terça-feira, 31 de maio de 2011

CORRUPÇÃO FACILITA AÇÃO DE CRIMINOSOS NAS FRONTEIRAS

Corrupção facilita ação de criminosos nas fronteiras brasileiras - JORNAL NACIONAL, 31/05/2011

Na segunda reportagem da série especial, repórteres flagraram o comércio ilegal de armas, oferta de drogas, contrabando nos rios e até falsificação de selos do Inmetro. Em uma faixa de 200 quilômetros, já foram mapeados 3 mil pontos de travessia.



Na segunda reportagem da série especial sobre as fronteiras terrestres brasileiras, os repórteres Cesar Tralli, Robinson Cerântula e Fernando Ferro mostram o comércio ilegal de armas, a oferta de drogas, o contrabando nos rios e até a falsificação de selos do Inmetro. Tudo isso facilitado pela corrupção.

Onde tem rua de comércio popular no Paraguai quase sempre tem uma loja de arma. São 32 só na fronteira com o Paraná. À venda, há pistolas automáticas de grande precisão, as mesmas usadas no Brasil para assaltar e matar.

O contrabando para Foz do Iguaçu é garantido. “Entrega lá em Foz. Se quiser, agora mesmo, eu levo para você. Depende do movimento. Pode levar 15 minutos, meia hora, uma hora. Passa”, garantiu o vendedor.

É de moto que as armas entram ilegalmente no Brasil. Uma delas, apreendida cruzando a ponte da Amizade, tinha uma pistola automática sendo levada no fundo falso do banco. Em outra moto, a arma estava sendo transportada dentro do reservatório de óleo.
O movimento é frenético. São 30 motos por minuto passando na ponte.

“É um transporte muito rápido, ágil e o efetivo aqui seria meio que inviável para fiscalizar todas as motos que passam. Não tem 100% de eficiência”, admitiu o policial da Força Nacional de Segurança Breno Nogueira Amaral.

Quinhentos quilômetros para cima da linha de fronteira e mais um perigoso corredor do crime: a passagem de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, para Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. É praticamente impossível saber onde uma cidade termina e onde a outra começa, em outro país. É assim ao longo de mais de dez quilômetros.

Nossos produtores deram uma voltinha no centro. Em apenas dez minutos, ouviram todo tipo de oferta: munição, remédio falso, cocaína.

A novidade do momento, na região, é o selo falsificado do Inmetro para empurrar o contrabando de carrinhos de bebê e enganar o consumidor no Brasil.

Em uma loja, tem falsificação também para capacete de moto. O vendedor é descarado na mentira: “Se você colocar o selinho, já é brasileiro”, disse.

Um golpe vendido no atacado: “Se levar por cartela, é mais barato. Se levar só um, está R$ 5”.

O selo de qualidade do Inmetro é uma exigência da lei. Só pode ser vendido o equipamento de segurança aprovado em testes de resistência. O capacete de selo falso que a equipe do JN comprou no Paraguai racha no meio no teste.

“Ele pode ser utilizado, de jeito nenhum. Não oferece segurança nem proteção ao usuário”, alertou um funcionário do Inmetro.

Saúde em jogo também com cigarro pirateado. “Neles há, inclusive, selos falsificados da Receita Federal do Brasil. É a prova de que o cigarro é destinado para o mercado brasileiro”, destacou o funcionário.

São 60 fábricas do lado paraguaio e quase toda a produção é contrabandeada.
“Se o Paraguai produz 65 bilhões de cigarros e consome apenas 3 bilhões, nós temos esse diferencial todo despejado no mercado brasileiro”, afirmou Luciano Barros, da Associação Brasileira de Combate à Falsificação.

É pela água que 70% de todas as muambas cruzam a fronteira do Paraguai para o Brasil. Em uma faixa de 200 quilômetros, já foram mapeados 3 mil pontos de travessia, os chamados portos clandestinos.

A equipe de reportagem do Jornal Nacional flagrou jovens e adolescentes carregando caixas e mais caixas de muamba. Um barco carregado de mercadorias e um rapaz só transportando-as. O rapaz escondeu o rosto para não aparecer.

À noite, um formigueiro de gente pegando muamba da margem e transportando para dentro do Brasil. Só este ano, a Polícia Federal já apreendeu 50 barcos carregados. Mas ainda é difícil fisgar peixes graúdos, como os donos da mercadoria.

