Entre eles, traficantes do Alemão e da Penha. O GLOBO, 21/10/2011 às 23h52m; Antônio Werneck e Sérgio Ramalho.
RIO - Procurados desde que militares tomaram os complexos do Alemão e da Penha, no ano passado, os traficantes Fabiano Atanásio da Silva, o FB, e Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, podem estar escondidos no Paraguai, informaram policiais federais do Rio. A exemplo de Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que chegou na sexta-feira ao Rio depois de ser preso em Pedro Juan Caballero, no Paraguai , investigações da PF e das autoridades daquele país indicam que pelo menos dez bandidos do Rio estão escondidos em cidades paraguaias que fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul.
Polegar, 37 anos, preso na última terça-feira , desembarcou na tarde de sexta-feira na pista de pouso do 3º Comando Militar Aéreo (Comar), no Aeroporto Santos Dumont, sob um forte aparato de segurança da Polícia Federal. Usando colete à prova de balas, ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde se submeteu a exame de corpo de delito, e, em seguida, foi encaminhado à sede da PF, na Praça Mauá. Depois de ser identificado e fotografado, ele seguiu para o presídio de segurança máxima Bangu 1.
A permanência do bandido na unidade deve ser curta. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, solicitou à justiça que Polegar seja levado a uma penitenciária federal fora do estado. A assessoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) informou que aguarda decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio para definir o destino do traficante, que deve ser levado à penitenciária de Porto Velho, em Rondônia. Durante visita, ontem, à instalação da futura sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Mangueira, Beltrame reiterou esperar que a justiça decida o mais rápido possível sobre o pedido de transferência do bandido, que chefiava a venda de drogas na Favela da Mangueira.
- Esperamos a decisão para o mais rápido possível. Ainda não sabemos qual o presídio, mas o que temos certeza é que queremos Polegar bem longe do Rio. Gostaria que fosse transferido hoje mesmo, mas é o Judiciário que decide - afirmou o secretário.
Polegar passa mal na viagem e é medicado
Muito tenso e reclamando de muitas dores na barriga durante o voo para o Rio, o traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, teve que ser medicado pelos policiais federais que faziam sua escolta. Nervoso, pediu água e tomou cloridrato de ranitidina, medicamento receitado a pacientes com crises de gastrite ou úlcera. Polegar começou a passar mal quando chegou em Ponta-Porã, cidade do Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai.
- É o primeiro contato dele, Polegar, com a Polícia Federal. É natural o nervosismo.
Ele sabe que o nosso trabalho é sério. Isso pode ter agravado os sintomas da sua doença, a gastrite. Compramos remédios, e ele melhorou - disse o delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF.
Traficante estava usando relógio de R$ 4 mil
O delegado Victor Poubel, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Dcor), disse que a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar as atividades de Polegar no Paraguai.
- A partir de agora vamos fazer uma ampla investigação, abrindo inquérito, para sabermos o que ele fazia no Paraguai - disse Poubel.
No dia de sua prisão, Polegar, segundo Poubel, comprava um carro de luxo de R$ 150 mil com dinheiro vivo. No Paraguai, vivia numa casa grande, de classe média alta, com piscina.
- Ele tinha um padrão muito superior aos vizinhos - contou Poubel.
O delegado Fábio lembrou que a viagem até o Rio durou cerca de 4h30m e que Polegar falou muito pouco. Numa dessas raras vezes, informou que estava no Paraguai desde sua fuga, em 2009, quando saiu para trabalhar e não voltou para a cadeia. O delegado, entretanto, não deixou de reparar num único bem material que o traficante carregava: um relógio Mido, cujo valor de alguns modelos pode ultrapassar R$ 4 mil.
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