quinta-feira, 23 de agosto de 2012

COIOTES PASSAVAM CHINESES NA FRONTEIRA

ZERO HORA 23 de agosto de 2012 | N° 17170

PRISÕES NA FRONTEIRA

PF detém “coiotes” em Uruguaiana

Uma operação da Polícia Federal deteve 13 chineses com entrada clandestina em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Eles estavam em um hotel da cidade e têm até três dias para deixar o país, sob pena de serem deportados.

Um paraguaio e um argentino foram presos, suspeitos de atuarem como “coiotes”, ocultando os estrangeiros. Eles também responderão por formação de quadrilha. A suspeita principal é que os dois façam parte de um bando que tem atuado nas fronteiras brasileiras. 

Nos últimos meses, outros estrangeiros ilegais, inclusive da África e da Ásia, foram notificados. Além deles, outras 20 pessoas não puderam entrar no Brasil.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

BALANÇO DA OPERAÇÃO ÁGATA 5

CORREIO DO POVO, 21 DE AGOSTO DE 2012

Operação Ágata tem 31 prisões

Em duas semanas de atividades, a Operação Ágata 5, realizada em 3,9 mil quilômetros de fronteiras, resultou em 31 prisões e na apreensão de 6.087 quilos de drogas, 117 mil quilos de explosivos, munições e R$ 40 mil em notas falsas. 

A ação, comandada pelo Ministério da Defesa, foi realizada entre Chuí e Corumbá (MS), e mobilizou mais de 19,5 mil pessoas, de oito ministérios e 30 agências reguladoras ou organismos federais, estaduais e municipais.

No balanço divulgado ontem, foram feitas 192 mil inspeções, vistorias e revistas em acampamentos, carros, motos, caminhões, ônibus, barcos e aviões. Foram recolhidos 182 veículos e embarcações. O trabalho teve ainda foco no combate e na prevenção a crimes ambientais.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

NOSSO "PLANO COLÔMBIA"

FOLHA.COM. 20/08/2012 - 06h30

PF avança a fronteira para combater tráfico de drogas

FERNANDO MELLO
MÁRCIO NEVES
DE BRASÍLIA


A Polícia Federal lançou mão de uma nova tática para combater o tráfico de drogas nas fronteiras: os policiais brasileiros entram no território de outros países, como Peru e Paraguai, para destruir plantações de maconha e da folha de coca, matéria-prima da cocaína e do crack.

A estratégia surgiu após a PF identificar um problema -o de que, há cinco anos, a coca vem sendo plantada cada vez mais perto da fronteira, o que facilita a entrada no país.

Em 2008, o Brasil começou a fazer acordos de cooperação com os vizinhos para trocar informações de inteligência sobre traficantes internacionais.

No ano passado, foi fechado o acordo com o Peru tratando especificamente da entrada dos brasileiros em território peruano para a destruição de plantações e laboratórios -o contrário não está previsto.

Os acordos são acompanhados pelo Itamaraty.

Entre agentes, a tática é chamada de "nosso Plano Colômbia" -referência à ação dos EUA para combater o narcotráfico em solo colombiano.

O projeto ainda é visto com desconfiança por policiais peruanos com quem a Folhaconversou. Eles não quiseram se pronunciar oficialmente, sob argumento de que ainda é cedo para prever resultados.

Nos últimos 15 dias, a PF realizou uma operação em Tabatinga (AM), batizada de Trapézio, em referência à fronteira com Peru e Colômbia.

Em solo peruano, a PF destruiu 100 hectares de plantação de folha de coca, que gerariam mais de 700 kg de droga. A planta leva ao menos dois anos para crescer de novo.

Com a ajuda de agentes peruanos, colombianos e da DEA (agência antidrogas dos EUA), os brasileiros explodiram ainda laboratórios do tráfico.

Márcio Neves/Folhapress

PF patrulha o rio Solimões em operação para destruir áreas de plantação coca na divisa com Peru e Colômbia


A PF também tem acordo para entrar no Paraguai. A ideia é repetir a tática na Colômbia e, principalmente, na Bolívia, o que depende do aval do governo Evo Morales. Como a Folharevelou em julho, 54% da cocaína que entra no Brasil vêm da Bolívia e 38% do Peru.

"Erradicar as plantações é mais eficiente do que simplesmente apreender a carga. Esses pés estão próximos à fronteira com o Brasil, ou seja, vão abastecer o mercado brasileiro", disse o Diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Oslain Santana.

O Brasil tem 16,8 mil km de fronteiras e só cerca de 1.400 policiais no controle. Só o limite com a Bolívia tem o tamanho da divisão entre EUA e México. Os americanos, porém, têm mais de 20.000 agentes lá.

"Não se combate crime organizado só com trabalho ostensivo. No caso do tráfico, é preciso identificar quem comete o crime", diz Santana.

PROJETO DE CONTROLE AÉREO DA FRONTEIRA ESTÁ ATRASADO

Um outro projeto da PF para as fronteiras, o uso dos Vants (aviões não tripulados), está atrasado.

Ele começou na gestão do ex-diretor Luiz Fernando Corrêa, mas só um avião está apto. Há pendências com o Tribunal de Contas da União, que considerou desproporcionais os gastos com treinamento e manutenção.

Missões em outros países envolvem riscos. Em 2011, dois agentes foram mortos durante investigação na fronteira com o Peru. O traficante peruano responsável pelas mortes foi preso.


Análise: Ocupar vácuo que os EUA vêm deixando traz risco

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

Segundo maior consumidor individual de cocaína do mundo e vizinho dos maiores produtores globais da droga, o Brasil não tem escolha a não ser ter um papel mais ativo no combate do problema.

A questão é saber se a estratégia que se desenha tem potencial para ter resultados ou é uma espécie de reprodução do modelo que os EUA utilizam desde os anos 70 com efeitos, no mínimo, controversos.

A operação da Polícia Federal no Peru é positiva porque aumenta a coordenação entre as polícias e a DEA, a agência antidrogas norte-americana, e dá flexibilidade para ações transfronteira.

Mas traz riscos também. Ocupar o vácuo que os EUA vêm deixando, com redução de financiamento e operações, pode fazer o Brasil herdar os questionamentos a respeito de soberania e subordinação entre as forças de segurança.

Editoria de arte/folhapress



Sem falar da Colômbia, onde combater híbridos de narcotraficantes e guerrilheiros em operações conjuntas acarretaria consequências imensamente mais complexas.

Na Bolívia, "x" do problema porque vem de lá a maioria da cocaína consumida aqui, uma operação como a do Peru tampouco seria possível, já que a DEA não poderia atuar -foi expulsa pelo governo Evo Morales, acusada de "ingerência".

Numa prova de que há novos desenhos a serem testados, mesmo sem a DEA, Brasil e EUA estão atuando juntos no combate às drogas na Bolívia.

Os três países assinaram um acordo em janeiro que prevê uma divisão de tarefas na qual Washington paga a tecnologia de monitoramento de plantio de coca, o
Brasil a aplica e compartilha os No entanto, mesmo que esses esquemas funcionem às mil maravilhas, são claramente insuficientes.

Como lembra Kathryn Ledebur, diretora da ONG Rede Andina da Informação, especializada no tema na Bolívia, é "um mito pensar que se pode controlar o fluxo de drogas" numa fronteira como a de Brasil e Bolívia. Vide o caso americano-mexicano.

