PEIXE GRANDE
Bando liderado por ex-parceiro de Beira-Mar abastecia com drogas o Vale do Sinos e a Região Metropolitana
EDUARDO TORRES
A Polícia Federal desbaratou uma das principais quadrilhas responsáveis pelo abastecimento de cocaína no Vale do Sinos e na Região Metropolitana. O grupo, com tentáculos na Bolívia e no Paraguai, era liderado pelo gaúcho Irineu Domingos Soligo, o Pingo, ex- parceiro de Fernandinho Beira-Mar, e um dos filho dele.
Adescoberta de 16 quilos de cocaína com alto teor de pureza em Santo Antônio da Patrulha, em agosto, foi o ponto de partida da Polícia Federal. Transportado desde o Mato Grosso do Sul, o pó era levado para um sítio. Quem transportava a droga era um homem apontado pela polícia como um dos principais subordinados de Pingo – um dos maiores barões da droga na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Com a apreensão, que resultou também na descoberta de um casal responsável pela distribuição, sobretudo no Vale do Sinos, os investigadores começavam a abalar o império dos Soligo. A Operação Grumatã (peixe de grande porte e de difícil captura), desencadeada pela PF, prendeu Jonathan Winck Soligo, o Pinguinho, filho de Soligo, em Aral Moreira (MS), onde a família mantinha três fazendas supostamente dedicadas à produção de soja. O pai dele foi retirado pelos agentes de uma prisão agrícola em Piraquara, no Paraná, onde cumpria pena em regime semiaberto, e encaminhado ao Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas (PR).
Justiça sequestrou bens avaliados em R$ 20 milhões
Eles eram os principais alvos da ação policial que derrubou os ramos intermediários e a ponta da rota. Suspeitos ainda foram presos em Parobé, no Vale do Sinos, Gravataí, na Região Metropolitana, e Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. A última prisão aconteceu em Curitiba (PR).
– Conseguimos ir além da simples ponta do tráfico e chegar a patrões que, segundo as nossas estimativas, enviavam uma tonelada de cocaína para o Brasil a cada mês – afirmou o delegado Aldronei Rodrigues.
Juntamente com as prisões, foram determinados pela Justiça os sequestros das três fazendas dos Soligo em Mato Grosso do Sul e de outra em Santo Antônio da Patrulha, além de gado, veículos e imóveis, totalizando um patrimônio avaliado em R$ 20 milhões.
Segundo o delegado que comandou a operação no Estado, a apreensão de agosto era continuação de uma investigação iniciada em março, no Vale do Sinos, com escutas telefônicas. Desde então, foram apreendidos 108,2 quilos de cocaína ligados ao grupo, com a prisão de outras nove pessoas.
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