G1 - FANTÁSTICO - Edição do dia 17/02/2013
Quadrilhas compram explosivos com facilidade no Brasil e Paraguai
Durante um mês, Fantástico segue os passos das quadrilhas que compram dinamite para explodir caixas eletrônicos e agências bancárias.
Durante um mês, o Fantástico seguiu os passos das quadrilhas que compram dinamite para explodir caixas eletrônicos.
A cena é impressionante, e ocorre em quase todo o Brasil. Para entrar na agência bancária que está fechada, bandidos usam um machado ou um pé de cabra. Qualquer pessoa que esteja por perto pode virar refém, até mesmo policiais.
Dentro da agência, os criminosos golpeiam os caixas eletrônicos. O que eles querem é abrir espaço pra colocar dinamite dentro das máquinas.
As explosões destroem não só os caixas, mas a agência toda. Colocam em risco prédios vizinhos e aterrorizam cidades inteiras.
Quase sempre são municípios onde os poucos policiais não têm equipamentos para enfrentar as quadrilhas fortemente armadas, como conta um PM que não quer ser identificado: “Estava sozinho com uma pistola somente, e eles estavam em torno de oito armados com fuzil de grosso calibre”.
Os bandidos também atacam os cofres de pedágios, empresas e até prefeituras. A guerra começa com o comércio clandestino e o roubo de explosivos
Em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na fronteira com o Mato Grosso do Sul, o Fantástico localizou vendedores de explosivos, que negociam bananas de dinamite tranquilamente, à luz do dia.
- O que você precisa?
- Quero dinamite.
- Tem, tem?
- Boa, boa. Que funcione.
- Tem, tem.
O preço de cada banana: R$ 400 reais. O homem diz que fornece explosivos para quadrilhas brasileiras:
- Vem um cara que vem sempre direto comprar com a gente aqui. Ele só leva dois, três, para explodir caixa eletrônico. Ele é de Mato Grosso.
Segundo a Polícia Civil, no ano passado, Mato Grosso teve 66 assaltos a banco, e em 58 deles foram usados explosivos. Em geral, os alvos são os caixas eletrônicos.
A diferença em Aral Moreira, na fronteira com o Paraguai, é que os bandidos não queriam os caixas eletrônicos. Eles estavam atrás do cofre principal, que ficava na tesouraria do banco. Eles levaram quase R$ 500 mil em dinheiro.
O assalto foi no fim do ano passado. Antes de explodir a agência bancária, os bandidos invadiram o posto da PM e renderam o único policial que estava de serviço.
“Eu estava na sala de espera, sentado, sozinho, de repente chegou um cidadão com um fuzil. Surgiu do nada. Surgiu um, surgiu outro e foi surgindo. Foram os quatro ou cinco elementos que entraram e chegaram me espancando. Foi muito chute e coronhada de arma longa. Fui obrigado a mostrar onde estavam as armas, o colete que a gente tinha. Todos os material bélico que a gente tinha levaram”, conta.
A quadrilha roubou ainda o carro da PM e levou o policial como refém. “Abriram o compartimento de preso, me puseram dentro e falou assim: ‘Agora vamos para o banco’.
Um segundo carro deu cobertura à ação. O ataque à agência foi gravado pelas câmeras de segurança. Os bandidos precisaram de menos de um minuto para quebrar a porta da agência, preparar a explosão, recolher o dinheiro e fugir.
O policial ficou cerca de duas horas e meia como refém, até finalmente ser solto. “Achei que ia morrer”, diz.
Em Cotiporã, interior do Rio Grande do Sul, imagens mostram um assalto a uma fábrica de joias, no fim do ano passado. Foram dez explosões. Na fuga, os nove bandidos usaram três carros, levando dez reféns.
Uma patrulha com quatro policiais militares interceptou a quadrilha. Um policial foi atingido. Durante 40 minutos houve troca de tiros e tentativas de negociação para a libertação dos reféns.
“Gritavam para nós: ‘Entregue a arma de vocês. Pegue a viaturinha de vocês e vão embora, que nós prometemos deixar vocês vivo’. Os reféns estavam em pânico, então nós tínhamos que manter a calma, e tentar manter os reféns calmos também, para uma boa atuação”, diz um policial militar.
“Foi muito tiro, foi muito forte. Teve uma hora que eu achei que ia morrer, porque o tiro foi muito perto. Teve um momento que eu fiquei surdo, não ouvi mais nada”, conta um refém.