“É difícil porque a extensão do lago é grande. O nosso efetivo não está o efetivo ideal que necessitaríamos para trabalhar”, admitiu o agente da Polícia Federal Celso Calori.

Um brasileiro é gerente de porto clandestino em Foz do Iguaçu. Presta serviço para seis quadrilhas de contrabandistas.

“Pego essa carga ilegal distribuo em vários depósitos. Casas, barracão, em vários lugares. Vai para o Brasil inteiro. São de várias regiões: Minas, São Paulo, Bahia, vem de tudo quanto é lugar”, disse ele.

O criminoso diz que todo esquema de transporte e distribuição é movido à corrupção. “Pago propina para poder trabalhar tranquilo. Depende, varia de R$ 50, até R$ 1.000, R$ 10 mil”, revelou.

“Quem não paga o valor exigido sequer consegue transitar com a mercadoria naquele local”, relatou o promotor de justiça Rudi Burkler.

O promotor de combate ao crime organizado em Foz do Iguaçu já denunciou 160 guardas municipais, policiais civis e militares.

“Alguns policiais, com certeza, vivem mais da remuneração obtida com essa corrupção do que do próprio salário”, declarou ele.

O chefe da divisão da Receita Federal dos estados do Paraná e de Santa Catarina, Sérgio Lorente, declarou que existe um mapeamento dos portos clandestinos e que está aguardando recursos federais para retomar as operações em larga escala na fronteira.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, neste ano, oito policiais civis foram demitidos por má conduta. E, nos últimos três anos, 130 policiais militares foram afastados.

A Polícia Federal informou que, com o aumento do número de servidores nas unidades de Foz de Iguaçu e Guaíra, houve um crescimento nas operações de fiscalização na região.

CAMINHÃO TANQUE LOTADO DE CIGARROS CONTRABANDEADOS


APREENSÃO. Caminhão-tanque ocultava cigarros contrabandeados - ZERO HORA 31/05/2011

Em patrulhamento de rotina na Rua Bortolo Zanrosso, bairro Parque Oásis, em Caxias do Sul, a Brigada Militar flagrou a ação de um grupo que descarregava uma carga de cigarros de um caminhão-tanque.

Os policiais militares solicitaram a documentação da carga, que o condutor não tinha. Cinco pessoas foram presas por suspeita de contrabando e encaminhadas à Polícia Federal. Segundo informações da PF, mais de 150 mil maços de cigarro foram apreendidos.

Na sexta-feira, a PF já havia apreendido, em Cruzeiro do Sul, um caminhão-tanque adaptado para carregamento de cigarros contrabandeados do Paraguai. Cilindros no tanque estavam cheios de leite, para enganar a polícia.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

FRONTEIRAS DO BRASIL SÃO PASSAGENS FÁCEIS PARA CRIMINOSOS



Fronteiras do Brasil são passagens fáceis para criminosos de dez países - JORNAL NACIONAL, 30/05/2011, 21H17

Série mostra a vulnerabilidade das fronteiras brasileiras, o que explicaria a grande quantidade de armas e drogas contrabandeadas que chegam ao país. Foram 45 dias de viagem e o resultado é preocupante.
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Nesta segunda-feira (30), começa com a primeira reportagem de uma série sobre as fronteiras brasileiras. Nove anos atrás, em um trabalho semelhante a este, mostramos como essas áreas eram vulneráveis ao contrabando, às armas e às drogas. E como essa fragilidade se ligava diretamente à violência e à insegurança pública.

A série que você vai acompanhar nesta semana é resultado de uma viagem de 45 dias dos repórteres César Tralli, Robinson Cerântula e Fernando Ferro. O que eles encontraram é ainda mais preocupante.

Dois carros zero quilômetro e um disfarce quase perfeito: dentro das carrocerias. São máquinas fotográficas, lentes, baterias, equipamentos eletrônicos. É um carro zerinho adaptado para o transporte de muamba.

A equipe flagrou também R$ 1 milhão em cigarro paraguaio, contrabandeado de carreta. E até madeira recheada com 900 quilos de cocaína boliviana.

Apreensões todas feitas em estradas, bem depois que contrabandistas e traficantes já tinham passado os carregamentos pelas fronteiras brasileiras.