Sem atacar a demanda, que só cresce no Brasil, e debater novos paradigmas do tema, é difícil apostar na redução do problema.

ABASTECIMENTO PELA FRONTEIRA

ZERO HORA 20 de agosto de 2012 | N° 17167

DROGAS NO INTERIOR. Alvo da Interpol de volta à ativa

CARLOS WAGNER

Três meses depois de ter um laboratório de crack desbaratado e mais de 400 quilos de drogas apreendidos em um sítio em Candelária, região central do Estado, o traficante Osni Valdemir de Melo, 50 anos, conhecido como Sapo, deu mostra de ter voltado às atividades. Investigações da Polícia Civil apontam que distribuidores do Vale do Rio Pardo e outras regiões voltaram a ser abastecidos de cocaína e maconha pela quadrilha do criminoso, que está na lista de procurados da Interpol (polícia internacional).

Os agentes acreditam que Sapo tenha transferido as suas operações para a fronteira do Brasil com o Paraguai. Ali, os traficantes recebem cocaína de Colômbia e Bolívia e maconha plantada no território paraguaio. Dali, a droga é distribuída pelo Brasil. Graças às conexões com os traficantes dessa região, a polícia gaúcha pediu a ajuda da Interpol para capturá-lo.

– Nós o consideramos o maior traficante gaúcho da atualidade. Ele opera no atacado, abastecendo os distribuidores. E sabíamos que era uma questão de tempo para voltar a fornecer a droga aos seus distribuidores – comentou o delegado Heliomar Athaydes Franco, diretor de investigação do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc).

No início da semana passada, agentes da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul detectaram a chegada das drogas enviadas por Sapo. O mercado consumidor de drogas do Vale do Rio Pardo é visto pelos criminosos como um dos mais prósperos do Rio Grande do Sul.

O delegado Luciano Menezes, da Defrec, investiga as atividades do traficante há mais de cinco anos. Na época, o traficante era um vendedor de carros usados em Candelária. Em junho, no mesmo município, uma operação da polícia desarticulou parte da quadrilha. Desde então, Sapo está com prisão preventiva decretada pela Justiça.

domingo, 19 de agosto de 2012

NOVA ROTA PARA O TRÁFICO DE ARMAS

CORREIO DO POVO, 19/08/2012


Pistolas foram enviadas dos EUA
Crédito: fábio teixeira / ae / cp


A apreensão de 11 pistolas de fabricação russa no terminal de cargas dos Correios no aeroporto Tom Jobim, no Rio, pode revelar uma nova rota de contrabando de armas de guerras. O caso é investigado por fiscais da Receita Federal e policiais federais.

Os pacotes foram postados por pessoas físicas dos estados do Texas e de Illinois, nos EUA, para endereços no Rio, em São Paulo, Santa Catarina e no Espírito Santo. Segundo o inspetor-chefe da Alfândega no Tom Jobim, Cláudio Rodrigues Ribeiro, as pistolas estavam em pacotes separados, em nomes de pessoas físicas. 

"Chamou a atenção a forma como tentaram ludibriar a fiscalização, declarando o conteúdo das caixas como equipamento esportivo, pregador de ar comprimido e réplicas de objetos de filmes para coleção." As pistolas de fabricação russa são de dois modelos: Ekol Firat Magnum e Ekol Firat Compact, ambas calibres 9 mm, consideradas preferidas pelos agentes secretos e policiais.

Para um delegado federal que preferiu não se identificar, o caso é grave. "Principalmente numa cidade que irá recepcionar autoridades e atletas em eventos internacionais", disse. Autoridades policiais norte-americanas serão acionadas.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MILITAR NA FRONTEIRA COM COMIDA E LUZ RACIONADAS

G1 BRASIL - 14/08/2012 07h35

Militar na fronteira vive com comida racionada e luz por apenas 9 horas. Pelotões criam porcos para comer caso mantimentos demorem a chegar. 'Se alguém tentar invadir o Brasil, eu atiro', diz soldado recruta de 18 anos.

Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo




A vida em um destacamento militar nas fronteiras do país não é fácil: horas de luz são cronometradas, e a comida é racionada quando o avião que leva mantimentos uma vez por mês não pousa no dia marcado. Apesar do adicional de 20% sobre o soldo base, quem aceita trabalhar nessas regiões enfrenta dificuldades de transporte e de comunicação, tendo que suportar a incômoda distância da “civilização” e dos familiares.

O G1 publica, ao longo da semana, uma série de reportagens sobre a situação do Exército brasileiro quatro anos após o lançamento da Estratégia Nacional de Defesa (END), decreto assinado pelo ex-presidente Lula que prevê o reequipamento das Forças Armadas. Foram ouvidos oficiais e praças das mais diversas patentes - da ativa e da reserva -, além de historiadores, professores e especialistas em segurança e defesa. O balanço mostra o que está previsto e o que já foi feito em relação a fronteiras, defesa cibernética, artilharia antiaérea, proteção da Amazônia, defesa de estruturas estratégicas, ações de segurança pública, desenvolvimento de mísseis, atuação em missões de paz, ações antiterrorismo, entre outros pontos considerados fundamentais pelos militares.

Ao contrário dos soldados que se alistam para uma missão de paz, como no caso do Haiti, onde o Brasil construiu uma base com academia, ar-condicionado e rede de internet sem fio, os pelotões de fronteira são carentes de infraestrutura básica, como redes de esgoto, água e energia. Carros e barcos usados no dia a dia estão defasados. Os militares criam porcos para comer em caso de necessidade.

“A maior dificuldade aqui é termos apenas nove horas de energia. O material que precisamos é trazido uma vez por mês, em avião da FAB. Sabemos quando deve vir porque nos perguntam, uma semana antes, o que precisamos. Daí ficamos esperando. Não tem data prevista. Um vez o avião atrasou dois meses e tivemos que fazer racionamento”, conta o tenente Renzo Silva, de 23 anos, subcomandante do Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Bomfim - na fronteira de Roraima com a Guiana -, que comandou, por um ano, o PEF na unidade indígena de Auaris - na divisa de Roraima com a Venezuela.

A oferta de luz depende da quantidade de combustível disponível para o gerador. Normalmente, são duas horas pela manhã (das 9h30 às 11h30), duas horas e meia à tarde (das 13h30 às 16h) e mais quatro horas e meia à noite (18h30 às 23h).

”Quem tem insônia tem que ficar deitado na cama, esperando o tempo passar”, diz Renzo Silva.

Quando o G1 visitou o PEF de Bomfim, em maio, a mulher do comandante da unidade havia sido picada na noite anterior por um escorpião e teve de ser levada para a capital Boa Vista. O militar teve de deixar o posto para acompanhá-la.

“Aqui tem animal peçonhento, cobra, escorpião. Meu maior medo é que minha filha de 10 meses coloque algo na boca. Não há acesso fácil a uma unidade de emergência”, diz a sargento Aline Marriette, de 29 anos.

Ela e o marido, o sargento paraquedista Pedro Rogério Martins Rosa, viviam em Nova Iguaçu (RJ) e trabalhavam em quarteis da capital fluminense até que decidiram, em janeiro de 2012, pedir transferência para a fronteira.

