivos da Justiça e permitiu que ele fosse liberado no Mato Grosso do Sul, em sua primeira prisão no Paraguai, em 2010.

O jornal ABC Color, do Paraguai, estima que Cabelo chegou ao Paraguai em 2005 como traficante de favela. Nas fotografias publicadas em jornais e sites paraguaios, ele quase sempre está rindo ou com ar de deboche. Foi assim após ser detido por efetuar disparos de fuzil na rua e depois do assalto milionário ao Banco Continental de Salto del Guairá, em 10 de maio deste ano. O seu bando era composto por 16 ladrões. Eles renderam 18 pessoas e roubaram cerca de R$ 2 milhões. Na fuga, queimaram caminhonetes usadas no roubo para não deixar pistas. A quadrilha foi presa. Cabelo estava em Ciudad del Este, na tríplice fronteira com Paraguai, Brasil e a Argentina. Ele segue preso no Paraguai e não há informações sobre se será extraditado para o Brasil.

A possível conexão com o PCC, de São Paulo

O diretor da Deic, delegado Cláudio Monteiro, não acredita que Clóvis Candido seja ou exerça influência na facção criminosa de São Paulo. O policial diz que essa associação de bandidos brasileiros com o PCC costuma ser feita pela imprensa paraguaia para acelerar a extradição dos bandidos brasileiros presos no Paraguai.

Os jornalistas estrangeiros afirmam que o PCC se instalou no Paraguai com a atuação de Cabelo. Seria um soldado do grupo para cuidar do tráfico e abastecer o mercado brasileiro. Cabelo teria arrumado brigas no país e suas liberdades teriam custado caro ao comando. Para saldar dívidas, a imprensa paraguaia suspeita que planejou o assalto milionário ao banco.

O delegado Monteiro comandou investigações em SC contra o criminoso pelo tráfico de maconha, crack, cocaína e armas. Segundo ele, Cabelo era um dos principais traficantes do Norte da Ilha e no Paraguai atuava como distribuidor de drogas para o Estado.

— Temos informações que ele fazia essa conexão de drogas e armas para cá e que ainda há familiares seus envolvidos com o crime na região do Norte da Ilha — disse o delegado.

O DC esteve na Favela do Siri e no Bairro Rio Vermelho. Na Rua das Orquídeas, o número informado por Cabelo à Justiça como o seu endereço não existe. Vizinhos disseram que o número dado por ele é fictício e que sua base seria mesmo na Rua das Acácias, onde funcionariam bocas de fumo. Na Favela do Siri, os supostos familiares de Clóvis Cândido negaram que o conhecem.

Uma história que se repete

A migração de bandidos de SC para o Paraguai é antiga. Há que se considerar corrupção policial, falta de controle, facilidade de lavar dinheiro e obter documentos falsos no país vizinho como razões para isso. Mas o principal, na avaliação de policiais catarinenses, ainda é o “negócio” do crime que está lá.

É o negócio da droga, uma espécie de economia paralela do país. Trata-se de uma tradição de séculos no Paraguai. Começou com índios guaranis, considerados os primeiros cultivadores da erva. Hoje, há safras e safrinhas da maconha, cultivada aos montes e em qualquer época do ano. Estima-se que o Paraguai produza entre 3 mil a 5 mil hectares de maconha ao ano. Isso rende algo entre 9 e 15 milhões de quilos de maconha anualmente.

As autoridades paraguaias estimam que 90% da produção tem como destino o Brasil. A Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai destruiu, ano passado, 1.013 hectares da droga – daria entre 3 mil a 5 mil toneladas. O Paraguai ainda recebe cocaína e crack da Bolívia antes do envio ao mercado consumidor do Brasil. Em 2010, a Senad destruiu 50 mil quilos de coca boliviana.

Falta de controle aéreo e terrestre atrapalha

Um dos motivos para essa atividade ilícita intensa é a falta de controle aéreo e terrestre e os aeroportos clandestinos. As cidades fronteiriças também servem de esconderijos para os criminosos. Ali acabam se criando os narcotraficantes brasileiros como Clóvis Cândido. Como conhecem o mercado consumidor daqui e mantêm as redes de contatos nos dois países, rapidamente tornam-se fortes distribuidores.