“A estrutura que eles têm é muito grande, então, eles têm batedores, olheiros, sistema de comunicação. E eles usam todas as formas para passar”, explicou o delegado Chang Fan, da Polícia Federal do MS.

E não é nem um pouco difícil entrar no Brasil. O posto da Receita Federal separa o Paraguai de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul. Quem chega do Paraguai, obrigatoriamente, deveria passar pela fiscalização. Mas existe um atalho, um jeitinho fácil de fugir do controle da Receita Federal.

Às 9h40 a equipe de reportagem começou a percorrer esse trajeto por uma estradinha de terra que fica a 200 metros do posto de fiscalização. Só levou 20 minutos para que o atalho fosse percorrido. É só dar uma volta no posto.

Em apenas 15 quilômetros, são cinco passagens clandestinas, as chamadas cabriteiras.

Para piorar, o inspetor-chefe de Mundo Novo disse que, em março, perdeu o reforço de oito funcionários por corte de despesas. “Não há condições de fiscalizar todos os veículos. Então, é uma conta simples: mais servidores, fiscalização mais efetiva”, destacou.

Da fronteira com o Paraguai para a passagem com a Bolívia. Corumbá é uma das mais perigosas portas de entrada de cocaína e muamba.

O posto da Receita Federal brasileira está bem na divisa, mas é muito fácil sair da Bolívia e entrar no Brasil sem passar pela fiscalização.

A equipe de reportagem parou em um mercadinho de Porto Quijarro, na Bolívia, e comprou três quilos de açúcar.

Dobrando uma esquina, fica o atalho para o Brasil. É uma trilha no mato. E acredite: área do Exército brasileiro. Uma passagem bem curtinha, que não deu 200 metros. Exatamente a 50 metros da fiscalização.

Se fossem três quilos de cocaína, já teriam ingressado em território brasileiro.

É uma aglomeração de sacoleiros e do atalho sai de tudo, dia e noite. O fiscal da Receita no local diz que não pode fazer nada: “Não, aqui eu não posso sair, porque é abandono de posto”, contou.

São apenas 27 postos de fiscalização da Receita Federal para quase 17 mil quilômetros de fronteira que separam 11 estados brasileiros de 10 países.

E de um extremo ao outro por onde a equipe passou, em 45 dias de viagem, uma situação se repetiu: salas vazias, sem ninguém. Mesmo uma sala de vigilância, o prédio estava completamente vazio. Foi o posto de Barra do Quaraí, que separa o Rio grande do Sul do Uruguai.

O segurança só cuida das instalações. De repente, aparece Alfredo Siqueira, fiscal da Receita na região faz dez anos. “Sempre foi precária assim a fiscalização”, disse.
Essa região do Rio Grande Sul é rota de contrabando de agrotóxicos chineses. Do outro lado, o gerente garante entrega em qualquer lugar do país. “Se comprar 100, 200 quilos, vai passando, de 30 quilos, de 40 quilos, dependendo de como está o controle. Isso não é nenhum problema”.

“O perigo é o crime ambiental, o perigo à saúde pública. Não tem nenhuma autorização da Anvisa, nem nada, nem menos do Ministério da Agricultura”, declarou o fiscal da Receita Federal Udilberto Lobo.

O preço da fronteira aberta entre Tabatinga e a vizinha Letícia, na Colômbia, é muitas vezes pago com a própria vida. Um pedaço da Amazônia manchado pela violência dos cartéis de cocaína.

Execuções a tiros, crimes sob encomenda. A maior parte dos assassinatos em Tabatinga é cometida por matadores de aluguel, que raramente são presos pela facilidade que eles têm de fugir para a Colômbia.

A polícia deles, pelo menos, marca presença na avenida que liga as cidades. Do nosso lado, um posto da PM, desativado faz mais de dez anos.

“O crime foi exatamente aqui, nesse local. O rapaz tomou três tiros e morreu na hora.

O assassino saiu correndo e fugiu. Foi embora para Colômbia”, lembrou um policial.

O pistoleiro a serviço do tráfico foi identificado e perseguido. O policial estava a apenas três metros do assassino, e não pôde prendê-lo, porque o colombiano já estava pisando na Colômbia. “Fica uma sensação muito ruim. Tem que fazer cumprir a lei, e você não pode fazer isso. Uma sensação de impotência”, contou ele.

