sexta-feira, 11 de novembro de 2011

AVIÃO ESPIÃO NA TRÍPLICE FRONTEIRA


Avião espião. Tríplice fronteira será monitorada por três VANTs - 10/11/2011 às 18h40m; Fabiula Wurmeister (especial para O Globo)

FOZ DO IGUAÇU - Três veículos aéreos não tripulados (VANTs), um dos motes da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, serão empregados pelo governo federal para o monitoramento ininterrupto da tríplice fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina. O anúncio foi feito nesta quinta-feira em São Miguel do Iguaçu, a 30 quilômetros de Foz do Iguaçu (PR), pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante o início oficial das operações do primeiro avião espião cuja missão será monitorar a região 24 horas por dia.

As aeronaves israelenses vêm sendo testadas na fronteira desde 2009 e custam o equivalente a US$ 40 milhões cada uma. De acordo com o Centro Integrado de Inteligência Policial e Análise Estratégica (Cintepol), delegado Alessandro Moretti, os custos incluem o avião, a base operacional, peças de reposição, a capacitação dos agentes e os direitos de transferência da tecnologia.

- Apesar de aparentemente alto, é preciso ter em conta o custo-benefício desse tipo de ferramenta. Se comparado o custo de vôo de uma aeronave convencional, o do VANT chega a ser dez vezes menor, com uma eficiência e segurança nas ações muito maior - disse Moretti.

Pioneiro no uso deste tipo de aeronave não tripulada em ações de segurança pública, o Brasil prevê a compra de 14 aviões espiões. Em outros países, os VANTs são empregados em operações exclusivamente militares. Com autonomia de 37 horas de voo ininterruptas, abrangendo um radio de até 1,5 mil quilômetros e podendo chegar a dez mil metros de altura, auxiliará a Polícia Federal e demais órgãos de fiscalização no combate de crimes transnacionais como o tráfico de drogas e de armas, o contrabando e os crimes ambientais.

As imagens registradas pelo VANT e informações geradas pelos centros de inteligência brasileiros poderão ser compartilhadas com órgãos de segurança dos países vizinhos para o reforço das atuações integradas no combate à criminalidade.

- Isso já vêm sendo negociado em acordos bilaterais, por exemplo, com o Paraguai, Argentina e Bolívia - adiantou Moretti.

O aparelhamento das forças de segurança para a produção de provas qualificadas contra o crime também faz parte do plano de ação do Cintepol.

Inicialmente, o projeto previa a instalação de bases fixas na região de Foz do Iguaçu, considerada um dos pontos mais vulneráveis dos mais de 16 quilômetros de fronteira que o país divide com dez países, Amazônia e Brasília. Outras bases poderiam abranger ainda o chamado quadrilátero da maconha, em Pernambuco, além de São Paulo e Rio de Janeiro.

- Inicialmente começaremos o trabalho nesta região. Assim que reforçarmos o efetivo da Polícia Federal, outros pontos críticos serão atendidos. Mas, ainda não há prazo para isso - comentou Cardozo.

Restringindo-se às ações de segurança, o ministro evitou falar sobre a atual crise no governo e disse não "ver por que" a permanência do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, prejudicaria a faxina ministerial que a presidente Dilma vem empreendendo.

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