Nos últimos anos, pelo menos quatro barões da droga que atuavam em Santa Catarina foram presos no Paraguai. O mais conhecido deles é Sérgio de Souza, o Neném da Costeira, de Florianópolis. Preso em Encarnacion, em 2008, foi trazido para SC e em junho deste ano transferido para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por medida de segurança. Também estão na lista de presos os traficantes Jarvis Chimenes Pavão, Erineu Domingo Soligo, o Pingo (do Rio Grande do Sul) e Júlio César Wiese. A extradição de Pavão para SC ainda não aconteceu. Ele tem condenação no Estado de 12 anos e dois meses de prisão por associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Fotos para evitar falsificações

A Justiça está tentando avançar nos modelos de mandados de prisão para evitar que bandidos se utilizem de documentos falsos para escapar da captura. A intenção é inserir fotos, tatuagens e outras informações nas ordens de prisão para identificar a pessoa na hora da abordagem. Hoje, o documento traz apenas os dados pessoais, como nome, endereço e telefone.

Na opinião do juiz da Coordenadoria de Execuções Penais e da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de SC, Alexandre Takaschima, essa nova ferramenta será importante para vencer o problema da documentação na hora das abordagens dos suspeitos.

– Por orientação do Conselho Nacional de Justiça (CJN) estamos tentando padronizar de forma eletrônica essas informações com as polícias. Como não temos jurisdição para atuar lá (Paraguai), dependemos do trabalho em equipe. É difícil, mas temos a cooperação e está se tornando mais comum – sintetiza o juiz, acreditando que os processos de extradição serão cada vez mais rotineiros e menos burocráticos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

BRIGADA MILITAR PROMOVE CURSO DE PATRULHAMENTO DE FRONTEIRAS


PORTAL DA BRIGADA MILITAR - www.brigadamilitar.rs.gov.br - 29/07/2011

A Brigada Militar, integrante do Sistema de Segurança Pública no esforço internacional de preservação da ordem pública, integrada com as instituições de segurança do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Paraná, bem como com as organizações policiais da Argentina e do Uruguai, busca também o aprimoramento dos serviços prestados às comunidades de área de Fronteira.

Destarte, a ação proativa das referidas instituições repercute na realidade de segurança pública nos grandes centros e interior de todos os territórios.

Para atender esta demanda de qualificação e intercâmbio o Curso de Patrulhamento de Fronteiras tem por objeto desenvolver um padrão de procedimentos comum para a atuação integrada das instituições atuantes em áreas de fronteira, com vistas à consolidação do Sistema Internacional Regional de Segurança Pública.

Este esforço conjunto, relizado no Centro de Treinamento de Patrulhamento Rural, da Brigada Militar visa proporcionar o bem estar social às comunidades fronteiriças das nações amigas.

O Curso torna aptos os PMs que irão controlar, prevenir e reprimir os chamados crimes transnacionais, especialmente as ocorrências de tráfico de drogas e armas, contrabando e descaminho, furto e roubo de gado, assaltos a estabelecimentos rurais e homicídios.

Nesta edição, a formação é voltada a sargentos da Brigada Militar e também a servidores de outras forças policiais de âmbito estadual e federal, além das polícias argentina e uruguaia.

Além da edição que está em andamento no Campo de Treinamento de Patrulha Rural, em Santana do Livramento, estão previstas mais duas edições até o final de 2011, bem como edições para oficiais e gestores dessas polícias.

A Brigada Militar também está desenvolvendo cursos específicos de prevenção a roubo internacional de cargas e combate ao abigeato; na área de bombeiros, curso de combate a incêndio florestal, investigação de sinistros e acidentes com cargas perigosas.

São objetivos específicos do curso habilitar os policiais para:

- comandar frações que atuam em áreas de fronteira;
- aplicar a técnica e tática de patrulhamento em área de fronteira desenvolvendo o conhecimento acerca da abordagem policial;
- policiamento comunitário na zona urbana e rural;
- fiscalizar a documentação fiscal e sanitária para o transporte de animais;
- fiscalizar a documentação aduaneira sobre circulação de pessoas, mercadorias e veículos;
- aplicar conhecimentos da legislação ambiental;
- proceder na busca e salvamento em área de fronteira;
- prática de tiro policial;
- aplicação de pronto-socorrismo.