“Viemos para conhecer uma outra realidade do nosso Brasil. O Exército nos dá a oportunidade de conhecer cada pedacinho do país. A família sente saudades, mas aqui, pelo menos, não tem a violência que tínhamos no Rio. É uma vida mais sossegada”, diz Aline. “A babá que veio comigo do Rio enlouqueceu em um mês. Não quis ficar mais aqui e voltou”, relembra.

A babá que veio comigo do Rio enlouqueceu em um mês. Não quis ficar mais aqui e voltou”. Aline Marriette, sargento



O maior problema para a atuação nas fronteiras é a ausência do Estado. São mais de 17 mil quilômetros de divisas, com 10 países, que são fluxo de criminalidade, com tráfico de drogas, armas, contrabando. Para vigiar as fronteiras, o Exército pretende implantar, até 2024, o Sistema Nacional de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que promete ver tudo o que ocorre nessas regiões e que começará a ser implantado ainda em 2012, em Mato Grosso do Sul.

Na fronteira da Amazônia, o Exército conta, atualmente, com 21 pelotões - bases avançadas para a vigilância das divisas do país. Segundo o general Eduardo Villas-Boas, comandante militar na região, a construção de cada unidade custa mais de R$ 20 milhões. Há um projeto para inaugurar outras 28 até 2030.

Cada unidade abriga entre 20 e 60 soldados, que seguem uma rotina baseada no triângulo “vida, trabalho e combate” - uma espécie de mantra para o militar não “enlouquecer” na selva.

“O Exército tem poder de polícia numa faixa de 150 quilômetros da fronteira para dentro do país. Se não é a gente aqui, passa contrabando, drogas, armas. Destroem nossas matas, nossa floresta. Nós vivemos e morremos por essa mata”, diz o cabo Samuel Nogueira.
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Em Cleverlândia do Norte, em um destacamento militar no Oiapoque, fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, o soldado Fernando Ferreira, de 18 anos, recruta e com apenas 3 meses de treinamento, é o sentinela. “Tem alguém tentando invadir o Brasil?”, pergunta um oficial. “Não senhor!”, responde ele.

“Se alguma embarcação ou aeronave entrar no nosso território, eu tento o contato para mandar parar. Se não responder, eu posso atirar. Estou defendendo meu país”, afirma Fernando Ferreira. O trânsito no Oipoque é intenso por causa de garimpos no Rio Sequri, em território francês, que atraíram mais de 20 mil brasileiros. Também há relatos de tráfico de mulheres e crianças entre os dois países.

Na região, as operações para reprimir garimpos e desmatamento são intensas. Para levar comida, remédios e utensílios às tropas que passam dias em mata fechada, o soldado Edvin Benaiu, de 22 anos, foi treinado para pilotar as lanchas e barcos diante das piores adversidades. “Para chegar nos postos de Grand Rochele e Salto do Caxiri, onde alguns dos nossos militares ficam, tem que enfrentar o rio Oiapoque com correnteza e encachoeirado. Para não encalhar, tem que tirar tudo do barco, colocar nas costas, transpor as pedras, e seguir rio acima. É uma aventura”, conta.

O barco a motor leva quatro mil quilos de mantimento e demora até seis dias para chegar nas unidades. Por causa das corredeiras ou quando o rio está cheio, em alguns pontos só é possível navegar com "ubás", barcos indígenas que usam um tronco de madeira único. Embarcações de alumínio não resistem ao choque com as pedras e acabam danificadas.


Sargento Aline Mariette deixou o Rio com o marido para trabalhar na divisa da Amazônia; soldado atua
como sentinela em posto da fronteira do Amapá com Guiana Francesa (Foto: Tahiane Stochero/G1)

“Na Amazônia, a logística é feita de barco para os pelotões de fronteira ou, em grandes quantidades, de avião, onde não tem como chegar via fluvial”, diz o general Villas-Boas.

O Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus, conta com apenas 12 helicópteros para atender as tropas de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. Os veículos são usados apenas para operações. “Não podemos fazer logística com helicóptero, levar mantimentos. O custo é muito caro. Para isso, usamos embarcações”, afirma o general Villas-Boas.

A Estratégia Nacional de Defesa pauta-se por dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres e desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o território"

Trecho da Estratégia Nacional de Defesa

A previsão é de que oito novos helicópteros estejam disponíveis até o fim de 2012. Na Amazônia, a hora de voo de um helicóptero varia entre R$ 11.588,70 (Cougar) e R$ 14.183,65 (Black Hawk). Já a hora de voo de um avião cargueiro como o Hércules, capaz de levar até 18 toneladas de mantimentos para os pelotões de fronteira, custa US$ 7.800 (cerca de R$ 15.800), incluindo manutenção, gasolina e pagamento de pessoal.

Região de disputas

Na fronteira do Pará com a Guiana Francesa e o Suriname, em área de difícil acesso disputada por garimpeiros, o PEF de Tiriós é a única base em mais de 1.300 quilômetros.

A região, vista como um ponto cego pelos militares, preocupa o comando da Amazônia que, em maio, mandou que homens especializados desbravassem a região. Foi a primeira vez que o Exército pisou na tríplice fronteira, inexplorada até então pelos órgãos públicos, segundo o general Villas-Boas.

No PEF do Brasil, a 12 km do Suriname, não há como chegar por estradas nem por rio. A base começou a ser usada pelos militares em 2003, mas a pista de pouso, que permite que os militares recebam mantimentos, só foi construída em 2010.

Ao contrário dos outros PEF, onde os militares passam um ano e moram com as famílias, a falta de infraestrutura faz com que o remanejamento dos soldados seja feito a cada 60 dias. “Uma vez tentamos vir pelo rio Paradoeste, a partir de Belém. Levou 42 dias e perdemos várias embarcações. As hélices das voadeiras batem nas pedras e acabam danificadas”, relembra o tenente Helder Reinaldo, de 23 anos, comandante do pelotão.

Rios amazônicos são perigosos para navegar, com cachoeiras e pedras (Foto: Tahiane Stochero/G1)

O efetivo ideal da unidade seria de 40 homens, mas sempre está defasado (chegou a ter apenas 17). A extensão da área significa que, se fossem espalhados, cada um dos 35 militares seria responsável pela cobertura de 39,5 quilômetros quadrados de fronteira.

Aqui, o papai do céu ajuda muito. Sempre dá um jeito”. Iara Simão, tenente médica

Em maio, quando o vice-presidente, Michel Temer, visitou a unidade, o general Carlos Roberto de Sousa Peixoto aproveitou para pedir socorro. “Chega a ter quatro horas de luz por dia aqui e eu não consigo mandar um gerador mais potente, porque não vem avião com peso sobrando”, desabafou.

Já a tenente médica Iara Simão teve de aprender a atirar e anda sempre acompanhada de seguranças quando atende militares e indígenas na mata. A jovem de 29 anos morava com o marido, agente da Polícia Federal, no Rio de Janeiro. Eles foram transferidos para o Oiapoque no início de 2012.

“Às vezes os militares tem de ser retirados da selva para a base com doenças graves, como leishmaniose, malária, picadas de animais ou outras complicações. O trajeto de barco até nossa base pode demorar até seis horas. A gente faz de tudo para salvá-los. Aqui, o papai do céu ajuda muito. Sempre dá um jeito”, diz Iara.

“Eu e meu marido decidimos vir para cá buscando uma experiência nova, mas não é fácil abrir mão da família, da nossa casa, de restaurantes bons. Aqui, a gente precisa do básico para sobrevier”, acrescenta a oficial.