Nenhum refém ficou ferido. Seis bandidos conseguiram escapar e três morreram no local. Entre eles, Elisandro Falcão, responsável por 15 assaltos com explosivos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo a polícia, Falcão chegou a comprar uma pedreira.
“É uma pedreira adquirida pelo Falcão. Alguns meses atrás, com o objetivo de possibilitar que a quadrilha adquirisse legalmente explosivos. Era um centro de treinamento da quadrilha. Segundo vizinhos, eles ouviam explosão, certamente testando quantidade de explosivos, coisas desse tipo”, diz Juliano Ferreira, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Imagens mostram a prisão de Dênis Martins Fernandes, que era comparsa do Falcão. Segundo a polícia, essa quadrilha é a responsável pelos assaltos que você viu no início da reportagem.
Durante as investigações, escutas feitas pela polícia de Santa Catarina e autorizadas pela Justiça mostram Dênis relatando a quantidade de dinamite usada na explosão da agência na cidade de Sombrio, interior do estado: “Devem ter usado dois e meio. Prejudicou um pouquinho só dentro, um pouquinho. Abriu daquele jeito”.
Os bandidos não sabem calcular a quantidade de explosivos. Por isso, muitas vezes acabam destruindo a agência toda.
No Paraguai, o repórter Giovani Grizotti negocia com um vendedor clandestino em Ciudad del Este. O vendedor explica que a quantidade depende do tipo de assalto:
- Tem umas que já vêm preparadas para estourar uma casa ou ônibus. Tem umas que já vêm preparadas para caixa eletrônico. R$ 500 reais com o pavio.
Na mesma cidade paraguaia, outro vendedor diz que consegue dinamite porque o irmão trabalha em uma pedreira, conhecida como ‘cantera’:
- Quanto sai?
- Esse está caro, meu irmão: US$ 150 dólares cada uma.
- Cada banana?
- Sim. Você não vai conseguir em qualquer lugar. Eu tenho meu irmão que trabalha na ‘cantera’.
No Brasil, os bandidos também buscam explosivos em pedreiras, garimpos e obras. Em uma região mineradora no interior da Paraíba, um garimpeiro oferece uma grande quantidade de explosivos.
- Aquela quantidade que o senhor tem lá é 25 quilos?
- 25 quilos.
- Esses 25, o senhor faz por quanto?
- R$ 260
- E o senhor acha que isso dá para cem explosões?
- Nessa faixa.
Com o único banco destruído, as vendas no comércio de lagoa seca despencaram, como diz um lojista que não quer ser identificado: “O comércio teve uma queda de 80%, está praticamente parado”.
Em outra cidade paraibana, o ataque aconteceu na agência, que fica ao lado da Câmara de Vereadores e em frente ao fórum. Os bandidos entraram no banco de madrugada. A explosão foi tão forte que destruiu até o telhado da agência e abriu rachaduras no prédio vizinho.
“A explosão parecia que era dentro de casa. Parecia que tinha derrubado a casa”, conta uma moradora.
“O pessoal sentiu um medo muito forte. Teve gente que pensou que era o fim do mundo, estavam dizendo que o mundo ia acabar”, diz outro morador.
No início deste mês, uma quadrilha usou um homem-bomba para roubar dinheiro de um carro-forte na capital paraibana. Segundo a polícia, os bandidos invadiram a casa de um motorista da empresa proprietária do carro-forte. Tomaram a família como refém. Em seguida, prenderam explosivos no corpo dele e fotografaram tudo.
Ele saiu sozinho para trabalhar, levando um telefone celular dado pelos bandidos. Enquanto a família estava em poder da quadrilha, ele foi obrigado a informar pelo telefone quando haveria o transporte de uma grande quantidade de dinheiro.
O bando atacou, explodindo o carro-forte. Levou R$ 650 mil e libertou os reféns e o motorista.
Para inibir esses assaltos, o mecanismo de segurança mais comum é o dispositivo que mancha as notas quando o caixa é estourado, mas os bandidos descobriram como lavar as cédulas. “Na primeira leva de tinta, eles conseguiam lavar a tinta. Então os bancos já estão no quarto tipo de tinta, e esse tipo de tinta que é usado agora não se consegue lavar, porque ele entranha na nota”, explica o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal.
Outras tecnologias estão sendo testadas, como a bomba que solta fumaça na agência quando os caixas são atacados. A ideia é dificultar a visão dos bandidos, que assim desistiriam do assalto.