Todas essas atividades também buscam promover a integração e troca de experiências com as demais organizações policiais do Brasil, da Argentina e do Uruguai, sempre visando que o Estado e os países vizinhos alcancem melhores resultados na área da segurança pública para as comunidades sob sua responsabilidade.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

FOCADA NA FRONTEIRA, POLÍCIA DO RS TRIPLICA APREENSÕES DE DROGAS


MUDANÇA DE FOCO. Polícia triplica apreensões de drogas no RS em 2011. Estratégia de investigar os carregamentos vindos do Exterior acarreta em 4,2 toneladas retidas - FRANCISCO AMORIM, ZERO HORA 27/07/2011

Ao investir no monitoramento de quadrilhas que despejam drogas no RS trazidas de países vizinhos, as polícias Civil e Militar triplicaram o volume das apreensões de entorpecentes no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010. A estratégia de concentrar as investigações em bandos interestaduais evitou que 4,2 toneladas de maconha, cocaína e crack chegassem às ruas gaúchas.

As duas corporações gaúchas apostaram em campanas e escutas para descobrir a hora e o local certos da chegada dos carregamentos vindos de fora do país. Operações policiais que podem se estender por semanas em frente a bocas de fumo ou casa de suspeitos.

As ações levaram à apreensão de 3,9 toneladas apenas de maconha. E os números poderiam ser ainda maiores, pois na contabilidade oficial não está inserida 1,2 tonelada da droga – recolhida em uma operação da Brigada Militar com a Polícia Rodoviária Federal em junho, contabilizada no balanço da Polícia Federal.

Segundo o delegado Heliomar Franco, coordenador das delegacias especializadas do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), as ações têm se concentrado nos elos entre estrangeiros e gaúchos.

– Quase sempre há a participação de alguém do Paraná ou Mato Grosso do Sul, que aproxima os dois lados. Quando há maior repressão na fronteira, o volume de drogas que circula no Estado diminui – explica o delegado.

Se grandes apreensões, acima de 500 quilos, podem ter inflacionado os números referentes à maconha, o mesmo não ocorre com a cocaína, geralmente, transportada em quantidades menores devido ao alto valor. Apreensões regulares, entre um e cinco quilos, no entanto, têm minado a ação dos traficantes. É possível que o volume de drogas que circulam no Estado também tenha crescido.

– Se as apreensões aumentaram 200% e o preço continua estável, não significa que temos aumento de 200% nos usuários, mas que o mercado continua abastecido – afirma o policial.

Os números das polícias gaúchas se somam aos da Polícia Federal no Estado, que apreendeu 3,2 toneladas de maconha e 74 quilos de cocaína e crack no primeiro semestre.

Crack em ritmo menor

Em relação a outras drogas, o volume de crack apreendido cresceu em ritmo mais tímido em 2011: de 131 quilos em 2010 para 148 quilos neste ano.

A explicação das autoridades policiais para o fenômeno é a de que a maior parte do crack consumido no Estado é produzido em solo gaúcho a partir da cocaína importada de países como a Colômbia. Ou seja, a droga surge a partir do que já está nas mãos dos bandidos gaúchos.

Outra característica do crack que reflete nos números é o fato de ser fabricado em pequenas quantidades, dificilmente ultrapassando 10 quilos. Elaborado por quadrilhas locais, ele é disseminado nas ruas pelas mãos de pequenos traficantes, que recebem o pagamento em pedras, dificultando a ação da polícia. As apreensões da droga são “de grão em grão”.

A polícia tem adotado uma estratégia dupla em relação ao crack. Além de conter o avanço da droga freando a entrada de cocaína, tenta reprimir o tráfico formiguinha em ações específicas nas bocas de fumo e em frente a escolas.

O volume apreendido nesse caso é tímido porque os criminosos portam propositalmente poucas pedras, em uma tentativa de se passarem por usuários.

