sexta-feira, 30 de março de 2012

A RETOMADA DA FRONTEIRA

Traficantes prosperavam devido à omissão do aparato policial, já que recebiam pouca atenção em razão de seu tamanho reduzido - Carlos Wagner, ZERO HORA ONLINE.


Ao longo da história, os governos do Estado têm se mantido longe dos problemas das fronteiras gaúchas com os países castelhanos. "É coisa da Polícia Federal (PF)" tem sido a desculpa. A Operação Navalha é uma mudança de atitude do Palácio Piratini. É a Polícia Civil (PC) dizendo para os bandidos da fronteira: "esta terra tem dono", como teria falado o índio Sepé Tiarajú, num dos tantos entreveros pela posse da terra nas coxilhas do Pampa.

A maioria dos moradores das cidades da Fronteira sabe quem são os traficantes. Tratam-se de migrantes do chibo — pequeno contrabando — para o comércio de drogas. Prosperaram na nova atividade devido à omissão do aparato policial, já que recebiam pouca atenção em razão de seu tamanho reduzido e as polícias Federal e Civil tinham outras preocupações na região. Até a Navalha, os traficantes desfilavam pelas ruas de cidades como São Borja, Uruguaiana, Itaqui, Quaraí e Santana do Livramento como exemplos do crime que "dá certo".

Qual o lugar dessas quadrilhas na geografia do crime organizado do Rio Grande do Sul? É uma pergunta que a investigação policial deverá responder. Mas uma coisa já é certa. Muitos desses quadrilheiros têm ligações com os traficantes da Região Metropolitana. Criminosos de Porto Alegre têm levado drogas para a Fronteira e trocado por munição e armas.

Como é do conhecimento geral, o traficante que foi preso abre espaço para um novo surgir. Daí a necessidade de a Polícia Civil manter a vigilância na região e tornar a prisão de traficante uma rotina.


* Carlos Wagner é autor do livro País-Bandido e de mais de 30 reportagens sobre crimes nas fronteiras brasileiras, incluindo a série Fronteira do Crime, prêmio Esso Regional 1998


Maior operação da história da Polícia Civil gaúcha prende 77 suspeitos na Fronteira Oeste. Operação Navalha é realizada nas zonas urbana e rural de São Borja. Luiz Roese, DIÁRIO DE SANTA MARIA, ZERO HORA ONLINE, 30/03/2012 | 10h39


Por volta das 6h desta sexta-feira, em São Borja, na Fronteira Oeste, começou aquela que é considerada a maior operação da história da Polícia Civil gaúcha em número de participantes. No total, 77 suspeitos foram presos.

Com o objetivo de combater 13 facções que comandam o tráfico de drogas na cidade, agentes e delegados de todas as regiões do Estado estão cumprindo 95 mandados de prisão temporária e 124 de busca e apreensão. As quadrilhas tinham pontos de tráfico espalhados pela cidade.

Foi apreendida uma quantidade ainda não divulgada de crack, cocaína e maconha, além de 30 veículos. Um empresário foi preso, mas a polícia não divulgou seu ramo de atuação e um advogado estaria sendo investigado.

A Operação Navalha, que contou com 600 policiais e 140 viaturas, além de dois cães farejadores, foi realizada nas zonas urbana e rural de São Borja. O trabalho de investigação começou há dois anos e deve continuar para cumprir os mandados restantes.

Os detidos e as apreensões foram encaminhados para a central da Polícia Civil do município.

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