“Alguns bancos estão testando essa bomba de fumaça, e nós ainda não temos uma opinião final sobre isso. Nós devemos atacar as causas desse problema, que é o acesso fácil aos explosivos, é o excesso de bandidos na rua”, diz o especialista.
Pela lei, cabe ao Exército fiscalizar a fabricação, o comércio e o uso de explosivos. No ano passado, segundo o Exército, pouco mais da metade das 1.070 empresas que têm autorização para usar explosivos foi fiscalizada.
“Em 2012 foram realizadas 450 vistorias em empresas diferentes, 450 vistoriadas em todo o Brasil. Vistorias aonde o fiscal vai no depósito, vistorias para verificar indícios de irregularidades, vistorias realizadas para concessão, para revalidação: se a gente somar tudo isso, vai dar mais de 50%”, diz Achiles Santos Jacinto Filho, assessor da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Comando do Exército.
Ainda segundo o Exército, no ano passado foram registrados 60 casos de extravio de explosivos. Só nesta semana houve pelo menos três episódios de roubo em diferentes regiões do Brasil.
Em São Paulo, 75 quilos de dinamite foram levados do canteiro da obra de duplicação da rodovia dos Tamoios, na altura de Paraibuna. Em Ribeirão Preto, sete homens armados levaram 500 quilos de dinamite do galpão de uma pedreira. E no Maranhão a polícia prendeu um bandido com 100 quilos do mesmo explosivo, roubados de uma mineradora.
“Temos que ter essa preocupação do comércio e do trânsito desses explosivos, mas por si só isso não resolve”, diz o secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo de Carvalho Ferraz.
Minas Gerais teve 19 assaltos este ano, e 148 no ano passado. Para o governo do estado, o combate a esse crime exige mais investimentos. “O que resolve é basicamente uma melhor proteção desses aparelhos, desses caixas eletrônicos, e por outro uma investigação cada vez mais eficaz para conter esses grupos criminosos”, afirma Ferraz.
Em nota, enviada ao Fantástico, a Polícia Federal diz que tem intensificado a atuação contra os assaltantes de bancos que utilizam explosivos.
Durante um mês, o Fantástico seguiu os passos das quadrilhas que compram dinamite para explodir caixas eletrônicos.
A cena é impressionante, e ocorre em quase todo o Brasil. Para entrar na agência bancária que está fechada, bandidos usam um machado ou um pé de cabra. Qualquer pessoa que esteja por perto pode virar refém, até mesmo policiais.
Dentro da agência, os criminosos golpeiam os caixas eletrônicos. O que eles querem é abrir espaço pra colocar dinamite dentro das máquinas.
As explosões destroem não só os caixas, mas a agência toda. Colocam em risco prédios vizinhos e aterrorizam cidades inteiras.
Quase sempre são municípios onde os poucos policiais não têm equipamentos para enfrentar as quadrilhas fortemente armadas, como conta um PM que não quer ser identificado: “Estava sozinho com uma pistola somente, e eles estavam em torno de oito armados com fuzil de grosso calibre”.
Os bandidos também atacam os cofres de pedágios, empresas e até prefeituras. A guerra começa com o comércio clandestino e o roubo de explosivos
Em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na fronteira com o Mato Grosso do Sul, o Fantástico localizou vendedores de explosivos, que negociam bananas de dinamite tranquilamente, à luz do dia.
- O que você precisa?
- Quero dinamite.
- Tem, tem?
- Boa, boa. Que funcione.
- Tem, tem.
O preço de cada banana: R$ 400 reais. O homem diz que fornece explosivos para quadrilhas brasileiras:
- Vem um cara que vem sempre direto comprar com a gente aqui. Ele só leva dois, três, para explodir caixa eletrônico. Ele é de Mato Grosso.
Segundo a Polícia Civil, no ano passado, Mato Grosso teve 66 assaltos a banco, e em 58 deles foram usados explosivos. Em geral, os alvos são os caixas eletrônicos.
A diferença em Aral Moreira, na fronteira com o Paraguai, é que os bandidos não queriam os caixas eletrônicos. Eles estavam atrás do cofre principal, que ficava na tesouraria do banco. Eles levaram quase R$ 500 mil em dinheiro.
O assalto foi no fim do ano passado. Antes de explodir a agência bancária, os bandidos invadiram o posto da PM e renderam o único policial que estava de serviço.
“Eu estava na sala de espera, sentado, sozinho, de repente chegou um cidadão com um fuzil. Surgiu do nada. Surgiu um, surgiu outro e foi surgindo. Foram os quatro ou cinco elementos que entraram e chegaram me espancando. Foi muito chute e coronhada de arma longa. Fui obrigado a mostrar onde estavam as armas, o colete que a gente tinha. Todos os material bélico que a gente tinha levaram”, conta.
