Este Blog destaca o cenário atual de descaso, descontrole e insegurança nas fronteiras do Brasil, produzido políticas governamentais superficiais, militarizadas, pontuais, omissas na competência federal e inoperantes na contenção dos crimes de contrabando, descaminho, abigeato e tráfico de pessoas, armas, munição, drogas, valores, arte, veículos e animais.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
TRÁFICO DE PESSOAS EM REDES DE MODELO E FUTEBOL
Secretário quer esclarecimento para combater tráfico de pessoas . Secretário nacional de Justiça usou o São Paulo Fashion Week para divulgar guia .
Tatiana Farah - O GLOBO 18/06/12
SÃO PAULO - Entre os crimes internacionais, o tráfico de pessoas corresponde à terceira maior movimentação de dinheiro ilegal envolvendo o Brasil. Para o Ministério da Justiça, as redes de exploração tem como foco meninas e meninos que sonham com a carreira de modelo ou de jogador de futebol. Para o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, é preciso orientar esses jovens para que não sejam enganados com propostas de sucesso internacional. Abrão usou o São Paulo Fashion Week, na semana passada, para lançar uma campanha e um guia de orientação contra a modelos e jogadores de futebol. O guia teve a participação da Ford Models e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Qual a importância de seu usar um espaço como o São Paulo Fashion Week para se combater o tráfico de pessoas?
PAULO ABRÃO: O tráfico de pessoas é um crime que ainda possui uma grande invisibilidade social. E a virtude dessa parceria num evento como esses é uma possibilidade de expandir uma conscientização, sinalizar para um público-alvo específico, que são as meninas que hoje pleiteiam a carreira de modelo, sobre o risco de serem aliciadas por organizações criminosas. É uma prevenção ao crime.
Mas existe um risco grande desse aliciamento de jovens modelos no Brasil?
ABRÃO: Isso é uma realidade. O tráfico de pessoas abrange modalidades relacionadas à exploração sexual de homens e mulheres, à remoção de órgãos para fins de tráfico ilícito, a prática de trabalho escravo e a adoção internacional irregular. Mas a maior incidência ainda se dá no campo da exploração sexual de mulheres.
Há relatos de meninas que viajam ao Exterior acreditando seguir uma carreira de modelo e acabam nessas redes?
ABRÃO: Sim, chegando lá, essas meninas não estão devidamente documentadas e acabam entrando em redes de exploração em um país estranho, sem apoio formal. O Estado tem procurado se instrumentalizar para ter a capacidade de identificação dessa rede.
Existem estudos de quantas pessoas estão envolvidas ou são aliciadas nessas redes de exploração?
ABRÃO: O tráfico de pessoas hoje mobiliza a terceira maior movimentação de ativos ilícitos transnacionais, perdendo só para o tráfico de armas e de drogas. Embora não tenhamos hoje um conjunto de estatísticas confiáveis para embasar número concretos, realizamos recentemente uma pesquisa em parceria com uma organização europeia que mapeou fluxos de tráfico de meninas e meninos especialmente na Itália e em Portugal. E mostrou a principal região de busca e aliciamento desses jovens. Ela está localizada na região Centro-Oeste, especificamente Goiás.
Já se sabe quantas meninas foram resgatadas?
ABRÃO: Só no ano passado, foram abertos 90 inquéritos pela Polícia Federal para investigar esses crimes. Também são aliciados jovens como jogadores de futebol para diversos países, inclusive o Oriente Médio.
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