Números do primeiro semestre - Apreensões de drogas pela PC e BM, em quilos

Substância - 2010 - 2011 - Aumento(%)
Maconha - 1.333,5 - 3.959,2 - 196,9%
Cocaína - 40,2 - 150,6 - 274,6%
Crack - 131,2 - 148,6 - 13,3%

segunda-feira, 25 de julho de 2011

TAMANHO E DIVERSIDADE SÃO DESAFIOS PARA A SEGURANÇA

Tamanho e diversidade do Brasil são desafios para segurança nas fronteiras - Agência Brasil, CORREIO BRAZILIENSE, 25/07/2011 09:33

A extensão da fronteira brasileira, quase 17 mil quilômetros, e a diversidade do país são os principais desafios para a segurança pública nessas regiões. A avaliação é da presidenta Dilma Rousseff, que comentou hoje (25) o balanço do primeiro mês do Plano Estratégico de Fronteiras.

Em 30 dias, 550 pessoas foram presas em flagrante. Além disso, 10,5 toneladas de maconha e 500 quilos de cocaína foram apreendidos nas fronteiras do país.

O plano, coordenado pelos ministérios da Justiça e da Defesa, envolve ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de Segurança e das Forças Armadas. A iniciativa visa a fortalecer as ações de controle nas fronteiras.

“O tamanho do Brasil e a diversidade da nossa geografia são os grandes desafios para a segurança na fronteira brasileira. São quase 17 mil quilômetros de extensão. E, para cada região, precisamos ter estratégias diferentes”, avaliou Dilma no programa semanal de rádio Café com a Presidenta.

A repressão à entrada de drogas e armas em território brasileiro é uma das principais frentes do plano, e, segundo Dilma, complementa outras ações da política de segurança pública do governo. “Quando impedimos a entrada de drogas e armas no país, evitamos que esses produtos cheguem às cidades, às comunidades e às favelas. E aí, esta operação se soma às várias ações que estamos implementando nos centros urbanos, como as UPPs [unidades de Polícia Pacificadora]”, disse.

Além das ações policiais, o plano prevê investimentos em tecnologia e inteligência. Segundo Dilma, o Ministério da Defesa está elaborando um sistema que vai permitir o monitoramento por satélite das fronteiras. “É impossível imaginar que quase 17 mil quilômetros de fronteira possam ser monitorados só com policiais e soldados. É preciso usar informações e ter equipamentos que permitam planejar as ações”, ressaltou a presidenta.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Enquanto não for criada uma Polícia Nacional de Fronteiras, este "plano" não passa do papel e da boa vontade dos gestores das organizações envolvidas. É preciso uma organização específica de formação técnica para se comprometer com a missão e focar resultados. As atuais instituições envolvidas têm outros afazeres e funções precípuas que não podem ser abandonadas ou desviadas, podendo no máximo apoiar em inteligência, reforço de tropa e logística.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

TRAFICO - MULAS DEBOCHAM DA SEGURANÇA NA FRONTEIRA BRASILEIRA

PF divulga imagens que mostram traficantes entrando no Brasil com drogas. Jornal Nacional, Terça-feira, 19/07/2011

Os bandidos aparecem comemorando o momento em que transportavam drogas trazidas do Paraguai. Toda a quadrilha, formada por três casais, estava dividida em três carros e foi presa alguns quilômetros depois em outra blitz da Polícia Rodoviária Federal.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns à atenta equipe da PRF de Laranjeiras do Sul no Paraná, distante 300 km da fronteira, que acabaram com a farra dos bandidos e e a inoperância das forças de segurança na fronteira.

NIGERIANOS FLAGRADOS COM DROGAS NO ESTÔMAGO

PEGOS NO AEROPORTO - ZERO HORA 20/07/2011

Agentes da Polícia Federal detiveram, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), 22 nigerianos que tentavam embarcar para o continente africano com cápsulas de cocaína no estômago. Eles tentavam embarcar a Luanda, capital da Angola, na tarde de segunda-feira em um voo da empresa TAAG.

Com informações de que o grupo estaria transportando droga, supostamente cocaína, no estômago, os policiais abordaram os estrangeiros ao passar pelo scanner de Raio X. O grupo foi encaminhado em um ônibus para o Hospital Geral de Guarulhos. Na mala de um deles foram encontrados cerca de oito quilos da mesma droga.