A Polícia Federal informou que a fiscalização em Tabatinga nem sempre é feita na fronteira, mas no aeroporto e no porto fluvial da cidade. E que faz operações para prender quem foge da fiscalização pelas estradas vicinais.

O Exército declarou que irá reforçar o patrulhamento para impedir a passagem de pessoas pela trilha em Corumbá.

A Receita Federal afirmou que administra os escassos recursos para atender à demanda que não para de crescer no controle das fronteiras.

Nesta segunda, em Porto Velho, secretários de Segurança da Região Norte se reuniram com integrantes das Forças Armadas para propor melhorias no controle das fronteiras da região

sábado, 28 de maio de 2011

PLANO PARA AUMENTAR SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS

Forças Armadas apresentam plano para aumentar segurança nas fronteiras - Jornal da Câmara - DEFESA NET 26/05/2011

Representantes das Forças Armadas apresentaram, nesta quarta-feira, aos deputados da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional os planos do governo para aumentar a segurança nas fronteiras.

Segundo o coordenador da Estratégia Nacional de Fronteiras (Enafron), José Altair Benites, o projeto do governo para coibir a criminalidade nas áreas limítrofes com os países vizinhos integra ações das Forças Armadas e da Polícia Federal (PF).

A Enafron prevê melhorias na vigilância na Amazônia por meio de patrulhamento aéreo, terrestre e nos 9.523 quilômetros de rios e canais que separam o País dos vizinhos. O projeto conta ainda com postos de bloqueio nas calhas dos rios e nas principais rodovias para realização de "blitz".

A fronteira do Brasil tem 16.686 quilômetros de extensão, dos quais 7.000 são de fronteira seca, por onde passa com mais facilidade contrabando de armas, explosivos e drogas como cocaína, maconha e crack. Outros crimes ocorrem graças a falhas de vigilância na fronteira: trânsito de veículos roubados, imigração ilegal, tráfico de pessoas e crimes ambientais como a biopirataria.

Policiais desmotivados

Um dos problemas apontados pelo coordenador é a falta de motivação dos policiais para trabalhar na região. "Um policial, quando é lotado nessas regiões em cidade inóspita, não tem imóveis para alugar”, explica Benites. “Quando consegue [imóveis], eventualmente são de pessoas investigadas pela própria PF.”

Benites informou que, na Estratégia Nacional de Fronteiras, estão previstas construções de residências para a PF em locais onde não há possiblidade de residir com as famílias.

Para motivar os agentes que trabalham nas fronteiras, a Enafron propõe gratificação para esses policiais, além da reposição anual do efetivo por meio de concurso público. Segundo o coordenador, a demora de reposição dos policiais, em razão das aposentadorias coletivas, inviabiliza operações de grande porte.

Maioria do Exército

Entre os militares da zona de fronteira, a Marinha conta com 7.000 homens, o Exército com 31.000 e a Aeronáutica com pouco mais de 2.500. O subchefe de operações da Chefia de Preparo e Emprego do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, major-brigadeiro Gerson de Oliveira, explica que a parceria com a Polícia Federal é fundamental, pois as Forças Armadas são voltadas para a inteligência militar, para o combate ao inimigo externo, e não para enfrentar a criminalidade.

Gerson Oliveira ressalta que, “na maioria das operações de fronteira, é primordial a participação da Polícia Federal, que é quem detém as informações com relação às organizações criminosas."

Subcomissão

A Comissão de Relações Exteriores instalou na semana passada uma subcomissão para acompanhar as ações de proteção das fronteiras brasileiras. O presidente é o deputado Roberto de Lucena (PV-SP). O deputado George Hilton (PRB-MG) foi escolhido relator.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

FORÇAS ARMADAS APRESENTAM PLANO. POLICIAIS DESMOTIVADOS

Forças Armadas apresentam plano para aumentar segurança nas fronteiras.Os integrantes do Exército são maioria nas ações de segurança nas fronteiras brasileiras. Agência Brasil - Reportagem – Luiz Cláudio Canuto/Rádio Câmara; Edição – Newton Araújo. Agência Câmara de Notícias - 26/05/2011

Representantes das Forças Armadas apresentaram, nesta quarta-feira, aos deputados da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional os planos do governo para aumentar a segurança nas fronteiras.

