Agente da PF joga R$ 30 mil pela janela do apartamento. Homem é
suspeito de integrar organização criminosa de policiais federais e
empresários que facilitavam o contrabando em área de fronteira.
Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo - 06 de julho de 2012 | 17h 13
Um
agente da Polícia Federal, cercado pela Operação Erupção, na fronteira
do Paraná com o Paraguai, atirou R$ 30 mil em dinheiro vivo pela janela
do apartamento onde mora. Quando se viu acuado pelo efetivo de policiais
que foram prendê-lo por ordem judicial, o agente arremessou o pacote de
dinheiro no terreno baldio ao lado do prédio onde reside. Mas a PF fez
uma varredura no local e encontrou o dinheiro, que foi formalmente
apreendido. As suspeitas é que o dinheiro tem origem em um esquema de
corrupção e lavagem de dinheiro na fronteira.
A Operação Erupção
foi desencadeada na manhã desta sexta feira, 7, em Guaíra e imediações
para desarticular organização criminosa integrada por policiais federais
e empresários suspeitos de facilitar o contrabando e descaminho de
mercadorias em área de fronteira. Três agentes e um delegado da PF estão
presos sob suspeita de receberem vantagens financeiras de
contrabandistas para deixar de combater as ações ilícitas por eles
praticadas. Os federais serão enquadrados também por crime de lavagem de
dinheiro.
A Operação Erupção cumpriu quatro mandados de prisão
preventiva e 16 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça
Federal de Curitiba, nos municípios de Guaíra, Londrina e Francisco
Alves, todos no Estado do Paraná. “A gente não fica feliz, mas tem que
ser feito”, disse o delegado José Alberto Iegas, superintendente
regional da PF no Paraná. “Faz parte do jogo.”
Iegas explicou
que as investigações tiveram início há um ano, quando surgiram denúncias
de enriquecimento ilícito de agentes federais. O superintendente da PF
mobilizou o setor de Inteligência da corporação que passou a monitorar
os policiais sob suspeita. Com os recursos recebidos de grupos
criminosos, os federais ampliaram ostensivamente seu patrimônio pessoal.
Os
federais capturados têm muito tempo de serviço – um deles já tem tempo
de aposentadoria. O agente com menor tempo de casa está há 7 anos na PF.
A PF revela que a lavagem de dinheiro ocorria de diversas
maneiras – parte dos investigados aplicava os recursos no mercado
imobiliário com a compra de imóveis na região de Guaíra e na construção
de empreendimentos. Outra parte investia em franquias no Paraguai.
O
outro núcleo é suspeito de desvio de mercadorias que deveriam ser
apreendidas em ações da PF. Nas investigações, a polícia constatou que
os integrantes da organização teriam movimentado cerca de R$ 3 milhões
por meio da aquisição de imóveis em nome de terceiros, contas laranja,
além da montagem de negócios no Paraguai para dificultar a identificação
da origem ilícita da verba. A PF obteve autorização para o bloqueio de
bens e valores de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo
criminoso. Os servidores públicos envolvidos responderão a processo
administrativo, com afastamento preliminar das funções, podendo
acarretar em pena de demissão. Os crimes investigados são: lavagem de
dinheiro, corrupção, prevaricação, peculato, contrabando e descaminho,
concussão e abuso de autoridade. Os presos permanecerão custodiados na
Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná.
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