A quadrilha roubou ainda o carro da PM e levou o policial como refém. “Abriram o compartimento de preso, me puseram dentro e falou assim: ‘Agora vamos para o banco’.
Um segundo carro deu cobertura à ação. O ataque à agência foi gravado pelas câmeras de segurança. Os bandidos precisaram de menos de um minuto para quebrar a porta da agência, preparar a explosão, recolher o dinheiro e fugir.
O policial ficou cerca de duas horas e meia como refém, até finalmente ser solto. “Achei que ia morrer”, diz.
Em Cotiporã, interior do Rio Grande do Sul, imagens mostram um assalto a uma fábrica de joias, no fim do ano passado. Foram dez explosões. Na fuga, os nove bandidos usaram três carros, levando dez reféns.
Uma patrulha com quatro policiais militares interceptou a quadrilha. Um policial foi atingido. Durante 40 minutos houve troca de tiros e tentativas de negociação para a libertação dos reféns.
“Gritavam para nós: ‘Entregue a arma de vocês. Pegue a viaturinha de vocês e vão embora, que nós prometemos deixar vocês vivo’. Os reféns estavam em pânico, então nós tínhamos que manter a calma, e tentar manter os reféns calmos também, para uma boa atuação”, diz um policial militar.
“Foi muito tiro, foi muito forte. Teve uma hora que eu achei que ia morrer, porque o tiro foi muito perto. Teve um momento que eu fiquei surdo, não ouvi mais nada”, conta um refém.
Nenhum refém ficou ferido. Seis bandidos conseguiram escapar e três morreram no local. Entre eles, Elisandro Falcão, responsável por 15 assaltos com explosivos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo a polícia, Falcão chegou a comprar uma pedreira.
“É uma pedreira adquirida pelo Falcão. Alguns meses atrás, com o objetivo de possibilitar que a quadrilha adquirisse legalmente explosivos. Era um centro de treinamento da quadrilha. Segundo vizinhos, eles ouviam explosão, certamente testando quantidade de explosivos, coisas desse tipo”, diz Juliano Ferreira, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Imagens mostram a prisão de Dênis Martins Fernandes, que era comparsa do Falcão. Segundo a polícia, essa quadrilha é a responsável pelos assaltos que você viu no início da reportagem.
Durante as investigações, escutas feitas pela polícia de Santa Catarina e autorizadas pela Justiça mostram Dênis relatando a quantidade de dinamite usada na explosão da agência na cidade de Sombrio, interior do estado: “Devem ter usado dois e meio. Prejudicou um pouquinho só dentro, um pouquinho. Abriu daquele jeito”.
Os bandidos não sabem calcular a quantidade de explosivos. Por isso, muitas vezes acabam destruindo a agência toda.
No Paraguai, o repórter Giovani Grizotti negocia com um vendedor clandestino em Ciudad del Este. O vendedor explica que a quantidade depende do tipo de assalto:
- Tem umas que já vêm preparadas para estourar uma casa ou ônibus. Tem umas que já vêm preparadas para caixa eletrônico. R$ 500 reais com o pavio.
Na mesma cidade paraguaia, outro vendedor diz que consegue dinamite porque o irmão trabalha em uma pedreira, conhecida como ‘cantera’:
- Quanto sai?
- Esse está caro, meu irmão: US$ 150 dólares cada uma.
- Cada banana?
- Sim. Você não vai conseguir em qualquer lugar. Eu tenho meu irmão que trabalha na ‘cantera’.
No Brasil, os bandidos também buscam explosivos em pedreiras, garimpos e obras. Em uma região mineradora no interior da Paraíba, um garimpeiro oferece uma grande quantidade de explosivos.
- Aquela quantidade que o senhor tem lá é 25 quilos?
- 25 quilos.
- Esses 25, o senhor faz por quanto?
- R$ 260
- E o senhor acha que isso dá para cem explosões?
- Nessa faixa.
Com o único banco destruído, as vendas no comércio de lagoa seca despencaram, como diz um lojista que não quer ser identificado: “O comércio teve uma queda de 80%, está praticamente parado”.
Em outra cidade paraibana, o ataque aconteceu na agência, que fica ao lado da Câmara de Vereadores e em frente ao fórum. Os bandidos entraram no banco de madrugada. A explosão foi tão forte que destruiu até o telhado da agência e abriu rachaduras no prédio vizinho.