Segundo o coordenador da Estratégia Nacional de Fronteiras (Enafron), José Altair Benites, o projeto do governo para coibir a criminalidade nas áreas limítrofes com os países vizinhos integra ações das Forças Armadas e da Polícia Federal (PF).
A Enafron prevê melhorias na vigilância na Amazônia por meio de patrulhamento aéreo, terrestre e nos 9.523 quilômetros de rios e canais que separam o País dos vizinhos. O projeto conta ainda com postos de bloqueio nas calhas dos rios e nas principais rodovias para realização de blitzen.

A fronteira do Brasil tem 16.686 quilômetros de extensão, dos quais 7.000 são de fronteira seca, por onde passa com mais facilidade contrabando de armas, explosivos e drogas como cocaína, maconha e crack. Outros crimes ocorrem graças a falhas de vigilância na fronteira: trânsito de veículos roubados, imigração ilegal, tráfico de pessoas e crimes ambientais como a biopirataria.

Policiais desmotivados

Um dos problemas apontados pelo coordenador é a falta de motivação dos policiais para trabalhar na região. "Um policial, quando é lotado nessas regiões em cidade inóspita, não tem imóveis para alugar”, explica Benites. “Quando consegue [imóveis], eventualmente são de pessoas investigadas pela própria PF.”

Benites informou que, na Estratégia Nacional de Fronteiras, estão previstas construções de residências para a PF em locais onde não há possiblidade de residir com as famílias.

Para motivar os agentes que trabalham nas fronteiras, a Enafron propõe gratificação para esses policiais, além da reposição anual do efetivo por meio de concurso público. Segundo o coordenador, a demora de reposição dos policiais, em razão das aposentadorias coletivas, inviabiliza operações de grande porte.

Maioria do Exército

Entre os militares da zona de fronteira, a Marinha conta com 7.000 homens, o Exército com 31.000 e a Aeronáutica com pouco mais de 2.500. O subchefe de operações da Chefia de Preparo e Emprego do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, major-brigadeiro Gerson de Oliveira, explica que a parceria com a Polícia Federal é fundamental, pois as Forças Armadas são voltadas para a inteligência militar, para o combate ao inimigo externo, e não para enfrentar a criminalidade.

Gerson Oliveira ressalta que, “na maioria das operações de fronteira, é primordial a participação da Polícia Federal, que é quem detém as informações com relação às organizações criminosas."

Subcomissão

A Comissão de Relações Exteriores instalou na semana passada uma subcomissão para acompanhar as ações de proteção das fronteiras brasileiras. O presidente é o deputado Roberto de Lucena (PV-SP). O deputado George Hilton (PRB-MG) foi escolhido relator.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Isto prova o descaso do Governo para, de forma profissional e permanente, controlar, monitorar e patrulhar as fronteiras brasileiras. As Forças Armadas com estrutura, efetivos e logística estão ocupando um espaço que deveria ser de uma Polícia Nacional de Fronteiras. É medida típica de um Estado totalitário apoiado por um Congresso Nacional conivente, cujos resultados serão superficiais e inoperantes.

sábado, 21 de maio de 2011

PROMESSA DE INVESTIR NO CONTROLE DAS FRONTEIRAS

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Em maio de 2010, o Governo Lula prometeu investir no policiamento das fronteiras, criando bases e policiamento especializado. Entretanto, apesar da preocupação internacional, foi mais uma promessa que ficou na retórica presidencial.

Governo anuncia ofensiva no controle das fronteiras brasileiras - R7 - JORNAL DA RECORD, 03/05/2010

O Brasil deve ajudar o Paraguai na construção de linhas de transmissão de energia elétrica, produzida em Itaipu. Lula assinou acordos com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, para combater o narcotráfico.

ARSENAL DO TRÁFICO DO ALEMÃO VINHA DO EXTERIOR

Relatório oficial. Tráfico internacional de armas abastecia o Complexo do Alemão - O GLOBO, 28/04/2011 às 23h45m; Evandro Éboli

BRASÍLIA - Um relatório oficial e detalhado das forças de segurança que atuaram no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro revela que, das 289 armas apreendidas nestas localidades, 172 delas (60% do total) são de uso restrito de militares e policiais. O documento aponta que 222 (77%) são de fabricação estrangeira. A maioria do armamento, 160 unidades (56%), é composta de fuzis ou metralhadoras.