Setor fluvial no Oiapoque tem barcos de madeira para patrulhar área amazônica (Foto: Tahiane Stochero/G1)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BORDER MANAGEMENT


Information, Integration and Rapid Response

Now in its 2nd year, the Border Management Conference & Technology Expo is the largest growing event for discussions on effective practices and technologies needed to ensure our borders are safe from recent security threats.

What makes IDGA’s Border Management Conference & Technology Expo your must-attend event for 2012?

  • Exposure to the top government agencies and law enforcement officers dedicated to securing our nations’ borders
  • Updated DHS mission priorities and information to support the latest developments in border technologies
  • Discuss the latest implementation strategies and program initiatives to ensure the flexibility and preparedness of agencies working together to battle violent crime on the border
  • Examine the complexity of securing America’s borders on the ground, in the air, and by sea
The Border Management Conference & Technology Expo 2012 event will provide a platform to discuss strategies that enhance operational efficiency and advance border security. You will also have the opportunity to collaborate and network with representatives from the border management community, as well as personnel from various government agencies, local and federal law enforcement, manufacturers/contractors, and technology service providers. Attendees will include thought leaders and decision makers involved in air, land, and maritime border operations.

Main Conference & Focus Day

  • Hear from over 30+ speakers addressing the hottest issues in border management and security
  • 8 specialized presentations on a separate Unmanned Aerial Systems Focus Day
  • Receive an up-to-date overview on 2013 procurement and acquisition strategies
  • Understand current and future requirementsof the Department of Homeland Security
  • Hear strategic plans to contend with border threats

Exhibition and Presentation Theatre
FREE TO ATTEND -

  • Get exclusive access to the latest technologyneeded to secure U.S. ground, air and maritime borders
  • Interact with over 100 vendors and thousands of attendees on the exhibit hall floor
  • Secure a front row seat to 6 educational sessions, 4 keynote presentations and 2 interactive panel discussions in the Exhibit Hall Presentation Theatre
  • Network and build partnerships across government agencies
  • Examine ways industry can help by concentrating on resource needs and gaps

New Discussions that will be Featured at Border Management Conference & Technology Expo 2012:

  • Current and future requirements of U.S. Customs and Border Protection
  • The new Border Patrol strategy: A risk based management approach
  • Riverine operations and major ports of entry
  • Effectively tapping on new technologies and new applications for biometrics
  • Northern border flaws and solutions
  • Coast Guard recapitalization
  • Joint efforts with the goal of securing our nations’ borders
  • Proven border technologies: Mobile Surveillance Systems, Unmanned Aircraft Systems, Thermal Imaging Devices, and Tower-Based Remote Video Surveillance Systems

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CHEGADA DO ESTADO ÀS FRONTEIRAS

G1 BRASIL 14/05/2012 22h42

Operações representam chegada do Estado às fronteiras, diz Temer

Vice-presidente visitou bases e recebeu pedidos de ajuda de índios. Forças Armadas buscam reprimir tráfico, garimpo ilegal e desmatamento.

Tahiane Stochero Do G1, em Boa Vista (a repórter viajou a convite do Exército)

Amorim índios Temer (Foto: Tahiane Stochero/G1) 
Temer e Amorim ouviram pedidos de índios na região
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
 
O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, afirmou nesta segunda-feira (14) em Boa Vista (RR) que as ações que estão sendo realizadas pelas Forças Armadas na fronteira norte do país “representam a chegada do Estado brasileiro” àquela região.

Temer se referiu à Ágata 4, uma megaoperação militar nas divisas do país com Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa com o objetivo de reprimir tráfico de drogas e de armas, garimpo ilegal e desmatamento. Junto com o ministro da Defesa, Celso Amorim, ele visitou nesta tarde o pelotão de fronteira do Exército em Tiriós, na fronteira do Pará com o Suriname, onde recebeu pedidos de auxílio tanto de índios quanto de militares.

Após visitar Tiriós, ao perceber que a única presença pública do governo brasileiro na fronteira se resumia a um pelotão com 40 militares no meio da selva amazônica, ele afirmou: “Estas regiões ficaram sem a presença do Estado ao longo do tempo. Eu vi as ações dos médicos da Aeronáutica, dos hospitais militares nestas regiões. Enquanto não tivermos nem médicos nem dentistas em todas as fronteiras do país, esta (a ação militar) é uma opção extraordinária”, afirmou.

Segundo Temer, após as operações bélicas, o governo federal passou a estudar ações conjuntas com vários órgãos “para ocupar as fronteiras não só com militares, mas por meio das pessoas que já estão vivendo nestas regiões e levar o Estado,com sua a sua infraestrutura, para lá”.

Encontro com índios

No início da tarde, em Tiriós, Temer foi recebido por uma comitiva de índios da tribo Tirió. Segundo o cacique Naxau , eles reivindicavam apoio da FAB para o transporte de alimentos, vestuário e utensílios de higiene que padres de Belém adquiriam e pretendiam doar para a aldeia, que concentra cerca de 2.000 indígenas. “Queremos apoio deles para trazer o material para nossa localidade. Aqui é longe de tudo, não tem como trazer se não for de avião”, afirmou Naxau.

A assessoria de Temer informou que ele recebeu uma pasta com as solicitações, que serão analisadas pelo Ministério da Defesa. Tiriós fica no meio da floresta amazônica, a 12 quilômetros da divisa com o Suriname. Do outro lado da fronteira, a primeira comunidade no país vizinho está localizada a 40 quilômetros da borda, conforme os militares, e se resume a uma pequena comunidade indígena. A presença dos militares em Tiriós começou a ser estabelecida em 1985, buscando reconhecer a mata e consolidar a presença brasileira na região.

Outro que aproveitou a visita do vice-presidente foi o general Carlos Alberto de Sousa Peixoto, comandante militar no Pará e Amapá. Ele quer apoio de uma aeronave de grande porte para levar ao posto de fronteira materiais de construção e equipamentos necessários para a finalização de obras, como uma rede de esgoto e saneamento. “Não é falta de recursos. Temos recursos alocados desde 2010 para a finalização desta obra, mas o que não conseguimos é trazer cimento e os materiais para cá”, explicou o general, salientando a dificuldade de encontrar empresas que aceitem trabalhar na região.

Outro objetivo é a construção de um paiol para guardar as armas e de uma pequena central elétrica para que os 40 militares que ficam no pelotão possam trazer familiares e ter energia 24 horas por dia. “Hoje dependemos de diesel para manter o gerador, e ela não sempre chega rápido”, disse o general.

O pedido sensibilizou Amorim e o comandante da FAB, que fizeram perguntas sobre quais aeronaves poderiam ser usadas para o transporte.

EXÉRCITO EXPLORA ÁREA DE FRONTEIRA ONDE "NUNCA HAVIAM PISADO ANTES"


G1 BRASIL, 24/05/2012

Durante 13 dias, soldados mapearam trecho perto de Suriname e Guiana. Tropa descobriu garimpos, pistas clandestinas, tráfico de animais e trilhas.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo

rio anamu amazonia (Foto: Força 3/Divulgação) 
 Região do rio Anamu, na fronteira do Pará com Suriname e Guiana, foi vasculhada pelos militares
(Foto: Força 3/Divulgação)
 
Militares brasileiros realizaram pela primeira vez o reconhecimento de uma área na fronteira do Brasil com o Suriname e a Guiana considerada até então desconhecida pelos órgãos públicos.