Alguns dos nigerianos já teriam expelido parte da droga durante processo de lavagem estomacal pelo qual passaram. Do estômago de um deles, foram expelidos dois quilos da droga em pequenas cápsulas. Outro precisou passar por cirurgia. Um 23º nigeriano chegou a ser detido, mas ficou provado que ele não tinha relação com o grupo.

Depois de liberados do hospital, os nigerianos foram levados para delegacia da Polícia Federal em Cumbica. Os agentes acreditam que São Paulo e Luanda eram apenas conexões na rota do tráfico.

2kg foi a quantidade de cocaína dividida em pequenas cápsulas expelida do estômago de um dos africanos.

CONEXÃO PARAGUAIA INDICA ATUAÇÃO DE NOVATO NO TRÁFICO DE DROGAS EM PORTO ALEGRE


Apreensão indicaria ingresso de novato - NILSON MARIANO, zero hora 20/07/2011

Polícia acredita que traficante se estabeleceria na Capital com 395 quilos de maconha
Um novo traficante de drogas, considerado ousado e com ramificações na zona produtora de maconha do Paraguai, pode estar agindo em Porto Alegre. O alerta soou na madrugada de ontem, quando 18 agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) apreenderam, na zona sul da Capital, 395 quilos de maconha em uma casa abandonada.

Odiretor do Denarc, delegado Heliomar Franco, destaca que a apreensão surpreende por motivos além da quantidade. Grandes volumes de maconha já foram interceptados em rodovias ou na área rural, em sítios, mas não dentro da cidade. Via de regra, os tóxicos são partilhados antes de entrar na Capital, na estratégia dos traficantes de despistar a polícia e diminuir os prejuízos em caso de apreensão.

– É alguém novo, um brasileiro, que foi ousado ao estocar grande quantidade – avalia Franco.

A apreensão dos 395 quilos ocorreu às 5h da madrugada, na Avenida Juca Batista, dentro da Operação Guarani – o nome é referência a traficantes paraguaios que falam a língua indígena quando acertam negócios com os comparsas brasileiros. Quando as viaturas do Denarc chegaram à residência, ninguém escoltava a droga.

O delegado da 1ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (DIN) do Denarc, Mario Souza, diz que as investigações eram feitas desde março. Nos últimos dois dias, os policiais vigiavam a casa onde estava armazenada a maconha, mas não viram os traficantes. Eles podem ter desconfiado da presença policial e se escondido. Para garantir a prova do crime, o Denarc resolveu apreender o entorpecente.

– Não há perda nas investigações, porque conseguimos a materialidade do crime – diz Franco.

Jato de tinta em pacotes pode indicar procedência

A apreensão foi a primeira etapa. A segunda será ir atrás dos traficantes. Franco assegura que existem pistas, trata-se de uma quadrilha que atua há pelo menos uma década na Capital. Alguns têm antecedentes na Justiça. Nos últimos meses, teve o reforço do novo traficante.

– Tem gente nova. Vamos atrás dos suspeitos, são indivíduos astuciosos – aposta o delegado.

Avaliada em cerca de R$ 500 mil, a carga de maconha veio do Paraguai, desceu por Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina até entrar em Porto Alegre. Franco não sabe exatamente a rota rodoviária, mas acredita que veio em um só veículo. Embalada em diferentes tamanhos, tinha jatos de tinta azul e preta nos pacotes, o que pode indicar a procedência ou o destinatário. A suposição é de que seria distribuída exclusivamente na Zona Sul.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

EM UM MÊS, OPERAÇÃO APREENDE 11 TONELADAS DE DROGA, SEGUNDO MJ

Em um mês, operação na fronteira apreende 11 toneladas de droga - CAROLINA SARRES DE BRASÍLIA, FOLHA ONLINE, 11/07/2011 - 18h21


Foram apreendidas 11 toneladas de maconha e cocaína nos primeiros 30 dias da operação Sentinela de combate ao crime organizado na fronteira brasileira, segundo informações do Ministério da Justiça. Também foram presos em flagrante 550 pessoas e apreendidos 183,7 mil aparelhos eletrônicos e 358 mil pacotes de cigarro.

A apreensão de maconha nas fronteiras representou uma alta de 64,2% na comparação com as 6,3 toneladas retidas no período de janeiro a maio, segundo o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Segundo ele, o resultado foi "extremamente positivo".