Do total apreendido, 20 armas (7%) pertenciam a forças armadas estrangeiras: 14 da Bolívia, três da Argentina, duas do Paraguai e uma da Venezuela. Outras quatro têm como procedência o Exército brasileiro, quatro são identificadas como pertencentes ao governo do Brasil, duas da PM do Rio e uma da Polícia Civil.

O levantamento contém detalhes do armamento - tipo, modelo, fabricante, calibre, país de origem e número de série -, se é de uso restrito ou não e até o número da etiqueta e do laudo da apreensão. E também o item marca de prova, como o Brasão da República na culatra.

Na lista dos armamentos apreendidos há 121 fuzis, 80 pistolas, 23 submetralhadoras, 21 espingardas, 18 revólveres, 16 metralhadoras. Constam também uma arma artesanal, uma pistola de paint ball, uma quebrada (apenas uma peça) e dois armamentos falsos (réplicas).

O relatório chegou às mãos do deputado Francisco Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal e leu trechos do documento na reunião de ontem da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. O parlamentar afirmou que o levantamento comprova a presença do tráfico internacional de armas no Brasil e, para ele, desmente estatísticas e a argumentação de que a campanha do desarmamento resolve o problema da circulação de armas no país:

- A campanha de desarmamento não resolve o problema do tráfico internacional. Não atinge essas armas.

Na lista de países fabricantes, o Brasil aparece como o principal fornecedor do narcotráfico, com 67 unidades apreendidas (23%). Na relação, aparecem outro 18 países: Estados Unidos, com 64 armas (22%); Alemanha, Áustria e Bélgica, com 15 armas cada (5%); República Tcheca, 13 armas (4%) e Israel e Itália, dez armas (3%).
Para Francischini, há duas ações possíveis para o governo apreender o armamento estrangeiro: aumentar o orçamento e ampliar a vigilância nas fronteiras e incluir na campanha do desarmamento gratificação para policiais civis, militares, federais e municipais que recolherem o armamento importado.

- Isso diminui a corrupção e vai estimular o policial. O governo estará pagando por produtividade. Em quatro ou cinco anos, ele consegue dobrar seu salário. Os policiais sabem onde estão essas armas e, quando as apreenderem, com o pagamento, não vão repassar a bandidos - afirmou Francischini, que defende gratificações de R$ 300 a R$ 600.

sábado, 14 de maio de 2011

É PRECISO CONTROLAR AS FRONTEIRAS

É preciso haver controle de fronteiras, diz ministro dinamarquês - WILSON GOTARDELLO FILHO, colaboração para a Folha, em AARHUS (DINAMARCA) - FOLHA ONLINE, 14/05/2011

O ministro da Integração dinamarquês, Soren Pind, 47, afirmou nesta sexta-feira que o país não restabeleceu o controle das fronteiras, mas apenas "controle alfandegário", de acordo com o que o Tratado de Schengen permite e já é realizado pelo governo sueco.

"Trata-se de um sistema em que enviamos aleatoriamente fiscais de fronteiras para checar se existe tráfico drogas, armas. Não vamos implementar o controle de passaportes, de pessoas, de passageiros nas fronteiras", disse.

Para ele, todas as críticas são uma reação à decisão do governo de atender a uma demanda do Partido do Povo Dinamarquês. "Jornalistas e intelectuais europeus esquerdistas tendem a ver o partido como de extrema direita", afirmou o ministro.

Segundo Pind, uma revisão no Tratado de Schengen que possibilite a suspensão da livre-circulação de pessoas em situações excepcionais é positiva, mas um acordo entre os países para decidir quem terá o poder de fechar fronteiras será muito difícil.

"Prefiro que a Comissão Europeia decida nesses casos", disse. Leia os principais trechos da entrevista:

FOLHA - Por que é importante restabelecer o controle das fronteiras?
SOREN PIND - É importante esclarecer que nós não restabelecemos o controle das fronteiras. Eu estou muito triste que essa história falsa esteja repercutindo ao redor do mundo. Isso aconteceu porque alguns jornalistas e intelectuais europeus esquerdistas tendem a ver o Partido do Povo Dinamarquês como um partido de extrema direita. O fato de o governo ter feito um acordo político com esse partido e o fato de estarmos restabelecendo o controle alfandegário fez essa história correr o mundo. Mas se analisarmos a situação friamente, estamos apenas implementando um sistema conhecido, o mesmo que Suécia implementou há algum tempo --o governo sueco até nos apoiou na decisão.