Segundo o general Eduardo Villas Bôas, comandante militar da Amazônia, o levantamento ocorreu devido ao "grande desconhecimento" da região ao norte do Rio Trombetas, no Pará, e na tríplice fronteira.

“É uma área de difícil acesso, com rios cheios de cachoeiras, não navegáveis, grande vazio populacional e mata fechada. Considerávamos uma região de sombra, que nunca havíamos pisado antes, pois não tem como chegar lá por estradas, embarcações ou aeronaves", disse o general ao G1.

Mapa (Foto: Editoria de Arte/G1)
"Por isso, determinei que uma tropa especializada fosse esmiuçar a mata e coletar informações”, acrescentou.

Durante a operação, realizada neste mês, 16 integrantes da Força 3 - unidade formada por Comandos e Forças Especiais (a tropa de elite do Exército) e baseada em Manaus (AM) - ficaram 13 dias na floresta amazônica.

A missão era mapear tribos isoladas, garimpos ilegais, pistas clandestinas e outros crimes transfronteiriços, de acordo com o comandante da Força 3, tenente-coronel André Lúcio Ricardo Couto.

A ação começou a partir do pelotão de fronteira de Tiriós, localizado a 12 km da divisa do Pará com o Suriname. A partir dali, os soldados seguiram de helicóptero até dois pontos fictícios próximos aos rios Curiau e Cafuni, que ingressam no Brasil a partir do Suriname e da Guiana e, no Pará, formam o Rio Trombetas.

As coordenadas exatas não são divulgadas por questões estratégicas, pois nos locais o Exército pretende implantar futuramente novos pelotões de fronteira.

No total, a área percorrida tem 400 quilômetros de extensão na fronteira do Pará com Suriname e Guiana, segundo o coronel André Lúcio. “Em localidades que imagens de satélite e mapas apontavam como sendo habitadas por tribos, não encontramos nada. Também descobrimos pequenas pistas de pouso próximas a terras indígenas, que podem ser usadas por garimpeiros”, disse.

força 3 amazÕnia (Foto: Força 3/Divulgação) 
Militares brasileiros chegam a comunidades indígenase localizam trilhas clandestinas na fronteira com Guiana e Suriname (Foto: Força 3/Divulgação)
 
Ao localizar pequenos grupos de indígenas, os militares desciam de rapel na mata e passavam alguns dias na localidade coletando dados.

Foram descobertos pontos de tráfico ilícito de dois pássaros silvestres - curió e bicudo - e duas trilhas clandestinas que levam brasileiros para o trabalho ilegal em minas do lado surinamês, uma delas cruzando terras indígenas.

Duas aldeias, do outro lado da fronteira, são a porta de entrada para os garimpeiros – uma maior, a cinco dias da linha que separa os dois países, e outra menor, a apenas seis horas de caminhada do Brasil.

Os dados coletados pela tropa serão compilados em um relatório que será repassado para diversos órgãos públicos, como Funai (Fundação nacional do Índio) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que têm interesse em saber o que ocorre na área, informou o general Villas Bôas.

O envio dos militares da Força 3 à área inóspita ocorreu durante a Operação Ágata 4, que reuniu mais de 8,5 mil militares para reprimir crimes nas fronteiras de Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
força 3 amazÕnia (Foto: Força 3/Divulgação) 
Na região de Tiriós, entre Pará e o Suriname, militares realizaram operações em terra e no ar em busca de terras indígenas e crimes na fronteira (Foto: Força 3/Divulgação)

domingo, 12 de agosto de 2012

OPERAÇÃO ÁGATA 5

 
ZERO HORA 12 de agosto de 2012 | N° 17159

Combate a crimes de fronteira


Mais de 9,7 mil abordagens e inspeções em veículos, terrestres e embarcações, 376 revistas em pedestres, apreensão de 150 quilos de explosivos, 34 cartuchos de munição de diferentes calibres, e 10 quilos de maconha, e identificação de 14 cidadãos chineses clandestinos no país. 

Esses são alguns dos resultados da Operação Ágata 5, realizada na fronteira oeste do Estado. Militares da 3ª Divisão de Exército (DE), com sede em Santa Maria, a Divisão Encouraçada, participam da operação. 

O efetivo da 3ª DE, com 300 viaturas, atua em conjunto com outras unidades do Exército, Marinha e Aeronáutica, em 710 quilômetros de faixa de fronteira com a Argentina, e 240 quilômetros com o Uruguai, distribuídos em 303 municípios. 

O objetivo é combater os crimes fronteiriços, ambientais e as ações do crime organizado.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Na inoperância do Sistema de Justiça Criminal entre as Forças Armadas. É uma medida típica de países totalitários que preferem empregar recursos militares das forças armadas aos profissionais de polícia. Estas operações são pontuais, temporais, superficiais e mediáticas que só servem para treinar os militares na função de polícia, aos moldes da ditadura militar. Só concordo com o envolvimento das forças armadas na democracia quando empregada em apoio às forças policiais ou em reforço em locais onde a polícia tem dificuldade em atuar como nas florestas, no ar e no mar. Já está na hora dos governantes deixarem o amadorismo de lado e a propaganda política para pensar estratégicamente o modo de desenvolver o controle, a segurança e a vigilância permanente e rigorosa nas linhas de fronteiras. Defendo a criação da Polícia Nacional de Fronteiras transformando a PRF nesta polícia, deixando as rodovias a cargo das polícias estaduais, resgatando assim o princípio e responsabilidade territorial das Unidades Federativas. Proteger e vigiar as linhas de fronteira são responsabilidades indelegáveis da União e deve ser executada com forças policiais federais e não com forças militares ou forças policiais estaduais. A não ser que existem interesses futuros nada democráticos.

sábado, 11 de agosto de 2012

USO DE AVIÕES-ROBÔS É ABANDONADO







 










REVISTA ÉPOCA 11/08/2012 09h00

Governo federal abandona programa de combate ao tráfico usando aviões-robôs. Equipamentos de projeto no qual já foram gastos R$ 73 milhões estão parados em hangar

HUDSON CORRÊA E LEONARDO SOUZA




O céu estava nublado no aeródromo de São Miguel do Iguaçu, uma pequena cidade paranaense na tríplice fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina. Nada, no entanto, que impedisse o voo inaugural do primeiro Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) da Polícia Federal (PF) naquela manhã de 10 de novembro de 2011. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a PF está subordinada, foi até a pista ver de perto a aeronave capaz de filmar e fotografar a placa de um carro ou o rosto de um traficante de drogas a 9 quilômetros de altura. Em seguida, Cardozo se dirigiu ao auditório improvisado para falar sobre a maior arma anunciada contra o narcotráfico pelo governo da presidente Dilma Rousseff, uma promessa feita na campanha de 2010: a compra de 14 Vants israelenses, por R$ 655 milhões. Ao fundo do palco onde o ministro discursava, havia um pôster gigante com a foto do avião em voo e o título em letras garrafais: “Fase operacional”. Uma frase que não saiu do papel.