O crescimento das apreensões, diz o ministro, se deve à ação coordenada entre os ministérios da Justiça e da Defesa e as polícias nacionais dos países vizinhos. Houve uma reformulação da política de fronteiras, que agora tem a participação integrada da Polícia Federal, da Polícia Nacional Rodoviária e da Força Nacional.

Ele ainda afirmou que a parceria com países fronteiriços tem contribuído para a diminuição do plantio de drogas em territórios vizinhos. Segundo o ministro, a questão é estratégica porque as fronteiras brasileiras ocupam 27% de todo o território nacional --cerca de 2,3 milhões de km2, ao longo de 11 Estados.

Dados do ministério apontam que foram erradicados 900 hectares de coca no Peru --o que resultaria em 600 quilos de cocaína-- e 900 hectares de maconha no Paraguai --que daria origem a 1.200 toneladas da droga.

"O desejo é não fazer apreensões, mas atuar de forma que não haja mais apreensões. A "erradicação do solo" dos países vizinhos é uma estratégia que botamos muita fé, porque erradicando conseguiremos reduzir fortemente o tráfico de drogas", afirmou Cardozo.

Os custos, o efetivo, os períodos e os locais onde há atuação da operação Sentinela não foram divulgados por motivos de segurança.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

TRÁFICO DE PESSOAS - HAITIANOS SÃO ALICIADOS PARA ENTRAR NO BRASIL

PF prende acusado de aliciar haitianos para entrar no Brasil. Após prometer trabalho e moradia, acusado cobrava até US$ 2 mil para levá-los do Peru até o Brasil - 06 de julho de 2011 | 16h 05 - Marcela Gonsalves - estadão.com.br

SÃO PAULO - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, 5, em Tabatinga (AM), o haitiano R. J., de 28 anos, acusado de introduzir estrangeiros clandestinamente e de forma irregular no país.

A investigação começou após denúncia dos próprios haitianos. Segundo os estrangeiros, o acusado cobrava até dois mil dólares para levá-los do Peru até o Brasil. O suspeito, que fala espanhol, prometia trabalho, facilidade para obter moradia em Tabatinga e transporte até Manaus, capital do estado. Pela alta quantia que cobrava, alguns haitianos se revoltaram e foram à Delegacia da PF delatar a situação.

Após as declarações dos haitianos, foi aberto um Inquérito Policial para apurar os fatos e a Justiça Federal decretou o mandado de prisão. R.J. foi encaminhado para a Unidade Prisional de Tabatinga, onde espera seu julgamento. A pena para esse tipo de crime é de 1 a 3 anos de reclusão e expulsão do estrangeiro.

Segundo a PF, em 2010, após o terremoto de janeiro no Haiti, cerca de 500 moradores da ilha entraram no município amazonense. Neste ano, mais de 850 haitianos adentraram no país e cerca de 400 estão esperando em Tabatinga para serem atendidos pela Polícia Federal.

Os imigrantes vem do Haiti, passando pela República Dominicana e pelo Equador. Depois chegam ao Peru na cidade de Santa Rosa, que faz fronteira pelo Rio Solimões com Tabatinga. Posteriormente, a maioria dos haitianos vai para Manaus em busca de emprego para ajudar suas famílias.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

CONTRABANDO - APREENDIDOS 11 MIL MAÇOS DE CIGARROS A 100 KM DE PORTO ALEGRE

Apreendidos 11 mil maços de cigarros contrabandeados. Produtos foram localizados em dois carros na BR 386, em Lajeado. Marjuliê Martini / Rádio Guaíba - CORREIO DO POVO, 06/07/2011

Agentes da Receita Federal e da Polícia Rodoviária Federal apreenderam cigarros contrabandeados, na madrugada desta quarta-feira, na BR 386 em Lajeado, no Vale do Taquari. Em um Santana e em um Astra, com placas de Gramado, foram encontrados 11 mil maços vindos do Paraguai.