E como vai funcionar esse "controle alfandegário"?
Trata-se de um sistema em que enviamos aleatoriamente fiscais de fronteiras para checar se existe tráfico de drogas, de armas. Não vamos implementar o controle de passaportes, de pessoas, de passageiros nas fronteiras. Eu fui a Londres outro dia, desembarquei e tive que esperar uma hora e meia em uma fila para mostrar meu passaporte. É claro que para nós do governo esse tempo já ficou para trás e não queremos que volte. Nós deixaremos isso para os outros países, como o Reino Unido. Mas o que precisamos assegurar é o fim da criminalidade nas fronteiras. E usar fiscais para fazer isso é totalmente aceitável.

Como os carros e pessoas fiscalizados serão escolhidos?
Vai ser como é hoje em dia. Se você cruzar as nossas fronteiras vai ver que existem fiscais que às vezes param alguns carros.

Não na fronteira com a Alemanha.
Mas na fronteira com a Suécia existe. Se você cruzar a ponte, às vezes, algum fiscal pode pedir para fiscalizar o seu carro. E às vezes não tem nenhum fiscal por lá. E assim vai passar a ser na fronteira com a Alemanha também.

O governo vai fazer algum tipo de recomendação específica aos fiscais?
Não. Esse trabalho será baseado puramente em investigações. Eu não sou um fiscal-fronteiriço. Seria ridículo se o governo tentasse estabelecer regras para que eles trabalhem. Esse é o trabalho deles e será baseado em evidências e experiência.

Depois da decisão do governo dinamarquês, a União Europeia concordou em examinar a proposta para a reintroduzir os controles nas fronteiras. Como você vê esse movimento?
Eu não vejo de outra maneira a não ser que foi uma decisão política. Especialmente em relação à política interna da Alemanha, onde o partido liberal está pressionando muito. E claro, há pressões de outras partes da União Europeia, que são na verdade quem realmente gostaria de restabelecer o controle das fronteiras.

O sr. está se referindo à França e à Itália?
Bem, eu quero dizer que considero muito estranhas essas críticas. Quem na verdade ameaçou restabelecer o controle fronteiriço? Certamente não foi o meu país. São dois países muito maiores que o meu que estão pressionando por mudanças.

E qual a posição da Dinamarca com relação às mudanças propostas?
Nós apoiamos a proposta de Itália e França, que trata de situações excepcionais. Os países podem ser autorizados a restabelecer o controle fronteiriço por um curto período de tempo nesses casos. O maior problema é estabelecer quem terá o poder de decidir e autorizar o fechamento das fronteiras nessas ocasiões. Eu não tenho certeza que vamos conseguir chegar a um acordo em relação a isso.

E quem deveria decidir?
O governo ainda não decidiu oficialmente como vai se posicionar, mas eu prefiro que a Comissão Europeia decida nesses casos.

Qual o maior desafio para a população dinamarquesa no processo de integração dos imigrantes?
Eu acredito que o maior desafio é aceitar que nem todo mundo é igual a nossa sociedade. Nós somos uma tribo há mais de dois mil anos. Nós viemos dos vikings e gostamos muito do nosso jeito de viver.

E o maior desafio para os imigrantes que vivem na Dinamarca?
É a aceitação de que o país que para o qual eles imigraram é a Dinamarca. Todo mundo é orgulhoso do seu país. E claro que os dinamarqueses também têm orgulho da Dinamarca e não querem ver mudanças negativas nessa sociedade, como mulheres vivendo sob opressão, casamentos forçados e violência --se você for nas casas de apoio contra a violência doméstica do governo de 45% a 46% das mulheres que vão lá não são de origem étnica dinamarquesa. Nós não queremos esses aspectos culturais, de verdade.

Sinceramente nós queremos liberdade para todos. Mas o caso é simples. A Dinamarca precisa de imigração e as pessoas parecem que gostam de vir morar aqui. O nosso governo, desde 2001, mudou totalmente as regras de imigração. Se compararmos com 2001, hoje entram três vezes mais pessoas no país para estudar e trabalhar. Se olharmos para a idade das mulheres de origem não-dinamarquesa na ocasião do casamento, elas são mais velhas hoje em dia. Antes tínhamos casamentos de mulheres de 16, 17, 18 anos.