Na linguagem policial, operacional quer dizer ação prática. O Vant passaria a fazer missões rotineiras. De acordo com documentos obtidos por ÉPOCA, isso não aconteceu. Depois da festa de inauguração, o avião foi recolhido ao hangar do aeródromo onde fica a base de operação. Os equipamentos foram encaixotados e estão assim até hoje. Uma segunda aeronave já comprada continua em Israel, sem previsão para ser enviada ao Brasil. Não se fala mais em comprar outros 12 aparelhos como foi previsto no início e alardeado com pompa. Brigas internas na PF e o descaso do Palácio do Planalto ameaçam abater, ainda em solo, o projeto no qual o governo já gastou R$ 73 milhões. O valor inclui os dois aviões e o material necessário (antenas e computadores) para mantê-los no ar.

Operado por um piloto em terra, que digita os comandos no computador das estações, o avião pode voar por 37 horas ininterruptas a uma distância de até 4.000 quilômetros, enviando imagens on-line para a base sobre as atividades de narcotráfico nas fronteiras brasileiras. Com a varredura, seria possível saber onde os criminosos se escondem, para onde enviam drogas e, principalmente, vigiar seus passos e prendê-los. O combate na fronteira boliviana tem um caráter especialmente crucial para os brasileiros. Pelo menos 54% da cocaína que chega ao Brasil vem do país andino. Boa parte se transforma no crack que assombra nossas metrópoles.

A previsão era instalar quatro bases. Além de São Miguel do Iguaçu, outras três funcionariam em Brasília, no Distrito Federal, Vilhema, em Rondônia, e Manaus, no Amazonas. Em junho, a Procuradoria da República no Paraná começou a receber informações de que não havia mais decolagens na primeira estação inaugurada por Cardozo. Os procuradores descobriram que o Vant estava parado. Como o projeto não decolou, a Procuradoria entrou na Justiça para o governo aumentar o número de policiais. O pedido foi rejeitado pela Justiça Federal.

O Brasil tem 11.600 quilômetros de fronteiras com Colômbia, Peru, Bolívia (países produtores de cocaína) e Paraguai (fornecedor de maconha). Para cobrir toda essa extensão, a PF conta nessas regiões com apenas 14 delegacias e 826 policiais. A relação é de um agente para cada 16 quilômetros e de um delegado por 100, segundo o cálculo do Tribunal de Contas da União (TCU) num relatório recente de avaliação da política de combate ao narcotráfico. O TCU recomendou ao governo contratar por meio de concursos mais 3 mil policiais. E destacou o projeto do Vant como o avanço mais significativo diante da falta de pessoal.

Um relatório da PF, de março deste ano, mostra que essa vantagem é desperdiçada. Durante 2011, o projeto do Vant contou com um orçamento de R$ 70 milhões. Isso permitiria a compra de equipamentos e combustível, além de treinamento de pilotos. O documento da PF diz que, “por problemas técnicos”, apenas R$ 6,3 milhões foram efetivamente gastos.

Se não é por falta de dinheiro, por que o Vant não sai do chão? O presidente da Associação dos Delegados Federais, Marcos Leôncio, afirma que a PF está sem contrato de manutenção da aeronave, o que impede a decolagem. “Também existe uma dúvida do governo sobre se o Vant fica com a PF ou será entregue à Aeronáutica”, diz Leôncio. Essa alternativa poderia criar um conflito com Israel, porque o equipamento foi vendido exclusivamente para a atividade policial, e não militar. A PF chegou a divulgar, no dia do voo inaugural, que era a primeira polícia do mundo a usar o Vant para esse fim.

A origem do imbróglio está em divergências na cúpula da PF desencadeadas em 2011. Em janeiro daquele ano, a direção-geral da PF mudou de mãos, passando ao delegado Leandro Coimbra. Ele assumiu o posto no lugar de seu colega de profissão Luiz Fernando Corrêa, que defendia para Dilma o emprego dos aviões-robôs. Na gestão de Coimbra, contratos foram interrompidos. A mesma empresa que forneceu os aviões, a Israel Aerospace Industries, treinaria uma congênere brasileira para cuidar da manutenção do programa no futuro. O argumento usado pela área de logística para suspender esse contrato foi um processo aberto pelo TCU para apurar acusações de irregularidades nos pagamentos à empresa israelense. O Tribunal investiga a despesa de R$ 24,6 milhões para o treinamento de 13 pilotos (R$ 1,9 milhão por cabeça). O processo ainda não foi concluído. Ele não significa o fracasso do projeto. A PF diz que prepara um novo contrato de manutenção e que receberá o segundo Vant ainda neste ano. Somente então vai avaliar se compra as outras 12 aeronaves inicialmente previstas.

A tecnologia de ponta dos aviões é uma arma para combater um novo esquema montado pelo narcotráfico nas fronteiras. Em outubro do ano passado, ÉPOCA revelou que os novos barões da droga terceirizaram parte das etapas, como refino, transporte e comércio dos entorpecentes. Eles passaram a atuar também nos países vizinhos. Grandes carregamentos de cocaína e de pasta-base de coca, matéria-prima do crack, são lançados de aviões em fazendas no lado brasileiro.

Nas fronteiras com Colômbia, Peru e Bolívia, policiais federais se veem diante de uma luta de guerrilha. No fim de 2010, dois agentes federais morreram baleados no Rio Solimões, a 240 quilômetros de Manaus, quando interceptaram uma lancha que transportava cocaína. Uma das principais funções do Vant é passar informações aos homens em terra, adiantando a posição do inimigo durante uma situação de confronto. Para os policiais na linha de frente contra traficantes fortemente armados, os veículos não tripulados podem representar uma proteção a sua vida.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MILITARES APREENDEM DROGAS E TONELADAS DE EXPLOSIVOS NA FRONTEIRA

CORREIO DO POVO PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 9 DE AGOSTO DE 2012

Militares apreendem 11,7 t de explosivos. Operação Ágata recolheu ainda 300 quilos de maconha e 11 veículos



Autoridades apresentaram resultados da ação na Capital
Crédito: pedro revillion


A Operação Ágata 5, realizada na fronteira brasileira, já apreendeu 11,7 toneladas de explosivos, 300 quilos de maconha e 11 veículos.

A ação envolve 17 mil militares e policiais e ocorre ao longo dos 3,9 mil quilômetros de fronteiras entre o Chuí (RS) e Corumbá (MS). Somente no Rio Grande do Sul, os militares já recolheram 300 quilos de explosivos sem procedência entre Santa Rosa e Frederico Westphalen. Os dados da operação foram apresentados ontem, na sede do quartel-general do Comando Militar do Sul (CMS), pelo general de Exército Enzo Martins Peri e pelo comandante do CMS, general Carlos Bolivar Goellner.

A fiscalização dos militares é realizada em barcos, veículos, caminhões e aviões na região de Fronteira do Brasil com a Bolívia, o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. "A ação tem o objetivo de intensificar a presença de policiais nas áreas da fronteira", disse Goellner. Em dois dias de operação, ocorreram 8.966 inspeções e revistas, 11 vistorias em aeronaves e pilotos, 40 inspeções a embarcações, com quatro pessoas notificadas, e 54 patrulhas de reconhecimento naval, terrestre e aéreo, além da fiscalização de 50 produtos controlados. Foram realizadas seis operações de busca e apreensão e instalados 140 pontos de bloqueio do tráfego rodoviário e fluvial. Além disso, já foram apreendidos 9 mil metros de cordel detonante, 315 espoletas, seis unidades de armamento em geral e 86 volumes de material irregular.

