quarta-feira, 29 de junho de 2011

LAVAGEM DE DINHEIRO E TRÁFICO PILOTADOS DE SC

ESCOLINHA DO CRIME. Lavagem de dinheiro e tráfico pilotados a partir de Joinville. Esquema envolvia fazendas no MT, cocaína da Bolívia e distribuição para sete estados brasileiros por caminhões madeireiros - ROELTON MACIEL | JOINVILLE, diario catarinense, 29/06/2011

As principais ações da Operação Catimbó, da Polícia Federal (PF) – que investiga a lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas em sete estados brasileiros –, tiveram um desfecho ontem, com o primeiro balanço de uma investigação que durou cerca de um ano. Os policiais federais encerraram o cumprimento de 11 mandados de prisão com uma certeza: o esquema de tráfico e lavagem era controlado por dois joinvilenses e ainda contava com a participação de um negócio de fachada em Joinville: uma escolinha de futebol.

Os homens apontados pela PF como os mentores de todo o esquema são Lourival Pires Ribeiro, o “Juca Pires”, e seu filho Robson Pires Ribeiro. Eles foram presos no sábado, em Curitiba (PR), mas moravam e tinham negócios em Joinville.

– O Lourival era o grande responsável pela logística do esquema. Ele controlava fazendas no interior do Mato Grosso, por onde a droga chegava em aviões vindos da Bolívia. Depois, com o apoio do filho, organizava a distribuição para outros estados – afirma o delegado federal Wagner Mesquita de Oliveira.

O delegado também negou qualquer envolvimento do Joinville Esporte Clube (JEC) no esquema desvendado pela Operação Catimbó. Na segunda-feira, o clube negou ter feito negócios que envolvessem dinheiro com Jideon Pereira Santos, apontado como dono da escola de futebol usada como fachada.

Conforme o delegado, Lourival já havia sido condenado por tráfico de drogas após outra operação da Polícia Federal, em 1994. Ele chegou a ser citado durante a Comissão Par­­lamentar de Inquérito (CPI) do Nar­­cotráfico, em 2000.

Em buscas nas fazendas de Lourival no MT, foram encontrados cerca de 160 quilos de cocaína enterrada, além de pistas clandestinas para aviões. A polícia apreendeu outros 800 quilos da droga em fazendas que também teriam ligações com ele.

– Se fosse vendida, essa droga poderia render até R$ 10 milhões – calcula o delegado Wagner.

As pistas da investigação indicam que Lourival e Robson expandiram o esquema depois que o traficante brasileiro Maximiliano Dourado Munhoz Filho, o “Max”, foi preso na Bolívia, no fim do ano passado.

Prisão de traficante abriu mercado para o grupo

Como “Max” era considerado o maior fornecedor de cocaína da região, os joinvilenses herdaram uma grande demanda desde o começo do ano. Ainda ontem, a PF procurava outros dois suspeitos de participarem do grupo. Até o encerramento desta edição, ninguém mais havia sido preso.

A INVESTIGAÇÃO

O primeiro passo para o desencadeamento da Operação Catimbó foi dado ainda durante a Operação Ressaca, em maio do ano passado. Na época, a Polícia Federal investigou e prendeu Éder de Souza Conde, maior distribuidor de drogas da Grande Curitiba e conhecido como o “Fernandinho Beira-Mar” do Paraná. No carro dele, os policiais encontraram um cartão de visitas em nome de Robson Pires Ribeiro.

– O nome dele e o sobrenome da família eram bastante conhecidos. De lá pra cá, passamos a verificar quais eram as ligações entre eles – conta o delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita de Oliveira.

Conde foi julgado e condenado a 22 anos e três meses de prisão na semana passada. Durante o processo, a Justiça confiscou imóveis e veículos do traficante, avaliados
em mais de R$ 4,3 milhões. Outras oito pessoas acusadas de envolvimento na quadrilha também foram condenadas.

Na edição de ontem, 28 de junho, o Diário Catarinense publicou reportagem com as primeiras prisões e apreensões da Operação Catimbó em Joinville e Curitiba.

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