“A explosão parecia que era dentro de casa. Parecia que tinha derrubado a casa”, conta uma moradora.
“O pessoal sentiu um medo muito forte. Teve gente que pensou que era o fim do mundo, estavam dizendo que o mundo ia acabar”, diz outro morador.
No início deste mês, uma quadrilha usou um homem-bomba para roubar dinheiro de um carro-forte na capital paraibana. Segundo a polícia, os bandidos invadiram a casa de um motorista da empresa proprietária do carro-forte. Tomaram a família como refém. Em seguida, prenderam explosivos no corpo dele e fotografaram tudo.
Ele saiu sozinho para trabalhar, levando um telefone celular dado pelos bandidos. Enquanto a família estava em poder da quadrilha, ele foi obrigado a informar pelo telefone quando haveria o transporte de uma grande quantidade de dinheiro.
O bando atacou, explodindo o carro-forte. Levou R$ 650 mil e libertou os reféns e o motorista.
Para inibir esses assaltos, o mecanismo de segurança mais comum é o dispositivo que mancha as notas quando o caixa é estourado, mas os bandidos descobriram como lavar as cédulas. “Na primeira leva de tinta, eles conseguiam lavar a tinta. Então os bancos já estão no quarto tipo de tinta, e esse tipo de tinta que é usado agora não se consegue lavar, porque ele entranha na nota”, explica o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal.
Outras tecnologias estão sendo testadas, como a bomba que solta fumaça na agência quando os caixas são atacados. A ideia é dificultar a visão dos bandidos, que assim desistiriam do assalto.
“Alguns bancos estão testando essa bomba de fumaça, e nós ainda não temos uma opinião final sobre isso. Nós devemos atacar as causas desse problema, que é o acesso fácil aos explosivos, é o excesso de bandidos na rua”, diz o especialista.
Pela lei, cabe ao Exército fiscalizar a fabricação, o comércio e o uso de explosivos. No ano passado, segundo o Exército, pouco mais da metade das 1.070 empresas que têm autorização para usar explosivos foi fiscalizada.
“Em 2012 foram realizadas 450 vistorias em empresas diferentes, 450 vistoriadas em todo o Brasil. Vistorias aonde o fiscal vai no depósito, vistorias para verificar indícios de irregularidades, vistorias realizadas para concessão, para revalidação: se a gente somar tudo isso, vai dar mais de 50%”, diz Achiles Santos Jacinto Filho, assessor da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Comando do Exército.
Ainda segundo o Exército, no ano passado foram registrados 60 casos de extravio de explosivos. Só nesta semana houve pelo menos três episódios de roubo em diferentes regiões do Brasil.
Em São Paulo, 75 quilos de dinamite foram levados do canteiro da obra de duplicação da rodovia dos Tamoios, na altura de Paraibuna. Em Ribeirão Preto, sete homens armados levaram 500 quilos de dinamite do galpão de uma pedreira. E no Maranhão a polícia prendeu um bandido com 100 quilos do mesmo explosivo, roubados de uma mineradora.
“Temos que ter essa preocupação do comércio e do trânsito desses explosivos, mas por si só isso não resolve”, diz o secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo de Carvalho Ferraz.
Minas Gerais teve 19 assaltos este ano, e 148 no ano passado. Para o governo do estado, o combate a esse crime exige mais investimentos. “O que resolve é basicamente uma melhor proteção desses aparelhos, desses caixas eletrônicos, e por outro uma investigação cada vez mais eficaz para conter esses grupos criminosos”, afirma Ferraz.
Em nota, enviada ao Fantástico, a Polícia Federal diz que tem intensificado a atuação contra os assaltantes de bancos que utilizam explosivos.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta reportagem é mais uma que revela a falência da JUSTIÇA CRIMINAL e a falta de vigilância nas FRONTEIRAS. Está na hora do Brasil deixar o amadorismo de lado e começar a investir na técnica ao invés de insistir em programas partidários e falaciosos que interferem em questões técnicas de justiça e ordem pública. A Justiça Criminal brasileira só será eficiente se estiver apoiada num sistema integrado, ágil, coativo e comprometido com a paz social, com a ordem pública e com a justiça. E o controle, segurança e vigilância das fronteiras necessidade de um corpo policial ostensivo para instalar barreiras, fazer o monitoramento, controlar os acessos, fiscalizar e executar o patrulhamento permanente ao longo das linhas de fronteiras. O resto é pura fantasia.
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