De acordo com Peri, o principal objetivo da operação é intensificar a presença do Brasil na faixa de fronteira. "A ideia é reduzir a incidência dos crimes ambientais e as ações do crime organizado durante o período da operação", acrescenta o general de Exército. A ação, que conta também com a interceptação de aeronaves suspeitas, segue até o dia 20 de agosto.

OPERAÇÃO ÁGATA V - MAIS DE DUAS MIL ABORDAGENS NA FRONTEIRA


AGENCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS - 07/08/2012 19:00

Segurança. Operação Ágata faz mais de 2 mil abordagens na região de fronteira

Quarenta homens e 14 viaturas da Polícia Militar do Paraná, com apoio de um helicóptero do Graer (Grupamento Aeropolicial de Resgate Aéreo), participam desde segunda-feira da Operação Ágata 5, que o Ministério da Defesa realiza na região de fronteira do Brasil com a Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. O objetivo da operação, que envolve cerca de 10 mil militares e civis, é fiscalizar e reprimir crimes. No primeiro dia, a PM abordou e revistou 2088 pessoas e 763 veículos.

A operação integrada abrange uma área de quase 3,9 mil quilômetros, ao longo de toda a linha de fronteira que se estende desde o Chuí, no extremo sul do País, até o município de Corumbá, no Mato Grosso.

No Paraná, as ações integradas com o Exército, Marinha e Aeronáutica, serão realizadas em 83 municípios da região Oeste do Estado. A operação conta com cinco bases de apoio localizadas no Batalhão de Fronteira de Marechal Cândido Rondon (02), no 14° Batalhão de Foz do Iguaçu, no 19° Batalhão de Santa Helena e no 21° Batalhão de Francisco Beltrão. “Dessas bases partirão as ações de abordagem, identificação e fiscalização de material ilícito”, disse o major Erich Osternack, comandante do 1° Batalhão de Fronteira.

O coronel Celso Luiz Borges Júnior, responsável pelo 5° Comando Regional da Polícia Militar e pelo planejamento da participação do efetivo da PM na operação, afirmou que todos os bloqueios e abordagens terão a presença de policiais militares. “A partir do momento que começamos a trabalhar de forma integrada conseguimos encontrar soluções com maior facilidade, dando a resposta que a comunidade quer de forma mais rápida e eficiente” afirmou.

ESTRUTURA – Somente no Batalhão de Fronteira foram formados dois grupamentos, com quatro viaturas e 16 policiais que atuarão na Operação Ágata. O major Erick destacou que as barreiras e bloqueios que estão sendo realizados têm caráter preventivo, pois a simples presença da força ofensiva na região já coíbe ações ilícitas.

O tenente-coronel Walter Henrique Amaral de Deus, do 33º Batalhão de Infantaria do Exército, situado em Cascavel, afirmou que é de extrema importância a participação dos efetivos locais nas operações. “O Paraná é o Estado onde temos o maior apoio das forças policiais e órgãos de fiscalização. Isso produz efeitos imediatos na redução da sensação de insegurança e no acesso facilitado dos efetivos às comunidades”, afirmou.

A Operação Ágata 5 acontece sob a coordenação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), com participação de efetivos da Marinha, Exército e Aeronáutica, oito ministérios, 20 agências reguladoras e entidades federais, estaduais e municipais. As ações fazem parte do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), lançado em junho de 2011 pelo governo federal, e vão abranger toda a fronteira do estado do Paraná e municípios das regiões Oeste, Sudeste e Noroeste.

O objetivo principal da operação deflagrada pelo Ministério da Defesa é intensificar a fiscalização em toda a região de fronteira. Segundo o tenente-coronel Élcio Rodrigues da Silva Júnior, chefe do Estado Maior da 15ª Brigada de Infantaria do Exército, em Cascavel, somente no Paraná serão utilizados os efetivos de nove quartéis com mais de 1,1 mil soldados, cem viaturas e seis embarcações.

Além das ações focadas na apreensão de explosivos, a Operação vai atuar no bloqueio de rodovias, no patrulhamento de rios e riachos e em todo o espaço aéreo da região. A intenção é reduzir a incidência do tráfico de drogas e armas e do contrabando de animais e produtos importados. A previsão é de que as operações sejam realizadas durante um período de sessenta dias.

OPERAÇÃO ÁGATA - A quinta edição da Operação retoma a série de ações de caráter pontual que as Forças Armadas têm empreendido ao longo dos 16.880 quilômetros de fronteira com os 10 países sul-americanos. Iniciado em junho, o planejamento da operação militar exigiu uma série de reuniões para detalhar os locais que contarão com a fiscalização mais efetiva. Por isso o Ministério da Defesa optou pelo patrulhamento na região de fronteira dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

O plano envolve a coordenação das Forças Armadas em dois setores: Comando Militar do Sul (CMS), com sede em Porto Alegre (RS), e Comando Militar do Oeste (CMO), sediado em Campo Grande (MS). Participam também das operações as polícias Federal, Rodoviária Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Receita Federal, Instituto Chico Mendes (ICMBio), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional do Petróleo (ANP), IBAMA e órgãos de fiscalização dos quatro estados onde acontecem as operações.

AÇÕES CÍVICAS - Além do combate aos crimes na área de fronteira, as Forças Armadas, com o apoio de organismos dos governos federal, estaduais e municipais, vão desenvolver ações cívico-sociais. Conhecidas como Aciso, elas abrangem a atuação de médicos e profissionais de saúde dedicados ao atendimento de populações carentes e o fornecimento de medicamentos aos moradores das cidades vizinhas.

A Operação deve ser concluída na segunda quinzena de agosto, com a desmobilização dos setores envolvidos na fiscalização. Em seguida, conforme prevê o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), o Ministério da Justiça entra com a Operação Sentinela, que também tem por finalidade seguir no combate aos crimes nas fronteiras dos países sul-americanos.

APREENDIDOS 300 KG DE EXPLOSIVOS NO RS

ZERO HORA 09 de agosto de 2012 | N° 17156

FRONTEIRA CERCADA
Apreendidos 300 quilos de explosivos no Estado. Exército aposta em trabalho de inteligência para evitar ataques a banco

MATHEUS PIOVESAN

Em meio a uma nova onda de ataques com explosivos a caixas eletrônicos e agências bancárias no Estado, uma operação conjunta de forças militares e civis na fronteira apreendeu 300 quilos de artefatos explosivos de procedência desconhecida no norte e noroeste do Estado, nos dois primeiros dias de ação. As apreensões ocorreram entre os municípios de Frederico Westphalen e Santa Rosa.

A ação teve início no último dia 6 e abrange outros três Estados (Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul). Deflagrada pelo Ministério da Defesa, a operação Ágata 5 faz uma investida contra os crimes de tráfico internacional de drogas, contrabando e uso indevido de explosivos. Entre o material recolhido no trecho de 3,8 mil quilômetros, entre Chuí e Corumbá (MS), estão 12 toneladas de explosivos, 11 veículos e 300 quilos de maconha. A fiscalização é feita em carros, caminhões, barcos e aviões na região de fronteira com Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia.

O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul, afirmou que as apreensões de explosivos ocorreram porque os artefatos não apresentavam procedência.

– O explosivo tem que estar regularizado, tem que estar em depósito padronizado, com segurança, e precisa ter um destino, o que não ocorreu – disse.