Os carros foram retidos pela Receita e os motoristas, identificados e liberados. Eles serão autuados e devem responder por contrabando e descaminho. Além disso, ônibus e outros automóveis foram fiscalizados e algumas pessoas, que superaram as cotas de compras no Paraguai, tiveram as mercadorias apreendidas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais uma prova da facilidade com que os contrabandistas passam produtos pelas fronteiras do Brasil. Lageado fica a 100 km da capital do RS, Porto Alegre e distante mais de 500 km da fronteira.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ROTA DO TRÁFICO

- OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 03/07/2011

A consolidação do Brasil como uma das principais rotas de tráfico da cocaína produzida nos Andes para a Europa, comprovada por um relatório da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre drogas e crimes, era uma questão de tempo. Com o aumento da repressão ao tráfico nos países antes utilizados como rota da droga para a Europa, como México, Panamá e República Dominicana, os traficantes que operam na América Latina tiveram de encontrar outros caminhos. Os cerca de 17 mil quilômetros de fronteiras do Brasil com dez países sul-americanos, até agora muito pouco vigiados, e a ineficácia das políticas de prevenção e combate às drogas facilitaram a escolha dos criminosos.

Os resultados apresentados há pouco pela agência da ONU não deixam dúvidas quanto à importância do território brasileiro para o tráfico de drogas. O Relatório Mundial de Drogas informa que o número de carregamentos de cocaína procedentes do Brasil apreendidos na Europa saltou de 25 em 2005 para 260 em 2009.

O fato de esse aumento ter ocorrido num período em que a agência da ONU detectou uma redução na área cultivada com coca (de 221,3 mil hectares em 2000 para 149,1 mil hectares em 2010, diminuição de 33%) mostra que os traficantes concentraram boa parte de suas operações no País. Mesmo assim, o Brasil não é o principal ponto de embarque da cocaína apreendida na Europa. Esse posto cabe à Venezuela; em seguida vêm o Equador, o Brasil e a Argentina. Mas o Brasil é o único país sul-americano do qual partiu cocaína apreendida na África em 2009.

O estudo mostra também uma mudança na forma como a cocaína é levada do Brasil para a Europa. O volume total apreendido passou de 330 kg em 2005 para 1.500 kg em 2009. Ou seja, o peso médio de cada carregamento apreendido na Europa diminuiu de 13,6 para 5,8 kg. Mais pessoas estão transportando cocaína do Brasil para a Europa, mas cada uma leva, em média, uma quantidade menor da droga, o que torna mais fácil o tráfico e mais difícil a ação policial.

Outro dado que mostra a importância que o Brasil passou a ter no tráfico mundial de drogas é o volume de drogas apreendido dentro do território nacional. Em 2004, a polícia brasileira apreendeu 8 toneladas de cocaína e, em 2009, 24 toneladas. Ou seja, as apreensões triplicaram em quatro anos, o que indica movimentação bem maior da droga em território nacional.

A maior parte da droga que entra no Brasil é destinada ao mercado externo. As estimativas da agência da ONU indicam que o Brasil tem cerca de 900 mil usuários de cocaína ou de derivados de coca, como crack. Embora represente o maior contingente de usuários da América Latina, esse número, se comparado com a população, deixa o Brasil atrás da Argentina, do Chile e do Uruguai.

A importância que o Brasil passou a ter nas rotas do narcotráfico levou o governo americano a advertir o brasileiro para a necessidade de negociar mais intensamente com países da América Central sobre medidas de combate ao tráfico de drogas e de aderir ao acordo sobre o tema assinado pelos Estados Unidos com países da África Ocidental.

Além de agir no plano diplomático, o governo brasileiro precisa ser mais eficiente no combate ao tráfico. Nesse campo, sua ação tem sido insuficiente e ineficaz, e os números divulgados pela agência da ONU comprovam isso.

Só recentemente o governo decidiu agir de maneira coordenada para controlar melhor as fronteiras, por meio de plano que prevê a ação conjunta de todos os órgãos federais de segurança pública e das Forças Armadas, sob um comando unificado. Além do contrabando de mercadorias, a falta de controle nas fronteiras brasileiras tem estimulado o tráfico de drogas e de armas.

Órgãos estaduais também poderão participar dessa ação, por meio de convênio com o governo federal. Mas o êxito dessa política depende também, e muito, da cooperação dos governos dos países vizinhos, alguns dos quais são os maiores produtores de drogas.