Hoje elas têm casado aos 24, 25 anos. Isso acontece porque implementamos uma lei em 2004 que não permite que um imigrante se case antes dos 24 anos. Hoje, essa parcela da sociedade, as mulheres de origem étnica não-dinamarquesa são as com melhor nível educacional. Isso é algo fantástico. Elas não tinham nenhuma educação antes. Eu sou orgulhoso desse feito. Então, os maiores desafios são o reconhecimento de que não queremos algumas práticas no nosso país, mas que as coisas não permanecerão as mesmas.

Não é uma intromissão na vida privada dessas mulheres proibir o casamento?
Essa lei não está mais isolada na nosso política de imigração. Hoje em dia temos um sistema de pontos que é mais complexo e pode permitir casamentos. Mas concordo com você, é uma intromissão. E eu sou um libertário, então não fico necessariamente feliz com isso, mas só consigo enxergar a diferença que essa lei fez na vida dessas jovens mulheres. Hoje elas têm acesso a educação, podem escolher os próprios maridos. Às vezes é preciso sacrificar algumas coisas e aceitar que nem tudo é tão fácil como parece ser.

O sr. considera a Dinamarca um bom país para os imigrantes?
Eu acredito que sim. A maioria dos imigrantes que eu conheço gosta. É uma sociedade pacifica. Mas é verdade que alguns grupos imigrantes estão mais representados nas estatísticas de crimes.

Quais são esses grupos?
Mais recentemente, por exemplo, fizemos uma pesquisa sobre a contribuição dos diversos imigrantes à economia dinamarquesa. A pesquisa mostrou que imigrantes do mundo ocidental contribuem com um valor entre 2 bilhões e 4 bilhões de coroas dinamarquesas por ano, enquanto imigrantes de países de fora do mundo ocidental, isso eu quero dizer países como Paquistão e Somália, custam ao governo cerca de 16 bilhões de coroas. É preciso levar em consideração que esses imigrantes têm mais filhos e, claro, frequentam as escolas. E essa diferença entre os dois grupos de imigrantes vai se acentuar até 2050. Por isso, precisamos ser inteligentes. Eu quero dizer, você não pode ir para os Estados Unidos sem nada, certo? Esse é o caso da Dinamarca também. Se você tiver alguma habilidade, nós vamos abrir nossas portas.

A Dinamarca está se tornando um país menos tolerante com os imigrantes?
Olha, todas as vezes que realizam pesquisas sobre tolerância, confiança, e outros assuntos, os dinamarqueses sempre estão em primeiro lugar. Por isso eu acredito que todas essas críticas sejam resultado de disputas políticas, por que as pessoas não gostam do Partido do Povo Dinamarquês e gostam de comparar ao partido alemão de extrema direita. Mas não é. Trata-se apenas de um partido conservador.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Será que este exemplo serve para o Brasil?

sábado, 7 de maio de 2011

PÉ NO ACELERADOR

Ordem é para Polícia Federal é 'botar o pé no aceleador', diz ministro da Justiça. Martins Cardozo nega que o governo tenha pedido para a PF reduzir ritmo das operações contra corrupção e anuncia liberação de R$ 14 milhões - O GLOBO, 06 de maio de 2011 | 22h 29 - Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo

"A ordem é a Polícia Federal botar o pé no acelerador”, afirmou na noite desta sexta-feira, 6, o ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, ao ser indagado se a PF recebeu orientação do governo para reduzir o ritmo das operações contra a corrupção e o crime organizado.

Em São Paulo, onde acompanhou a cerimônia de posse do novo superintendente regional da PF, o delegado Roberto Troncon Filho, o ministro anunciou estrategicamente a liberação de R$ 14 milhões destinados à rubrica diárias. A medida pode aplacar momentaneamente críticas que se multiplicam no interior da corporação.

Nas últimas semanas são cada vez mais fortes rumores de que a escassez de verbas tem comprometido pesadamente missões importantes da polícia, sobretudo o combate ao colarinho branco e a organizações que fraudam licitações. A falta de dinheiro também afeta ações nas fronteiras, alegam os federais.

Cada deslocamento dos federais para investigações e missões de rua custa alto para os cofres do Tesouro. Geralmente, são numerosos os contingentes de policiais mobilizados.