Desde a semana passada, dois ataques a bancos em São Francisco de Paula, na Serra, e em Feliz, no Vale do Caí, elevaram o número de assaltos com uso de explosivos no Rio Grande do Sul, neste ano, a um patamar superior ao total de 2011. São 12 ações do gênero entre janeiro e agosto, contra 10 do ano passado e oito de 2010. A estratégia do Exército é apostar em trabalho de inteligência para evitar novos ataques.


ENTREVISTA. “Essas ações combaterão atos criminosos”- General Enzo Peri - Comandante do Exército

Comandante do Exército, o general Enzo Peri conversou com ZH. Confira:

Zero Hora – Qual é a maior ameaça nas fronteiras brasileiras?

Enzo Peri – A nossa preocupação em operações na faixa de fronteira é o combate ao crime organizado. Buscamos combater os atos ilícitos transfronteiriços, que é a grande finalidade destas operações.

ZH – Qual é a importância dessas operações constantes na fronteira no Brasil?

Neri – A importância é a presença do Estado na fronteira e a sinergia entre as Forças Armadas com agentes federais, estaduais e municipais.

ZH – Nos primeiros sete meses deste ano, o número de ataques a bancos superou o de 2011. Como esta quantidade de explosivos encontrados no norte do RS podem impactar no combate ao crime?

Neri – As operações Ágata são pontuais, não permanentes, como é a Sentinela, sob a tutela do Ministério da Justiça com apoio do Ministério da Defesa. O trabalho de inteligência será mais importante a partir de agora, com a identificação do destino desses explosivos apreendidos. Essas ações é que vão combater e minimizar futuros atos criminosos em todo Brasil.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Gen, Enzo tem toda razão em afirmar que  a maior ameaça nas fronteiras brasileiras é o crime organizado, e deve saber que "ações pontuais, não permanentes," como as Operações Ágata não garantem o combate e nem vão "minimizar futuros atos criminosos em todo Brasil." As Forças Armadas não vão permanecer nas fronteiras nas 24 horas por dia. 

O que se pode aprender com estas operações é que o Brasil precisa de uma polícia nacional de fronteiras para atuar de forma permanente ao longo das fronteiras tendo suporte das Forças Armadas e apoio em força, inteligência e experiência da Polícia Federal. 

Basta de amadorismo político que despreza a técnica policial para priorizar operacionais pontuais e midiáticas nas fronteiras do Brasil desvalorizando o pensamento estratégico e sucateando seus aparatos policiais.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

FFAA EXERCENDO PODER DE POLÍCIA NA FRONTEIRA

 
ZERO HORA 07 de agosto de 2012 | N° 17154
 
SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI


EXERCENDO PODER DE POLICIA


Com suas dimensões continentais, o Brasil é poroso a todo o tipo de ameaça externa, incluindo infiltração criminosa. Contrabandistas, traficantes de drogas e pessoas e até guerrilhas estrangeiras, vez que outra, adentram território nacional para obter aqui refúgio ou formar bases de atuação. É contra tudo isso que as Forças Armadas estabeleceram as operações Ágata, agora na sua quinta edição, em parceria com a Polícia Federal.

Aprovada em agosto de 2010, a Lei Complementar 136 deixa explícito que integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica podem fazer patrulhamento, revistar pessoas, veículos, embarcações e aeronaves, assim como fazer prisões em flagrante sempre que não houver policiais presentes. É o chamado poder de polícia. Serviço não falta. A área de fronteira terrestre, segundo a Constituição, equivale a uma faixa de 150 quilômetros de largura.

O Exército até já fazia suas prisões em flagrante, vez que outra. Há dois anos, via Lei Complementar 136, marinheiros e integrantes da Força Aérea ganharam autorização do governo para exercer o mesmo papel. A realidade é que sempre puderam fazer isso – aliás, qualquer cidadão pode prender alguém em flagrante – mas evitavam, por temor de impopularidade. Prisões poderiam ressuscitar lembranças das duas décadas de ditadura militar vivenciadas pelo Brasil até 1964. Pois parece que a população apoia a ação, como apoia qualquer iniciativa contra o crime organizado. Bem-vindas sejam, então, as operações Ágata.


A NOTÍCIA

ZERO HORA 07 de agosto de 2012 | N° 17154

REFORÇO CONTRA O CRIME. Tropa cerca fronteiras no RS

Operação Ágata mobiliza mais de 5 mil homens no Estado no combate ao tráfico, contrabando e uso indevido de explosivos


A fiscalização nas fronteiras entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul com países vizinhos ganha nos próximos dias o reforço de 9,8 mil homens. Deflagrada ontem pelo Ministério da Defesa, a Operação Ágata faz uma investida contra os principais crimes nessa área do território: tráfico internacional de drogas, contrabando e uso indevido de explosivos.

No Estado, a operação ocorre em 20 municípios e mobiliza cerca de 5 mil homens, entre militares e civis. Durante o primeiro dia de atividade, o número mais expressivo de apreensões ocorreu no norte do Estado. Entre a madrugada e o final da manhã, 150 quilos de dinamite foram apreendidos – cem deles em uma única pedreira de Ametista do Sul, com prazo de validade vencido.

Segundo o general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul, as apreensões são importantes, no entanto, este não é o foco da operação.

– A missão principal é a presença do Estado nas áreas de fronteira, integrando as Forças Armadas às mais de 30 agências reguladoras que participam da operação – explica.

Embora receba o maior contingente, o Estado não é o campeão em crimes. Segundo o comandante, as áreas mais críticas ficam no Paraná e em Mato Grosso do Sul.

– O Rio Grande do Sul tem um número maior de pessoas na fiscalização porque tem um efetivo de militares superior ao de outros Estados – afirma.

Em Aceguá, na fronteira com o Uruguai, 230 militares montam barreiras na rodovia Bagé-Aceguá (BR-153) desde ontem. O foco principal são mercadorias compradas em free-shops do lado uruguaio e a entrada de agrotóxicos e medicamentos veterinários clandestinos.

A operação ocorre pela segunda vez em solo gaúcho e faz parte do Plano Estratégico de Fronteiras, criado em 2011. O objetivo é fiscalizar e reprimir crimes nos 16.880 quilômetros de fronteira do Brasil com 10 países.


ROBERTO WITTER | Bagé
 
 
Atenção aos explosivos

A neblina ainda encobria Frederico Westphalen quando mais de 850 soldados e oficiais do Exército, com apoio da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, iniciaram o cumprimento de mandados de busca e apreensão em depósitos de explosivos.

Alvo frequente de furtos e desvios de material – que mais tarde é usado para arrombar caixas eletrônicos e cofres de bancos –, a Região Norte chamou a atenção. Pedreiras, locais usados para mineração e paióis de armazenamento de explosivos em Frederico Westphalen, Ametista do Sul e Planalto foram vistoriados.

A preocupação é com os desvios que ocorrem de depósitos autorizados. Todo material liberado tem código de barras e pode ter a origem rastreada, mas isso não facilita as investigações de assaltos e explosões a caixas eletrônicos. É que depois de detonado, não há como ligar o explosivo ao ponto de onde foi furtado ou desviado.

MARIELISE FERREIRA | Frederico Westphalen
 
 
Os efetivos
- Marinha 800
- Exército 7.500
- Força Aérea 600
- Agências Reguladoras 800
- Total 9,8 mil