quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUADRILHA TRAFICOU DOIS MIL ANIMAIS EM SEIS MESES


ZERO HORA 17 de outubro de 2012 | N° 17225

COMÉRCIO ILEGAL. Operação Pampa Verde apreendeu aproximadamente 600 espécies

ROBERTO AZAMBUJA


Operação da Polícia Federal (PF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) prendeu, ontem, oito pessoas suspeitas de tráfico internacional de animais silvestres. Ao menos duas quadrilhas, lideradas no Estado, teriam ramificações no Uruguai, na Argentina e em São Paulo.

OIbama acredita que, ao longo dos seis meses de investigação, as duas células criminosas tenham contrabandeado cerca de 2 mil animais, entre exóticos e nativos. Ontem, 10 mandados de busca e apreensão recuperaram aproximadamente 600 exemplares em poder de ambos os grupos durante a Operação Pampa Verde. Outras três ações prévias teriam apreendido mais 600 espécies, na maioria aves, somando um total de 1,2 mil animais recuperados.

Um uruguaio que residia em Porto Alegre seria o principal líder de uma das quadrilhas, conforme a PF. A mulher e o filho dele também fariam parte do grupo, especializado na compra dos animais capturados em cidades da Campanha, bem como aqueles criados em cativeiro no Uruguai e na Argentina. Dali, seguiam para distribuição em São Paulo e outras regiões do Brasil.

A PF apurou que alguns investigados do outro grupo também atuavam no tráfico de armas e munições do Uruguai para o Brasil.

– As quadrilhas se inter-relacionavam. Uma era especializada em remeter a distribuidores no Brasil. A outra vendia diretamente a pet shops – afirma a titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente da PF, delegada Aletea Marona Kunde.

Transporte era feito em condições precárias

O tráfico era realizado por meio de carros populares, “sem camuflagem”, para não levantar suspeitas, segundo a PF. Os suspeitos preferiam viajar durante a madrugada, pois a fiscalização é menor, e transportavam centenas de animais espremidos em gaiolas minúsculas. Em algumas ocasiões, cerca de 60% dos espécimes chegavam ao destino final já mortos, explica a delegada Aletea:

– Às vezes, (os animais) saíam da Argentina com uma temperatura muito baixa e não aguentavam as oscilações climáticas até São Paulo, por exemplo.

Régis Fontana Pinto, chefe de fiscalização do Ibama no RS, lamenta o fato de os suspeitos presos serem os mesmos que atuam no Estado há mais de 20 anos. Segundo ele, a legislação de crime ambiental mais branda e a falta de estrutura para monitorar os casos de tráfico de animais têm dificultado a repressão no Brasil.

– A maioria dos compradores ainda é pessoas que buscam ter um bichinho de estimação, mas que não os legalizam – sinaliza.

– A sociedade precisa entender que, se existe o traficante, há o consumidor. O nosso objetivo é coibir e intimidar a prática – completa o superintendente do Ibama em Porto Alegre, João Pessoa Moreira Júnior.

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